Escrito por: João Pereira
Anderson Souza Conceição, mais conhecido por Talisca no mundo do futebol, está a ser uma das figuras do nosso clube este ano. Mas, no fundo, o que vale ou poderá valer este jogador? Desde já, sejamos francos, vale o primeiro lugar no campeonato, fruto dos golos e dos jogos que desbloqueia. Mas, também, vemos jogos em que passa completamente ao lado dos acontecimentos, pouco ou nada acrescentando à equipa.
Sendo assim, Talisca tem tido como pontos a favor o fantástico início de época em termos de golos, com uma produtividade de 9 golos em 15 partidas. Para além disso, mostra qualidade no passe e no remate, bem como na marcação de bolas paradas. A sua capacidade de ultrapassar os adversários através de arrancadas, a fazer lembrar um pouco Matic, é também um ponto a favor e prova de que o Benfica tem trabalhado o jogador no sentido de o fazer “encher”, isto é, acrescentar força e potência física à sua estatura elevada. A ideia que fica é que Talisca é sempre muito mais útil a atacar e a construir jogo do que a destruí-lo, sendo que colocá-lo numa posição “6” seria limitar o jogador e privá-lo de apresentar os seus melhores argumentos. O aliciante de ainda ter 20 anos e uma enorme margem de progressão é outro dos pontos a favor e que se deve ter em conta.
A chamada à selecção principal do Brasil deve ser vista, obviamente, com orgulho, mas não com demasiada euforia, pois há imensos casos de jovens promessas brasileiras que chegaram à “canarinha” mas depois as suas carreiras não atingiram o futuro que se lhes augurou (como Thiago Neves por exemplo).
Assim, a verdade é que Talisca já realizou jogos paupérrimos pelo Benfica e, o de Domingo, frente ao Nacional da Madeira, foi um deles. Há jogos em que simplesmente desaparece, não se mostra, decide mal, é lento, parece trapalhão, passa ao lado do jogo. Na Liga dos Campeões, por exemplo, a sua prestação tinha sido uma nulidade até ao bom jogo que realizou na última partida, em casa, frente ao Mónaco. Por vezes fico com medo que Talisca se torne um “Fredy Montero”, isto é, depois de uma entrada fulgurante, o colombiano marcou 13 golos em 12 jornadas da Liga e 3 para a Taça na primeira época pelo Sporting, isto tudo até 8 de Dezembro de 2013…mas ficou por aí, contabilizando, em todas as competições uma incrível série de 26 jogos sem marcar (19 na época passada e 7 na presente temporada), acabando com a enorme seca frente ao Penafiel a 4 de Outubro de 2014. Ou seja, tal como Montero, Talisca está a entrar com fulgor, é uma novidade na nossa Liga e tornou-se destaque. No entanto, pode cair no conformismo e não ter a capacidade de dar o salto quando os defesas começarem a perceber melhor as suas movimentações e barreiras mais difíceis lhe aparecerem à frente. Aliás, nota-se que, em jogos mais complicados, como os da Champions, Sporting, Braga (apesar do golo) ou Nacional, Talisca nunca teve grande destaque, aparecendo pouco em jogo. E em outros, como frente ao Arouca ou Setúbal, estava a realizar exibições bastante pobres, até que chega ao golo e, a partir daí, pareceu impulsionar-se para um nível mais aceitável.
Em suma, Talisca mostra ter qualidade e resolve problemas com regularidade. No entanto, será o suficiente para singrar no Benfica? Estaremos perante mais uma grande jogador brasileiro na linha de David Luiz, Ramires ou Rodrigo? Ou apenas mais um que se lhe reconhece qualidade mas não tem capacidade para dar o salto como Airton, Sidnei, Kardec ou Diego Souza? O tempo nos dirá. Como é é natural, espero que se torne num grande jogador e que dê muitas mais alegrias ao nosso clube. Estou na esperança que chegue a um patamar alto e não perca o fulgor inicial. E como Jorge Jesus parece gostar dele, com certeza que o trabalhará exaustivamente para atingir um nível elevado.
Nota – Depois de uma deslocação difícil o Benfica continua em primeiro lugar, esperemos que assim se mantenha rumo ao objectivo primordial. Força rapazes.
Nota 2 – E que tal José Fonte começar a ser titular da selecção portuguesa juntamente com Pepe?
A subir: Southampton. A equipa de José Fonte segue em segundo lugar, comandando, surpreendentemente, a perseguição ao rival Chelsea (está a quatro pontos de distância). O português é o capitão desta equipa que soube regenerar-se depois de saídas de jogadores tão importantes como Lallana, Ricky Lambert e Lovren (para o Liverpool), de Chambers (para o Arsenal), de Shaw (para o Man. United), de Osvaldo (para o Inter, por empréstimo), entre outros. Para além disso ainda são, até agora, a defesa menos batida da Premier League.
A descer: Atl. Madrid. Os campeões espanhóis perderam frente à Real Sociedad. Conseguirá a equipa de Simeone ter fulgor para conquistar o bi-campeonato?
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