Escrito por: Duarte Pernes
A portofobia é algo de muito popular no futebol nacional e no país em geral. Aparentemente é um recurso infalível quando se busca protagonismo ou quando se quer limpar uma eventual má imagem aos olhos do público em geral.
Foi assim com Luís Felipe Scolari quando, descabidamente, preteriu Vítor Baía, então melhor guarda-redes da Europa, do seu lote de convocados para o Euro 2004 e abriu uma dicotomia entre a cidade do Porto e o resto do país, passando deste modo incólume à perda de uma final em casa com a Grécia, a actos de grosseria gratuitos para com aqueles que pensavam de uma maneira diferente da sua e até a agressões físicas a adversários; foi (e é) assim com Mário Figueiredo, que transformou a Liga num caos e se mostrou capaz dos mais diversos malabarismos para se manter no poder contra a vontade da maioria dos clubes, mas que graças às suas declarações públicas – próximas dos interesses dos dois grandes emblemas de Lisboa e de guerrilha com o FC Porto – conseguiu ainda granjear simpatia nalguma opinião publicada; foi assim com Paulo Bento, que aproveitou as justificadas críticas de Pinto da Costa sobre a estapafúrdia digressão de Portugal ao Gabão, em 2012, para atacar o presidente portista e marcar pontos junto da vasta audiência portofóbica.
Exemplos não faltam, até mesmo fora do quadrante desportivo, de personalidades ou instituições cuja “seriedade” e “idoneidade” foram garantidas e apregoadas aos sete ventos a partir do momento em que foi estabelecido um corte com os dragões. Os três nomes citados são assim apenas parte de uma pequena amostra aleatória.
Há, porém, algo a que a portofobia não consegue sobreviver e que desmente a argumentação daqueles que são afectados por este vírus: a competência, ou a falta dela neste caso. O trajecto de Scolari, desde que abandonou o comando da melhor equipa nacional portuguesa de todos os tempos, fala por si e não valerá a pena detalhar. A humilhante goleada sofrida no último mundial foi apenas o corolário de tantos e tão grandes despautérios. A Mário Figueiredo está, de forma incontornável, reservado um papel patético que nem a melhor das manipulações intelectuais conseguirá alterar. Irá cair, a curto ou a longo prazo, vítima (lá está) da sua enorme incapacidade. A mesma incapacidade que condenou agora Paulo Bento à saída do comando técnico da selecção, após a derrota em Aveiro com uma equipa do terceiro mundo, que apenas havia vencido por duas vezes fora de casa em toda a sua história.
Percebe-se que uma táctica que traz sempre resultados profícuos seja usada até à exaustão. Mas não basta, só isso não basta e um dos grandes problemas destas figuras é, quase sempre, a sua superficialidade. Retira-se-lhes o escudo da portofobia e não resta mais nada. É por isso que estarão irremediavelmente condenadas ao insucesso.
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