
Ao antever o clássico da próxima sexta-feira, vêm-me à memória duas tarjas de um passado recente das claques de Alvalade: uma que dizia “Mete o Marega”, outra que dizia “Invasão à Aldeia” e mostrava um leão a atacar a Torre dos Clérigos, nas vésperas de um Porto vs. Clube-que-tem-como-mascote-um-leão.
Estas duas provocações dos adeptos do próximo adversário do FCP estão muito ligadas ao actual momento do nosso campeonato: reparem que o tão ridicularizado Marega atingiu a marca dos 20 golos (que lindo será se ele marcar aos “viscondes”…) e, pelos vistos, a toda-poderosa “capital do reino” volta a temer a “aldeia” do Norte.
Mas já lá volto…
No final do jogo com o Estoril, Sérgio Conceição dizia que um dos aspectos que mais tem trabalhado com os jogadores é a capacidade de perceberem o que depende deles no jogo e que, se eles dominarem os factores que estão ao seu alcance, dificilmente outras variáveis terão influência no resultado.
Ao longo dos últimos quatro anos, tive inúmeras discussões com amigos portistas por causa disto mesmo. Enquanto eles atiravam para as arbitragens e outros quejandos a causa dos maus resultados do nosso clube, sempre defendi que o Porto só voltaria aos grandes momentos quando deixasse de procurar fora a explicação para os maus resultados e que, nessa altura, poderiam roubar-nos como têm roubado este ano, que nada nos deteria. E, veja-se: apesar das penalidades que ficam por marcar, dos jogos dos rivais com direito a prolongamento, dos golos inexplicavelmente anulados e de outros factores “extra”, o Porto está forte, eu diria, cada vez mais forte.
E é esse o grande mérito do treinador Sérgio Conceição. Assumo que fiquei céptico aquando da sua contratação. Sempre (até esta época) me pareceu um técnico demasiado emocional e pouco dado à “ciência” do jogo.
Contudo, as sucessivas boas exibições da nossa equipa têm provado que eu estava enganado (ainda bem!). Sérgio Conceição percebe muito de futebol e, mesmo nos momentos em que se equivoca, tem a capacidade de assumir e corrigir o erro. Veja-se, por exemplo, a forma como o Porto reagiu à derrota com o Besiktas, na jornada inaugural da Champions.
Outro factor que comprova o bom momento do FCP é o desnorte e o temor que tomou conta dos nossos principais rivais. Recordo que, à partida para esta época, a equipa do Porto estava condenada ao fracasso: os quatro anos de “seca”, o plantel curto, a ausência de contratações, a fiscalização da UEFA…. Bla, bla, bla…
“Ah! Ah! Ah! O José Sá…” e volta o campeoníssimo Casillas para a baliza, a mostrar que agora é a doer.
“Não há alternativas a Felipe e a Marcano” e entra Reyes irrepreensível.
“Sem o Danilo vocês não vão a lado nenhum!” e Sérgio Oliveira e Herrera parecem dois cães de caça.
“O Maxi está velho e cansado…” e, no entanto, corre quilómetros.
“Oh oh… o Marega está a perder gás, enganou bem, esse…” e atinge os 20 golos.
“Txiiii… o Soares está zangado com o treinador, nunca mais joga!” E é sempre a facturar.
“O Alex Telles lesionou-se? Agora que é que já foram de vela!” e entra Dalot, 18 anos, estreia a titular, duas assistências (se vestisse com um laranja um pouco mais escuro, já tinha direito a capas nos pasquins do costume…).
Pareciam doidos quando perdemos com o Liverpool, ficaram totalmente alucinados quando demos a volta ao Estoril e esquizofrénicos quando ganhamos ao Portimonense. Então, o Porto anda a comprar os adversários. Bem, o que dizer de equipas como o Braga, o Aves, o Moreirense, o Tondela, que parecem zombies quando jogam com um determinado clube ali da zona de Carnide?
Jogo após jogo, dizem eles “é mais um teste…”, “desta o Porto não passa…”
E voltamos à tarja leonina… aquela da “aldeia”.
Esta superioridade que o Porto tem demonstrado em campo, contra todas as expectativas, contra todos os vaticínios, acordou o mais salazarento centralismo. A “aldeia” volta a incomodar. Afinal, o penta não será as favas contadas que todos anteviam e adivinha-se mais um falhanço do outro lado da segunda circular. Por isso, as máquinas de propaganda têm trabalhado a todo o gás, principalmente através de uma comunicação social totalmente manipulada e vergada, tentando destabilizar, descredibilizar e ridicularizar cada vitória do FCP.
A tudo isto, o Porto continua a responder em campo, porque eles ainda não aprenderam que o ódio deles, a raiva deles, a inveja deles, a arrogância deles é o nosso melhor combustível. Ainda não aprenderam que, não é por acaso, que o nosso brasão abençoado ostenta a palavra: INVICTA.
Aos jogadores, a Sérgio Conceição, não se pede mais do que têm feito até aqui porque, aconteça o que acontecer (e já se viu que tudo pode acontecer), este campeonato já valeu a pena!
Autor: António Pinheiro
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