André Villas-Boas, treinador que se sagrou campeão nacional ao serviço do FC Porto, abordou as finanças do futebol português no Clube dos Pensadores, uma tertúlia promovida por Joaquim Jorge, em Vila Nova de Gaia, e criticou o Sporting.

“Durante tantos anos vimos entrar capital através das vendas, a maior fonte de receitas a par da Liga dos Campeões, e de repente encontramos dívidas absurdas. Apesar de um dos clubes recentemente ter tido um perdão de dívida que o põe num patamar desigual”, afirmou, referindo-se ao Sporting.

“Há um lado de governância que terá de chegar ao futebol. A UEFA e a FIFA cada vez introduzem mais restrições, sobretudo no que é paralelo ao futebol, como o agenciamento, agora fala-se em tetos salariais. Há cada vez mais controlo. A próxima década é fundamental para futebol português. Acaba de perder lugar no ranking para a Holanda e pode ser um cozinhar lento do fim do futebol português. Teremos de estar à altura com as medidas certas. A Liga tem estado ativa para tentar acertar as coisas. Há proposta do presidente do Sp. Braga, António Salvador, para reformatar os quadros competitivos. É altura de urgência máxima e, felizmente, na Cimeira dos Presidentes tem-se constatado dinâmica por parte dos presidentes para inverter situação. Fase é de urgência”.

“Há algo fundamental de que é importante ganhar consciência. Os clubes dentro do associativismo estão para terminar, infelizmente, porque se encontram, tirando alguns que estão na elite, como o Real Madrid, enterrados em dívidas, como o Barcelona. O associativismo representa a essência do futebol, principalmente para nós portistas. A invasão das propriedades é o reformatar da cultura do futebol. Representa a chegada de novo investimento, mas representa também a falência das antigas gestões. É um caso sensível. Enquanto consideramos estar virados para a modernidade, haver capital estrangeiro nas SAD’s portuguesas representa o falhar do que aconteceu anteriormente. Entrada de capital é essencial de certa forma, tendo em conta a situação dos clubes portugueses”, concluiu.

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