SL Benfica – FC Porto, sempre!
Escrito por: Duarte Pernes
Não me apetece falar em pormenor da onda de ruído e propaganda que inundou os media portugueses esta semana. A Eusébio presto a homenagem e guardo o respeito que qualquer ser humano me merece, com a particularidade de aqui estar a falar de uma Personalidade que se distinguiu numa área de que tanto gosto – o futebol. Ora, é exactamente por adorar a modalidade e por prezar imenso a pessoa em questão, mesmo sem a ter visto jogar, que prefiro passar ao lado da discussão (se é que existe, de facto, discussão no meio de tanta irracionalidade) sobre a trasladação do corpo do Pantera Negra para o Panteão Nacional, ou da sua comparação a Mandela por parte de Mozer. Adiante.
Nem todas as grandes figuras são transversais e consensuais. Errado é pensar-se o contrário. Mas Eusébio conseguiu este feito num campo propício a desavenças emocionais, o que serve para aferir a sua qualidade enquanto futebolista e, principalmente, o seu modo humilde e cordial de estar na vida. Fica escrito o que, da minha parte, precisava de ser escrito sobre um dos maiores símbolos do futebol mundial. Depois de tudo o que foi dito, e foram ditas tantas coisas (acertadas e disparatadas) por tanta gente, duvido que estas minhas palavras consigam uma pontuação elevada na escala de “Comoção Nacional Obrigatória” – como tão bem apelidou Daniel Oliveira a histeria mediática que se abateu sobre o país –, mas nada que me preocupe.
No meio de tudo isto, a actualidade futebolística fica também marcada por um SL Benfica – FC Porto. Um acontecimento que vale sempre por si só, mas que ganha um tom diferente pelo falecimento de Eusébio. Mais uma vez, o destino a pregar uma das suas ironias e a guardar o embate entre os dois maiores rivais nacionais justamente para esta altura.
Do ponto de vista puramente classificativo, estamos talvez perante o clássico de menor relevo dos últimos anos: as equipas estão empatadas pontualmente e não serão três pontos a mais ou a menos que as levarão ao céu ou ao inferno. Além do mais, e este é talvez o factor mais importante, a inconstância e irregularidade exibicionais de ambos os conjuntos não permitirão que do resultado se façam leituras definitivas, ou perto disso, para o que ainda falta jogar do campeonato (até porque esta época, o Sporting também conta).
Por outro lado, como referi, um Benfica – Porto tem um valor emocional e uma intensidade que se bastam a si próprios, independentemente das circunstâncias que o rodeiem. A adrenalina de jogadores e adeptos não deixará de estar no máximo e a discussão do pós-jogo, nos mais variados e frequentados cafés e restaurantes do país, não faltará decerto.
Que todos saibam, portanto, estar à altura da sua própria grandeza e dignifiquem o nome dos respectivos emblemas. Homenagear condignamente a memória de Eusébio também é isto e já não me parece nada pouco. Aliás foi também por homens como ele e como Pedroto, Chalana, Gomes, João Vieira Pinto, Domingos e tantos outros que este duelo se transformou num clássico capaz de sobreviver a qualquer conjuntura.