O Sporting Clube de Portugal acabou este domingo por, naturalmente, regressar às vitórias frente ao GD Chaves em Alvalade, em jogo a contar para o Campeonato Nacional (sim, eu sei que é Primeira Liga mas permitam-me este saudosismo inusitado!).

Uma vitória importante, por números expressivos e que traduz bem a superioridade da equipa vencedora face à derrotada. Uma vitória que findava uma série de 5 jogos sem vencer da turma de Alvalade; ou pelo menos esta era a ideia que passava para o público em geral, visto que entretanto o SCP havia ganho uma eliminatória da Taça frente ao ARC Oleiros. Nem sequer me vou alongar muito nesta questão das estratégias de comunicação, pois para além de ser um assunto mais do que escrutinado diariamente pelos agentes do futebol, foi algo que já abordei anteriormente e sobre o qual poucas vezes mais opinarei, assim espero.

Mas, na realidade, em 6 jogos vencer apenas 1 não é muito usual para uma equipa que se diz apostada a vencer todas as competições em que se insere (com as devidas ressalvas para a Champions…), nomeadamente a máxima competição nacional, a Liga. E o Sporting, para o campeonato, vinha de dois jogos sem vencer, um deles sobre um adversário direto e logo em casa.

Ora, vencer em casa, com um resultado de 5-1, tem tudo para moralizar as tropas, isto é, os adeptos! Quero continuar a acreditar que as contas chorudas, até dos menos bem pagos, dos jogadores de futebol já são motivação suficiente. E já nem falo do orgulho em vestir a verde e branca, pois isso, como diria o Zé Povinho, “já foi chão que deu uvas!”.

Deste jogo contra os Flavienses, destacaria Daniel Podence. Por vários motivos. O primeiro dos quais, a capacidade que demonstrou em ser, quiçá, o parceiro ideal para Bas Dost na ofensiva leonina. Com uma capacidade de improviso no último terço de terreno acima da média, e uma velocidade de execução apreciável, brindou-nos com um belo jogo, ajudando o ponta de lança holandês a acabar com ainda outra crise, a de golos. Mas, na verdade, Podence não jogou no apoio ao avançado, antes deambulou pelo terreno, ajudando Gelson a ganhar superioridade face a Djavan, na maior parte do tempo, e variando o centro de jogo do Sporting para a esquerda, quando ele próprio fletia para a esquerda. E foi aqui, em minha opinião, que o SCP conseguiu, facilmente, manietar a defensiva transmontana.

Foi precisamente esta particularidade do jogo do leão que ainda não tinha vislumbrado esta época e que me fez crer que afinal Jorge Jesus ainda pode ser o tal “Mestre da Tática”. No entanto, nem tudo fluiu como expectável. Bruno Fernandes continua a demonstrar predicados e a fazer valer o muito dinheiro que o clube pagou por ele, mas não será nunca, nem se pretende que seja, um substituto de Adrien Silva. A verdade é que o SCP perde muito da sua pressão alta quando joga com o internacional sub-21 na posição 8, deixando essa missão para o quarteto da frente. Isto obriga a um maior desgaste dos avançados, retirando-lhes fulgor para as missões ofensivas. Para além do mais, uma equipa de posse, facilmente troca a bola no meio campo defensivo dos leões uma vez ultrapassada a primeira zona de pressão.

Com tudo isto, JJ vê-se a mãos com um sério problema, que julgo ainda demorará algum tempo a solucionar. Quem será o melhor atleta para jogar na posição 10 e aquele que melhor interprete o modelo de jogo do SCP na posição 8? A 10, JJ já utilizou Alan Ruiz, Bruno Fernandes e Podence, sendo que dos três o que me parece reunir menos condições para o fazer (e até para permanecer no plantel!) é o argentino. Pela sua lentidão de processos, pouca disponibilidade e deficiente capacidade física. Podence tem, como dito pelo treinador na flash do jogo deste domingo, pouco golo e contra atletas de maior envergadura pouca valência física. Já Bruno Fernandes parece mesmo o mais indicado, pelo que joga e faz jogar mas também por ter uma apreciável apetência para chegar ao golo. Contudo, não me parece jogador para conseguir aguentar ainda uma época inteira a um nível bastante alto. A 8, Battaglia surge claramente na frente. E aqui muito pelo que joga sem bola. Recupera imensas bolas em terrenos avançados, tem uma frescura física impressionante mas, e porque há sempre um mas, comete muitas faltas, fruto da sua impetuosidade, o que pode levar a alguns dissabores disciplinares. Para além do mais, com William a assumir, nesta fase, toda a primeira fase de construção do Sporting, Batta parece um pouco perdido no terreno quando em posse. Não é ainda um parceiro para William como Adrien foi; também só são companheiros desde Agosto e ainda deverá demorar a sê-lo.

Com isto, parece-me que veremos nos próximos jogos mais algumas experiências nestas tão fulcrais posições nos verde e brancos, esperando eu que JJ chegue a bom porto o mais rapidamente possível.

Autor: Rui Fiel Sequeira

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