Escrito por: Cláudio Moreira
Que FC Porto teremos para esta temporada? Será capaz de renascer das cinzas depois de uma época muito abaixo dos padrões a que o clube está habituado? O rombo foi tão grande que serão precisos vários anos para regenerar uma equipa ferida?
Estas perguntas ecoaram na cabeça da maioria dos portistas durante toda a pré-temporada e, apesar de o FC Porto já ter feito cinco jogos oficiais, creio que as dúvidas permanecem, se bem que o optimismo vá ganhando força a cada apito final dos árbitros. É a força dos resultados a falar mais alto, claro está. Nesses mesmos cinco jogos foram alcançadas outras tantas vitórias, a baliza da equipa manteve-se inviolável e as redes adversárias balançaram por nove vezes.
A estes desfechos é preciso contextualizá-los. Ganhar cinco partidas seguidas e não sofrer qualquer golo é por si só um facto inexcedível, capaz de exortar as emoções mais calorosas? Seria… se o meu clube fosse o Sporting, onde, por exemplo, contratar um internacional português em clara fase descende da carreira e jogar na sua maioria com jovens da Academia de Alcochete são acontecimentos que para a larga maioria da massa adepta sportinguista têm o mesmo sabor de um título. Contudo, tal como referi, há que contextualizar este bom início: o FC Porto, como é hábito, perdeu algumas jóias – no caso, Mangala e Fernando, curiosamente os dois maiores pilares defensivos da equipa… –, principiou a época com um treinador de quem 99,9% dos portugueses não faziam a mínima ideia da sua existência e que fez uma autêntica revolução no plantel, fazendo 17 contratações, sendo a maior parte delas com estreita ligação a Espanha, e, às tantas o ponto mais fulcral, o FC Porto iniciava a temporada sabendo de antemão que vinha da pior época da era Pinto da Costa, algo que poderia constituir um óbice na cabeça dos atletas.
Face a estas prerrogativas e aos resultados que se sucederam até agora, não podemos ceder à tentação de sportinguizar o momento e celebrá-lo efusivamente como se de algo muito significativo se tratasse. Todavia, também não se deve desprezar o que de bom se tem feito e fingir que os sinais transmitidos não são, no cômputo geral, positivos. Creio até que este elã inicial vai ser crucial para enfrentar a longa batalha pelos títulos que se avizinha.
Em suma, parece-me evidente que houve um cuidado redobrado da direcção em relação a esta temporada, tendo em conta o passado recente que foi calamitoso para um clube com as ambições do FC Porto. Mais do que isso, parece não oferecer a mínima dúvida de que Pinto da Costa e a SAD atacaram esta época de forma incisiva, ao mesmo tempo que começaram a preparar as seguintes. Olhando para a duração do contrato do treinador e as características dos jogadores contratados, julgo que este é um projecto pensado a médio/longo-prazo. Ainda é bastante prematuro para dizer será uma ideia vencedora, contudo, podemos desde já dizer que foi pensada e está a ser, até este momento, bem executada.
Nota 1: Já não me lembrava do último jogador a sair das camadas jovens do FC Porto a entrar directamente no plantel sem que a sua qualidade pudesse ser posta em causa. Surgiu agora desde os juvenis Rúben Neves. De facto, o último indiscutível de que me lembro foi mesmo Ricardo Carvalho; e já lá vão mais de 10 anos. Vi Candeias, Rui Pedro, Paulo Machado, Vieirinha. Castro, Sérgio Oliveira, Bruno Gama, Tiago Ferreira, Ivanildo, Ventura, entre outros, e de nenhum deles se pode dizer que teria lugar de caras num determinado XI do clube. Parabéns ao jogador, em primeiro lugar, ao treinador por não ter receio de apostar num miúdo que ainda não deve ter pêlos nas pernas e à direcção por saber gerir este talento. Que sirva de exemplo para o futuro.
Nota 2: Vira o disco e toca o mesmo. Jorge Jesus envolveu-se em mais uma polémica e, curiosamente, apenas pagou uma multa simbólica e pôde comparecer no jogo seguinte à sua expulsão. Estou convencido de que o Mestre da Táctica possui um regime especial: quanto mais reincidente for, mais leve é a pena a ser aplicada.
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