Em dia e horário atípico, o país que ama o futebol como poucos voltou a centrar atenções no grande derby da cidade de Lisboa. O clássico da capital.
Foram raras as vezes que no passado recente as expetativas dos adeptos benfiquistas estavam tão baixas. Alguns previam mesmo a hecatombe final. O canto do cisne numa periclitante época ensombrada por exibições que trouxeram à memória outro Benfica. O pior Benfica. No entanto, a espetacularidade do futebol está intimamente ligada à incerteza do resultado final, e mesmo não acreditando no velho bluff de que muitas vezes a equipa que está pior acaba por ganhar, o encontro entre os eternos rivais lisboetas foi uma das maiores surpresas da época até ao momento. Em suma, um amasso. “Um massacre” citando Krovimodric. Os homens de Rui Vitória resistiram ao golo sofrido num lance de algum infortúnio e comeram a relva, provando, em campo, que estão vivos para o que resta da perseguição ao penta. Caso para dizer que a segunda parte do Sporting foi deveras confrangedora, colocando-a ao nível de um qualquer outro visitante sem argumentos para discutir o jogo. O resultado, esse, teimou em não dar justiça ao futebol praticado pelo Benfica, mas o tónico de confiança pelo apoio em uníssono vindo das bancadas chegou no melhor momento.
Rui Vitória, por sua vez, consegue finalmente começar a implementar e solidificar uma tática mais à sua imagem e em concordância com a sua carreira até conduzir o Ferrari encarnado. Todavia, a cereja no topo do bolo veio não pela exibição no derby, nem mesmo pela vitória com personalidade em Moreira de Cónegos; O insulto despropositado de Sérgio Conceição – que entretanto já admitiu esse mesmo despropósito – conseguiu voltar a unir a família benfiquista em torno do já contestado Rui Vitória, muito à imagem do que aconteceu aquando da desconsideração de Jorge Jesus há duas épocas. Definitivamente o ribatejano parece ter sete vidas e a família benfiquista não está disposta a aceitar que “outros” maltratem o internamente tão crucificado timoneiro da Luz.
Rubrica “O Benfica manda nisto tudo”: tantas foram as tentativas de colar Fábio Veríssimo, ou Padre VARíssimo, ao emblema encarnado, muito a reboque do caso dos emails, que não deixa de ser irónico que tenha sido o roupeiro do Futebol Clube do Porto a descredibilizar a teoria da conspiração, acusando o árbitro de ser “sportinguista doente” no final do jogo frente ao Feirense.
Autor: Jaime da Silva Moreira