Esta quarta-feira, Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, anunciou que Portugal e Espanha decidiram incorporar a Ucrânia na candidatura ibérica ao Mundial’2030.
“É uma honra anunciar que a Ucrânia se junta à candidatura. As duas federações comunicaram a decisão à UEFA, que manifestou o seu total apoio. É, por isso, que aqui estamos hoje. Tem especial significado fazer este anúncio na casa do futebol europeu. O futebol é muito mais do que futebol. Futebol é superação, compromisso, resiliência e inspiração”, disse o presidente da FPF, numa conferência de imprensa que decorreu na sede da UEFA, na cidade suíça de Nyon, na qual participaram Luis Rubiales, líder da RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol) e de Andriy Pavelko, presidente da Federação de Futebol da Ucrânia (UAF).
“O futebol é superação, compromisso, inspiração. Num movimento sem precedentes de solidariedade global, também Portugal recebeu milhares de exilados. Abrimos as portas da Cidade do Futebol a algumas famílias. Continuamos a ser testemunhas do seu sofrimento, coragem e determinação”, prosseguiu Fernando Gomes, antes de terminar:
“Pode parecer uma decisão surpreendente e inesperada, para nós foi lógica e natural. A proposta mereceu apoio da UEFA desde o primeiro momento, a quem quero agradecer. Podem achar que o mais fácil seria seguir a candidatura como estava, indiferentes ao que se passa na Ucrânia. Discordo, isso seria o mais difícil. A Ucrânia não pode desaparecer das memórias quando a guerra acabar.”
Luis Rubiales falou logo depois do presidente da Federação Portuguesa de Futebol e destacou que a candidatura “já não é ibérica, é a proposta europeia”.
“Quero agradecer à UEFA, ao seu presidente, que sempre nos apoiou. Quero transmitir o quão orgulhoso e feliz me sinto por estar sentado entre estes dois companheiros, um que considero um maestro, como Fernando Gomes e outro, Andriy Pavelko [presidente da Federação Ucraniana de Futebol], um grande amigo, com quem mantive uma contínua conversação durante meses, já antes do conflito, mas mais ainda depois do conflito”, afirmou Rubiales.
“Esta candidatura tem muitas coisas para ganhar. Tem a história, estádios maravilhosos, gastronomia, turismo, muita coisa ao redor do futebol. Mas hoje damos mais um passo. Fernando [Gomes] representa o futebol português, eu represento o espanhol, Andriy representa o ucraniano, mas juntos representamos o poder da transformação que o futebol tem na sociedade. Palavras como transformação, reconstrução, integração, esperança, estão intimamente ligadas a todas as questões técnicas que já estamos a trabalhar. Acreditamos que esta candidatura é muito melhor”, sustentou.
Em pleno conflito militar com a Rússia, a Ucrânia vem redimensionar a única candidatura europeia para a organização da principal competição mundial de seleções em 2030, cujo protocolo de colaboração entre FPF e RFEF já tinha sido assinado em outubro de 2020.
A proposta foi apresentada em junho de 2021 e recebeu o apoio da UEFA, enfrentando a concorrência, pelo menos, de um projeto sul-americano (Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai), um africano (Marrocos) e um intercontinental (Arábia Saudita, Egito e Grécia).
“A comissão coordenadora do Mundial2030, liderada por António Laranjo, vai passar a incluir representantes da delegação ucraniana. A candidatura de Portugal, Espanha e Ucrânia cumprirá os prazos previstos para a apresentação do seu caderno de encargos à FIFA. Acreditamos que a família do futebol mundial irá apoiar esta iniciativa”, concluíram.
O Qatar acolherá a 22.ª edição do campeonato do mundo este ano, de 20 de novembro a 18 de dezembro, seguindo-se uma inédita coorganização entre três países (Canadá, Estados Unidos e México), em 2026, e a celebração do centenário da prova, em 2030.
A escolha dos países organizadores do Mundial2030 está prevista para o 74.º congresso da FIFA, em 2024, após Portugal ter recebido o Euro2004 e a Espanha o Euro1964 e o Mundial1982, ao passo que a Ucrânia albergou o Euro2012, em conjunto com a Polónia.