Que FCPorto sem Hulk?
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Escrito por: Duarte Pernes
A interrogação que serve de título ao meu primeiro artigo no DomíniodeBola exprime, mais do que provavelmente, a dúvida que assalta o pensamento da esmagadora maioria da nação portista no presente momento. A perda do Incrível não abre apenas um problema de sucessão na direita do ataque dos bi-campeões nacionais. O assunto é muito mais profundo, mas vamos por partes.
Não vale sequer a pena voltar a enfatizar o facto de, com Hulk em campo, o FC Porto ter sofrido a sua última derrota para a Liga no famoso jogo do túnel, que data de Janeiro de 2010. A marca é significativa, sim, mas o que verdadeiramente interessa relevar são as razões pelas quais ela foi atingida e os motivos que fazem com que tal feito não seja apenas uma coincidência ou uma curiosidade da estatística. Aquele que, durante quatro temporadas, vestiu a camisola número doze dos dragões funcionava como pedra basilar de um projecto desportivo que, antes de outros adjectivos que possam também ser empregues, era eminentemente vencedor. Hulk marcava a diferença, não apenas pelos momentos de génio, que podem ser visualizados em qualquer vídeo de compilação na Internet, mas por uma regularidade e capacidade competitiva fora dos padrões normais do nosso campeonato. Pensar num Porto sem ele é, portanto, pensar numa equipa fatalmente diferente, e para pior. Isto parece-me pacífico. Será assim tão diferente a ponto de comprometer as ambições de uma temporada? Não necessariamente.
Como só me sinto no direito de ser optimista em relação ao futuro de um clube que tem dominado por completo o futebol em Portugal, não olho para tudo isto com o alarmismo e o desespero de alguns. Mais, não estou obcecado em pensar se a solução estará na mudança do sistema de jogo; na explosão de James; no ressurgimento de Varela; na afirmação definitiva de Atsu, ou numa surpresa vinda de Iturbe ou Kelvin. É provável que a fórmula correcta esteja numa destas hipóteses ou, quem sabe, na combinação de duas delas. Também digo – para que fique feita já a minha declaração de interesses em relação ao treinador – que estou a léguas de ser fã de Vítor Pereira. No entanto, acredito piamente na capacidade auto-regeneradora de uma estrutura experimentada e habituada a ter pela frente desafios delicados como aqueles que se afiguram.
Sem Hulk, o FC Porto vê indiscutivelmente reduzido o seu poder futebolístico, mas não perde a sua génese e o seu ADN de campeão. Não há alternativa para um portista que não seja pensar assim. É possível lamentar-se o facto aberrante das datas para o fecho do mercado virem em tão má altura e repetir, pela enésima vez, que os clubes portugueses estão condenados a perder, cedo ou tarde, as suas principais estrelas. Tudo o que for para além de um simples lamento ou desabafo, representa uma pura perda de tempo e energia.
Nota: Gostaria de agradecer ao Domínio de Bola o convite que me foi endereçado para participar neste projecto, esperando conseguir corresponder às expectativas. Queria, igualmente, aproveitar para saudar os leitores deste website, de quem espero uma troca de opiniões acesa, mas saudável.