Fruta, corruptos, Carolina Salgado. Pronto, dediquei estas quatro palavras para aqueles que não atribuem mérito às conquistas de Pinto da Costa. E bem sei que não são assim tão poucos como pode aparentar. Para aqueles que não têm capacidade para raciocinar, o melhor é ficarem por aqui. Para aqueles que têm dois dedos de testa e sabem avaliar condignamente o percurso de um dirigente, façam o favor de continuar a ler.
Feito o ponto prévio, podemos passar à frente. Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa é o melhor dirigente desportivo de todos em tempos em Portugal. E estou a ser humilde na adjectivação. Se pensarmos num sentido lato, estendendo a reflexão a outras actividades e a outras épocas, não consigo encontrar outra personalidade que em 30 anos de exercício de uma função tenha sido tão bem sucedido e que tenha um reconhecimento tão amplo. Se conhecer alguma, caro leitor, diga e exponha a argumentação.
Foram trinta anos de governação com altos e baixo, obviamente. Não me atrevo a dizer que tudo foram rosas para o meu clube, mas a revolução que Pinto da Costa orquestrou nas hostes do clube do Dragão só merecem a minha vénia. No antes Pinto da Costa, rezam as crónicas que o clube mais representativo do Norte passava despercebido no panorama nacional. A rivalidade pertencia aos clubes de Lisboa, que digladiavam pelo estatuto de maior e melhor de Portugal. Bem sei que neste tempo deambulavam pelos campos nomes como Inocêncio Calabote e outros que tais, no entanto, não pretendo entrar neste tipo de matérias com tão pouca substância e que tendem a tolher o nosso discernimento.
Em vez de entrar nestes assuntos que cheiram já a bafio, prefiro enaltecer a mudança de paradigma que Pinto da Costa introduziu no futebol, no desporto e no próprio país. Ele tornou um clube que ganhava pouco num clube hegemónico que não sabe fazer outra coisa que não ganhar consecutivamente. Mudou o desporto devido à argúcia que o ajudou a implementar uma estratégia eficaz numa instituição sem um cunho vencedor. Mudou o país porque difundiu no Futebol Clube do Porto a imagem de um Norte hostilizado e esquecido, capaz de ser visto fora de portas como um exemplo sem precedentes.
Pinto da Costa ganhou tudo o que havia para ganhar. Pessoalmente, tive a felicidade de constatar milhentas vitórias nacionais, europeias e mundiais: eu recordo-me do Porto tetra e pentacampeão; eu recordo-me do Porto vencedor da Liga dos Campeões; eu recordo-me do Porto levantar por duas vezes o segundo troféu europeu mais importante; eu recordo-me do Porto ser campeão do Mundo em circunstâncias inauditas. E, meus amigos, não há absolutamente nada que apague as sensações que vivi, as angústias por que passei, as rouquidões que sofri, o contentamento incontrolável que se abateu sobre mim a cada vitória significativa. E o meu presidente não se ficou pelo futebol; reabilitou as modalidades amadoras, é neste momento campeão em todas elas e caminha a passos largos para repetir a façanha. São dezenas e dezenas e dezenas de títulos desde o boxe, passando pela natação e acabando nas modalidades mais vistosas, como o hóquei, basquetebol ou andebol.
Muito fica por dizer, mas o essencial que pretendo transmitir ficou bem patente. Quero deixar aqui de forma inequívoca o meu apreço por estas três décadas de vitórias intermináveis e, principalmente, pelos últimos quinze anos, que são aqueles que guardo na memória com maior ou menos nitidez. É por causa disto, por este sede infinita de glória, por esta insistência em ser o melhor, pelo nascimento e propagação da marca Porto que os adeptos portistas estarão eternamente gratos e os rivais eternamente enciumados à espera que Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa caia da cadeira. Venham mais trinta anos deste calibre!
Nota 1: Há uns dias, o jornal Record apresentou um gráfico a propósito dos títulos que Pinto da Costa conquistou no futebol. O autor da infografia cometeu a proeza de considerar que o Porto ganhou uma Taça Intercontinental e que empatou uma outra. Empatar numa Taça Intercontinental, um troféu que ou se ganha ou se perde? Ganhar nos penalties não vale uma vitória? Enfim…
Nota 2: Como é meu apanágio, fiz um zapping pelos canais televisivos e quedei pela Benfica TV à procura de algo que animasse a minha noite sonolenta. E não é que num ápice fiquei desperto? O comentarista António Rola (sim, o ex-árbitro) teve o desplante de afirmar convictamente e sem se rir que neste momento a Taça da Liga é um troféu mais prestigiante do que a Taça de Portugal. Acrescente-se ainda que nenhum dos outros interlocutores que o acompanhavam teve a ousadia de contrariar, mesmo ao de leve, este devaneio encarnado. E depois é vê-los com cara de cachorrinhos abandonados a clamar por credibilidade…
Nota 3: Radamel Falcao já ultrapassou a fasquia dos trinta golos pelo Atlético de Madrid nesta temporada. Mais: Em duas épocas, contabiliza já 28 golos nas provas europeias. Se este não é o melhor ponta-de-lança da actualidade, não estou a ver quem possa reclamar este epíteto…