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Escrito por: Cláudio Moreira

 

Creio ser unânime entre a nação portista de que a época não está a ser o que deveria, apesar de muitos dos objectivos a que a equipa tem obrigação de corresponder estarem ainda perfeitamente ao alcance; à excepção da não presença nos oitavos de final da Liga dos Campeões e consequente queda para a Liga Europa, tudo se mantém intacto. A par das metas mensuráveis em termos de conquistas das competições, os adeptos são exigentes noutras matérias, tal como o potencial do plantel e a sua respectiva actuação no terreno de jogo.

E é neste particular que eu me pretendo centrar. Nas épocas sob a égide de Vítor Pereira, eu e muitos outros articulistas afectos ao FC Porto demonstrámos inúmeras vezes a nossa insatisfação perante as exibições da equipa face às capacidades que a equipa possuía em teoria. Com a mudança para Paulo Fonseca, o fantasma das exibições convincentes ainda paira no Dragão e, para além disso, a equipa tem permitido muitos erros infantis na defensiva, por muito que as peças vão alternando.

Portanto, fazendo o papel de entendido do fenómeno da bola (que não sou, claro, sou um mero aspirante a treinador de bancada), deixo aqui a minha troika de erros que Paulo Fonseca (e quem tem a incumbência juntamente com ele de planear o plantel) cometeu, que por sua vez contribuíram para as más prestações e, porque não dizê-lo, para o desânimo dos associados, bem patente nas malfadadas assistências no Estádio do Dragão:

Indefinição do meio-campo: Este é, a meu ver, a maior pecha de Paulo Fonseca. A insistência no famigerado duplo pivô. Eu acredito que ele acredite que aquilo pode um dia dar certo. Aliás, eu próprio até acredito que possa funcionar. Mas terá a equipa técnica matéria-prima, isto é, jogadores com características ideais, para se se aventurar nesta dinâmica? A resposta é não, quando desde logo Fernando é imprescindível no funcionamento do meio-campo e se sabe de antemão que colocar alguém ao lado dele é retirar-lhe espaço para aquilo em que ele é bom: desarmar adversários e interromper jogadas de potencial perigo. Assim, com o polvo, o dinamismo na hora de defender torna-se anárquico, sem que ninguém saiba qual o seu papel. Admito que com Herrera/Defour ou Herrera/Lucho e até Josué/Defour o sistema poderia fazer sentido. Com Fernando a fazer esse papel perdemos capacidade de defender e, por consequência, discernimento na hora de iniciar o processo ofensivo.

Carências qualitativas nas alas: Iturbe, Djalma, Varela, Kelvin, Licá, Ricardo, Izmaylov. 7 nomes para jogar nas alas no início da temporada. Chegados ao Natal, os dois jogadores com mais minutos nas extremidades dianteiras são Varela… e Josué, uma adaptação. Iturbe e Djalma foram à vidinha deles, Izmaylov eclipsou-se devido a problemas pessoais, Ricardo é ainda muito imaturo e está sendo moldado na equipa secundária, tal como Kelvin, e Licá, após um início fulgurante, decaiu, e de que maneira, de forma. Perante esta razia, pergunto-me se durante a pré-temporada não foi possível denotar que havia quantidade a mais e qualidade a menos. A parte da quantidade foi bem resolvida até certo ponto, contudo, a qualidade deixou muito a desejar. Gorada a transferência de Bernard, como é que se deixou ao abandono uma posição para a qual estávamos notoriamente carentes? Ou Paulo Fonseca achou que estava bem servido com o que tinha, ou então não lhe presentearam (por que motivos?) um plano B. Para quem se gaba de ter mais de 200 olheiros espalhados pelo Mundo, não acredito que não houvesse mais ninguém referenciado para além de Bernard. Não é, senhor Antero? Falha grave, falha grave…

Incorrecção das falhas defensivas: Este item vem na sequência do meu artigo anterior. Qualquer leigo na matéria reparou que a equipa sofria golos em demasia por falhas individuais, daqueles que se perdoam de vez em quando; ninguém está imune ao falhanço nem a uma ou outra desconcentração. Porém, a linha defensiva do FC Porto, com Helton incluído, tem concedido golos em catadupa (que podem até ter custado a passagem à Liga dos Campeões), uma situação insustentável e inadmissível para uma equipa que quer estar entra as melhores a nível europeu. E, até ver, Paulo Fonseca ainda não foi capaz de solucionar esta lacuna. Não é perceptível ainda que os 5 homens da defensiva estão perfeitamente coordenados e à-vontade uns com os outros. Estando já praticamente a meio da temporada, é algo que devia tirar o sono à equipa técnica.

Apesar destas críticas, mantenho a máxima de que é preferível ganhar a jogar mal do que perder a jogar bem. Se se conseguir ganhar e jogar bem ao mesmo tempo, chapeau, Paulo Fonseca! Que o mercado de Inverno seja favorável a uma mudança para melhor ou que o talismã Carlos Eduardo prossiga o que de bom tem augurado.

 

Nota 1: Com que então o Benfica precisou de empatar com o Arouca através de um penalty fantasma? Com que então o Sporting tem direito a um penalty enquanto dois jogadores correm lado a lado fora do campo, sem que haja qualquer coisa que indicie uma irregularidade? Com que então Lima andar a marcar golos plantando em fora-de-jogo, imitando o Montero? Ai, meu Deus, o alarido que seria se fosse o FC Porto…

Nota 2: Volvidos praticamente três meses, os clubes de Lisboa ainda toleram ter como presidente da sua associação um racista (que apagou os vergonhosos comentários que teceu e que não teve a verticalidade de se retractar publicamente) mentiroso, que não tem respeito pelos clubes rivais nem pelos que agora representa?


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