
1 – E finalmente o Porto caiu e caiu com estrondo. Depois das últimas exibições, acredito que nenhum portista esperaria aquele resultado. E, a avaliar pelas reacções de júbilo dos adeptos dos clubes de Lisboa, nem mesmo eles estavam à espera que o Porto fosse dar tamanho tropeção na noite do passado Domingo.
Ao contrário da maior parte da opinião azul e branca que por aí circula, considero que o Porto só deve a si próprio o malogrado resultado.
Na primeira parte, parecia que era a primeira vez que aqueles homens jogavam juntos, tal era a confusão que a equipa aparentava. Na segunda parte, houve mais coração do que cabeça, Brahimi desperdiçou o enésimo penalty da sua carreira (até quando vão continuar a confiar ao craque Argelino tão importante tarefa?), Gonçalo Paciência, sem oposição, cabeceou como um amador numa peladinha de fim-de-semana e tudo o resto foi nervos e desespero.
2 – É certo que o nosso “amigo” Bruno Paixão foi complacente com o anti-jogo do adversário. Mas isso faz parte daquelas variáveis sobre as quais a equipa não pode fazer nada. Aliás, uma equipa como o Porto, que lidera o campeonato e está a oito jornadas de se poder sagrar campeão, tem mais é que saber lidar com o anti-jogo. É um dado adquirido no início de cada campeonato, é assim que a maior parte das equipas pequenas joga e, se estivermos à espera que sejam os árbitros a pôr mão na coisa, não vamos lá. As grandes equipas (penso eu) treinam e desenvolvem mecanismos técnico-tácticos para contornar este tipo de estratégias. Tivesse o Porto entrado em campo com o fulgor que tem caracterizado esta época e não estaríamos hoje a ter esta conversa.
3 – Temos que ser realistas e isto não é ser mais, ou menos, portista: esta derrota deixou o Porto numa situação difícil. É verdade que continuamos em primeiro, é verdade que, ao contrário do que um jornalista disse, continuamos a depender só de nós, mas perdemos margem de erro e vamos visitar o estádio vermelho da Segunda Circular obrigados a ganhar.
O adversário está moralizado e, caso a coisa se complique, goza de determinadas garantias que o Porto não tem, como aconteceu na primeira volta no Dragão.
4 – Não obstante, a confiança dos adeptos portistas na equipa continua inabalável. Aliás, para mim, aconteça o que acontecer, esta época está ganha. Sem querer repetir considerações que já explanei anteriormente, lembremo-nos que o Porto surge na disputa deste campeonato como um outsider face aos clubes lá de baixo. O Porto sem dinheiro, sem plantel, versus um pentacampeão anunciado e o respectivo pajem que gastou uma pequena fortuna em contratações.
De facto, este Porto teve a capacidade de acordar o mais salazarento centralismo de que há memória no futebol português e isso vê-se todos os dias nas capas dos jornais… e agora nem são só os desportivos.
5 – Ainda no rescaldo do jogo em Paços de Ferreira, o nosso treinador, Sérgio Conceição, foi saco de pancada para meio mundo. Ora porque cuspiu, ora porque não cumprimentou, ora porque simplesmente respira.
De facto, Sérgio Conceição tem um problema: é treinador do Porto. O mesmo problema que tinha Mourinho, saco de pancada para meio mundo enquanto treinou o Porto, herói nacional mal atravessou a fronteira.
Meus caros adversários:
Eu sei que vocês preferiam o ar naif do Paulo Fonseca a bater palminhas, a inconstância do Lopetegui ou os desenhos ridículos do Espírito Santo. Podiam gozar connosco à vontade e eles não vos faziam mal nenhum, não era? Era, era… Docinhos e amestrados como vocês gostam.
Mas, agora, temos um treinador que dá os murros que forem precisos na mesa, defende o Clube, defende os Atletas e diz o que lhe vai na Alma. Ele não tem que agradar a vocês, como era apanágio dos antecessores. Sérgio Conceição tem que agradar aos adeptos do Porto e, até ver, tem-no conseguido e isso avalia-se também pelo ódio crescente que desperta nos vossos corações. Temos pena.
NOTA FINAL:
Escrevo esta parte não como adepto de futebol, não como adepto do Porto, mas como amante do Desporto.
Pratico Desporto. Ainda Domingo, em Barcelona, completei mais uma maratona.
Por mais do que uma vez já tive que desistir de provas ou treinos por lesão.
E, por mais que uma vez, já cheguei lesionado ao fim de corridas, com partes do corpo em carne viva.
Sei a dor que é não poder competir por lesão.
Da mesma forma que condeno veementemente aqueles que cortam caminho nas corridas, condeno idiotas como o Mário Felgueiras que não sabem o que é Desporto.
Queimar tempo é uma coisa. É discutível, mas aceito. Até as grandes equipas o fazem (lembram-se como o Inter eliminou o Barça da Champions League aqui há uns anos?).
Fingir uma lesão é outra coisa: falta de carácter.
É desrespeitar todos aqueles que estão, de facto, lesionados. Eventualmente, até colegas de equipa que estão lesionados.
Mário, se um dia te lesionares verdadeiramente, lembra-te do jogo contra o Porto e da triste figura que fizeste.
Autor: António Pinheiro
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