Escrito por: João Pereira
Nesta minha primeira crónica no “Voo da Águia”, quero desde já agradecer a oportunidade que me foi dada para fazer parte da equipa de cronistas deste espaço de informação desportiva. Foi com muito prazer que aceitei o desafio, espero estar à altura e espero formar uma boa dupla com o meu caro amigo e grande benfiquista Hugo Guedes.
Passemos, então, ao futebol propriamente dito, mais concretamente ao futebol do meu Benfica. Confesso que parto para esta nova época não muito confiante, e os recentes acontecimentos contribuíram ainda mais para esta minha falta de confiança. Comecemos pela confirmação da continuidade no clube do técnico Jorge Jesus. Se é um facto inegável que na primeira época pôs a equipa a jogar como há muito não se via, também é verdade que nas duas épocas seguintes e, mais concretamente, na época anterior, o Benfica poderia e deveria ter feito muito mais. Numa entrevista dada ao jornal “Record”, a 17 de Junho de 2012, Jorge Jesus (JJ) afirmou o seguinte: “Não vou cometer os mesmos erros”. Pois bem, rapidamente se descobriu que tais palavras não eram verdade, ou então JJ esqueceu-se delas. Basta ver a gestão que fez do plantel e o esquema táctico que apresenta em campo. Quanto à questão da gestão do plantel, os erros são mais que muitos: se a contratação me pareceu boa, a verdade é que falta um defesa-esquerdo sólido, que dê garantias defensivas (e Eliseu não era esse tipo de defesa caro Jorge); falta um substituto à altura para o Maxi; falta um suplente para Javi Garcia, pois o Matic não é, nem nunca foi, nos clubes por onde passou, um trinco puro como Javi é; inexplicável o excesso de jogadores para as alas atacantes, se Salvio foi um bom negócio de ocasião, atendendo à sua qualidade e ao conhecimento que já tem do clube, não compreendo a chegada de Ola John, para uma posição onde já existiam jogadores de grande valia como Gaitán, Nolito, Bruno César, Enzo Pérez e, até, Melgarejo. Não seria melhor canalizar esse dinheiro investido para um defesa-esquerdo, para um trinco ao nível do Javi ou para um substituto para o Maxi? Na minha opinião, Sílvio e Custódio, por exemplo, eram óptimos investimentos. Porém, a verdade é que Jorge Jesus contrata a seu bel-prazer e ninguém parece ter coragem de lhe pôr um travão e aí Luís Filipe Vieira tem muita culpa.
Quanto à questão táctica, penso que também é incompreensível que se faça, practicamente, toda a pré-época num esquema de 4-5-1, com o meio-campo reforçado, mais domínio de jogo, maior fluidez e vitórias contra equipas como o Marselha e Real Madrid e chega-se ao campeonato e é apresentado um 4-4-2, que mais parece um 4-2-4, com o meio campo desprotegido só com dois elementos, com um enorme buraco e onde os extremos não defendem. Naturalmente que assim o Benfica é apanhado mais vezes em contrapé, os adversários dominam o meio-campo e as oportunidades de golo criadas são poucas, ou menos que as desejáveis. Prova disso são os primeiros três jogos do campeonato em que estivemos muito aquém em termos exibicionais.
Como se tudo isto já não fosse mau o suficiente, eis que chegam os “novos-ricos” do futebol europeu e mundial, que em menos de uma semana levam, de uma assentada, dois jogadores absolutamente nucleares no meio-campo do Benfica, Javi e Witsel. Se no caso do belga nada havia a fazer pois o Zenit bateu a cláusula de rescisão do jogador (ainda fiquei esperançado que ele rejeitasse ir jogar para a Rússia), no caso do Javi a saída devia ter sido acautelada anteriormente, com o reforço dessa posição, ou mesmo cancelada dado que era um jogador importantíssimo para o equilíbrio da equipa e estávamos no último dia do mercado de transferências.
À parte de tudo isto, a verdade é que seguimos na frente do campeonato, juntamente com o F.C. Porto. Contudo, depois destas duas perdas importantíssimas, que destroçaram o nosso meio campo e se Jesus insistir na teimosia de utilizar o sistema táctico actual, receio que não ficaremos no topo por muito tempo. Estou curioso para ver o que fará com os que lá tem, isto é, se não sair mais nenhum jogador até quinta-feira, dia do fecho do mercado na Rússia. É preciso mudanças a todos os níveis, senão não atingiremos nenhum objectivo. Exijo um Benfica forte, exijo um Benfica à Benfica, com garra, com querer e com ambição.
Por último, vai daqui uma palavra para os jovens da equipa B do Benfica que muito bem se têm portado na Segunda Liga. Espero que, no futuro, alguns sejam aposta para a equipa principal do Benfica.
Nota 1 – Quero aqui desejar boa sorte a todos os atletas paralímpicos que neste momento estão em Londres a competir por Portugal, são um exemplo e uma inspiração para todos nós.
Nota 2 – Foi realizado o sorteio da Liga dos Campeões e Liga Europa, onde estiveram presente, no total, 6 equipas portuguesas. Foi um bom sorteio para a maioria, sendo que as tarefas menos fáceis me parecem ser as de Benfica e Marítimo. Numa próxima crónica analisarei com mais cuidado o grupo do meu clube.
Nota 3 – Deixo aqui um link para todos os benfiquistas e, naturalmente, para todos aqueles que desejarem, no qual é escrita uma carta aberta a Rui Costa, abordando o seu estatuto no Benfica, vale a pena ler: Clicar AQUI
Nota 4 – Espero que a selecção Portuguesa não faça o mais complicado nestes dois primeiros jogos de qualificação. Rapazes, é vencer, não facilitem. Força Portugal!
Até daqui a quinze dias.
Saudações Desportivas.
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