Escrito por: João Pereira
Como não poderia deixar de ser, o assunto desta crónica é o Clássico do passado Domingo. Foi um jogo intenso nos primeiros vinte minutos e bastante táctico nos minutos restantes. Mas já lá vamos.
Em primeiro lugar quero realçar que, apesar do esforço de Vítor Pereira na conferência de imprensa pré-jogo, ninguém por parte do Benfica deu troco, nem respondeu à letra, não dando, assim, argumentos para que este pudesse espicaçar os seus jogadores, aumentando-lhes, assim, ainda mais a motivação e as “ganas” para encarar o Clássico. Já era altura do Benfica aprender a ignorar certas coisas e parece que finalmente isso aconteceu.
Passando agora ao jogo em concreto, várias coisas há a dizer. O ritmo frenético em que se disputaram aqueles primeiros 20 minutos foram, sem dúvida, uma delícia para quem gosta de futebol. Vontade, intensidade, garra e futebol aberto foram a tónica do início do Clássico, chegando-se, nesse período, a um fantástico resultado de 2-2, que viria a ser o resultado final da partida. O Benfica teve força anímica para recuperar duas vezes de uma desvantagem e não esmoreceu com a vantagem portista, coisa que costuma acontecer nestes jogos. Foram 20 minutos emotivos, com bastantes erros individuais e colectivos. O maior dos erros foi o de Artur, no segundo golo do Porto, mas já o primeiro golo do Porto e, posteriormente, o segundo do Benfica resultaram de erros. O golo de Matic foi uma verdadeira obra de arte, um pontapé sem hipóteses para Helton. O resto do jogo foi bastante táctico, fechado e as oportunidades foram poucas, cabendo ao nosso Tacuara a grande e única oportunidade para desfazer o empate. Quando já todos viam a bola dentro da baliza, Helton estica-se e faz uma defesa fantástica. É certo que Cardozo se poderia ter chegado mais perto da baliza ou mesmo rematar para o outro lado, mas o que é facto é que Helton, infelizmente, foi gigante na baliza. E lá ficamos a lamentar esta oportunidade de ouro que, provavelmente, decidiria o jogo a nosso favor.
No entanto, apesar das poucas oportunidades e do aparente equilíbrio de forças acho que JJ não esteve bem a armar a equipa. Um Porto na sua táctica normal, com 3 elementos no meio-campo, já se superiorizaria ao nosso, que tem apenas 2 unidades. O problema é que o Porto apresentou 4 elementos de meio-campo, face à ausência de James. Por isso, sem surpresa, o Porto controlou a posse de bola e conseguiu bloquear a intensidade ofensiva que o Benfica normalmente apresenta. Exigia-se um meio-campo mais preenchido, para controlarmos a posse de bola e não jogarmos apenas em transições rápidas, à mercê da inspiração individual de algum elemento. Se é um facto que o Porto não criou muito perigo para além dos golos, também é um facto que o Benfica não criou e, para além disso, notou-se que, contra uma equipa mais forte e pressionante, a táctica de 4-4-2, normalmente utilizada, se torna infrutífera e desadequada.
Em termos individuais por parte do Benfica, quero destacar Matic, que foi um verdadeiro monstro no meio-campo. Recuperou bolas, lançou ataques e lutou quase sozinho contra o forte meio-campo portista. Matic é só um, mas Domingo pareceu multiplicar-se, fantástico! Nota também para Jardel, que esteve muito bem, mostrando, mais uma vez, que é uma alternativa segura a Luisão. Maxi provou que precisa de banco e Artur não deve deixar que aquela falha o afecte para o resto do campeoanato.
Em suma, foi um óptimo jogo, mostrando que estavam frente a frente as duas melhores equipas portuguesas. Sem dúvida que o Benfica poderia ter dado mais, pois tem qualidade para isso, mas a táctica apresentada facilitou a vida ao adversário. O Benfica jogava em casa e a vitória era o mais desejado. Apesar do empate não comprometer nada, a vitória dava outro conforto, pois, se o equilíbrio se mantiver, o Benfica irá ao Dragão na penúltima jornada, num jogo que poderá ser decisivo para o desfecho do campeonato.
Não fugindo ao assunto da arbitragem, é um facto que o árbitro esteve mal e que a sua nomeação não foi a mais indicada. Nunca se entendeu bem o seu critério na amostragem de cartões. Se é certo que Maxi e Matic poderiam muito bem ter sido expulsos, também não é menos verdade que João Moutinho apenas levou o primeiro amarelo aos 80 minutos (que poderia muito bem ter sido o segundo) e Fernando e Lucho cometeram a proeza de terminarem o jogo sem serem admoestados. Se é verdade que o árbitro assistente do lado dos bancos tirou mal foras-de-jogo a jogadores do Porto na primeira parte, também assinalou mal um a Aimar na segunda parte, num cabeceamento ao lado do argentino. Portanto, não acho que tenha sido a arbitragem a influenciar o resultado final. Apenas ficou a certeza que equipa de arbitragem não esteve ao nível das duas restantes equipas, pois era, claramente, a mais fraca das três.
O Benfica vai ter, agora, duas deslocações difíceis, uma a Moreira de Cónegos, onde vai encontrar uma equipa sedenta de pontos para fugir ao último lugar e, de seguida, a Braga, onde mora o principal rival dos dois da frente. Eu acredito que o Benfica conseguirá passar estes dois complicados obstáculos, pois tem qualidade para isso e se quer ser campeão, não pode deixar escapar pontos. Força Benfica, rumo ao título!
Nota 1 – João Loureiro está de novo na presidência do Boavista. Cheirou a dinheiro e o senhor lá voltou. Sinceramente, não percebo como os sócios aceitaram isto. Veremos se não volta a desgraçar o clube.
Nota 2 – O Sporting venceu dois jogos seguidos, coisa rara esta época. Será para manter?
Nota 3 – Messi é o melhor da actualidade, Ronaldo foi o melhor em 2011/2012. Bola de Ouro mal entregue. Para além disso, na minha opinião, a Bola de Ouro deveria ser entregue no final de cada época desportiva e não no final de cada ano civil.
A subir: Paços de Ferreira, Rio Ave e Estoril/ Domingos. Os três clubes são três enormes e agradáveis surpresas no nosso campeonato. Já o treinador Domingos chegou à Corunha e conseguiu logo uma vitória e um empate, na luta pela manutenção.
A descer: Juventus/ Real Madrid na La Liga. A vecchia signora entrou no novo ano com uma derrota caseira e um empate, facto que permitiu à Lazio aproximar-se. O colosso espanhol parece desinteressado pelo campeonato e desta feita empatou em casa do último classificado, o Osasuna, ficando mais longe do segundo lugar.
Saudações Benfiquistas.