Finalmente Rui Vitória levou o Ferrari ao mecânico e o diagnóstico foi drástico: o Benfica precisava de reajustes mais profundos do que meras trocas de nomes nas posições. É hoje percetível que os resquícios táticos da era Jorge Jesus, que a seu tempo Rui Vitória aproveitou e bem, acusaram forte desgaste. O modelo predileto das últimas épocas tende a criar grande volume ofensivo, deixando, por outro lado, as linhas defensivas demasiado expostas contra equipas que consigam superar a primeira linha de pressão.

Numa fase da época em que a fragilidade defensiva se apresentava como o grande pecado capital do Glorioso – mais um suspiro à custa de Basileia – mexer na casa das máquinas da equipa, introduzindo um upgrade por forma a combater o momento de forma errático de Fejsa e principalmente Pizzi, foi a decisão mais razoável. O primeiro ensaio positivo remonta a Old Trafford, reduto do Man United, sendo que apesar de novo desaire europeu o Benfica acabou por praticar os melhores vinte minutos da época. Todavia, apresentar um meio-campo a três em contexto europeu não foi novidade com Rui Vitória; aliás, em grande parte dos jogos nesse contexto tornou-se até previsível, face à procura de equilíbrio contra adversários com outra envergadura. É aí que chegamos a Guimarães e ao embate com o nunca dócil (e bem!) Vitória Sport Clube. É precisamente aí que entra a vitamina K: o talento, inteligência e a criatividade de um jogador como Krovinovic. O croata vale o bilhete e pode muito bem dar à equipa um plus qualitativo que faça a diferença na restante época. É claro que nem tudo se explica com Krovinovic, pese embora, e recordo, que inexplicável só mesmo a sua não inclusão na listagem para a Liga dos Campeões.

Outro mito que finalmente pode ter caído por terra é o de que Jonas não pode, de forma alguma, jogar sozinho na frente de ataque. Ora bem, o que todos sabemos é que Jonas tornou-se de longe o melhor finalizador do Benfica. Mais, Jonas é o melhor jogador do plantel e talvez o melhor do campeonato. Dito isto, o brasileiro será sempre parte da solução para a luta na procura do vistoso penta.

Menções honrosas para o ressurgimento de Samaris, para infelicidade do patinho feio ferido na asa Filipe Augusto, bem como para Pizzi. Sinto enorme dificuldade em aceitar a ingratidão de inúmeros benfiquistas que não têm sido justos com outro grande benfiquista que, por sorte e talento, defende o Manto Sagrado nos relvados.

Dedico a rubrica “O Benfica manda nisto tudo” ao amor. Dizem as más-línguas que a relação entre Sporting Clube de Portugal e Futebol Clube do Porto já teve melhores dias, tudo porque até Nuno Saraiva começa a concordar que o defesa portista Filipe goza de especial estatuto junto da arbitragem. O jogo frente ao Belenenses foi só mais um bom exemplo, não esquecendo o violento pisão “à Eliseu” frente ao Leixões. No final do dia não me parece que haja motivo para alarme. Afinal, o que o Sport Lisboa e Benfica une nenhum arrufo separa.

Autor: Jaime da Silva Moreira

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