Special One

O mundo ocidental está parado, é Natal. Reina a paz, a fraternidade e a união. Ninguém, ou melhor, muito poucos deixam a sua casa para os seus locais de trabalho. A lareira acesa, o primo que não vemos desde sempre e uma mesa abastada com uma posta de bacalhau e um bom copo de vinho são demasiado apelativos ao coração para ficarmos longe deles. Hoje, temos um português que por nenhuma destas razões se encontra em casa neste Natal – o seu nome é José Mourinho.

O Happy ou Special One, ou simplesmente José, foi recentemente despedido com uma enorme prenda no sapatinho, 18 milhões de euros. O mais comum dos mortais ficaria… Bem, é difícil descrever o que se sente com esta enorme quantia de dinheiro, mas o mais próximo que arranjei seria que o mais comum dos mortais ficaria extasiado. O mais comum dos mortais, mas o homem de Setúbal está bastante distante desse rótulo e foi bastante notório que a felicidade não estava espelhada no seu rosto.

A razão é simples: é que, para além de despedido do seu clube do coração, foi também claramente empurrado para fora do seu lugar pelos jogadores do Chelsea. Os super-egos revelaram-se demasiado fortes para a personalidade e ideias do treinador.
Por onde começar? Talvez por aquele cujo amuo era maior que o Evareste, Eden Hazard. Sim, esse mesmo que um dia disse, e chegou a ser rotulado como tal, que se encontrava ao nível de Messi e de Ronaldo e que num curto espaço de tempo chegaria a melhor do mundo. Falácias, um homem que marca um golo em apenas 23 golos e é capaz de baixar o nível do seu jogo de forma propositada não merece estar no corredor da fama do futebol.

Diego Costa, um avançado possante que deu lugar a um avançado pesado. Excesso de peso notório, falta de qualidade aberrante e um feitio horrendo – o seu ponto alto foi o levantar de um colete para atingir o seu técnico. Por último, considero também Fabregas como um daqueles que mais baixaram o seu nível de jogo. Aquele que antes era conhecido como o mestre do passe conseguiu a enorme proeza nesta época de errar mais passes do que aqueles que completava de forma correcta. Arrastava-se de tal maneira pelo campo que os pitões das suas chuteiras se assemelhavam a um ancinho de um lavrador, verdadeiramente hediondo.

Estas críticas podem ser demasiado duras, é verdade, mas também são totalmente justificadas. Primeiro, como amante de futebol não sou capaz de ver alguém ferir a honra do jogo e de um clube de forma tão notória e sair impune. Segundo, José Mourinho é um dos maiores treinadores de todos os tempos e, apesar de ter sido considerado culpado por esta crise, eu acho que verdadeiramente não o foi. O português jurou fidelidade ao Chelsea e acima de tudo mostrava uma paixão enorme pelo clube. Os adeptos idolatravam e penso que, apesar de o seu feito bastante vincado, foi um grupo de crianças em fatos de homem que o empurrou para fora da sua cadeira de sonho.

Torço agora que Mourinho encontre rapidamente um novo clube. Ficaria muito contente que esse clube fosse o Manchester United. Eu acredito que será apenas uma questão de tempo até que isso aconteça. Van Gaal tem os seus dias contados e os próprios adeptos do United aclamam em Old Trafford pelo português. Era um desafio ao jeito de Mourinho e com toda a certeza que com a sua força seria capaz de colocar os Red Devils na luta pelo título. A ver vamos o que acontece, mas se fosse apostar apostaria neste cenário.