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Escrito por: Duarte Pernes


Não, o FC Porto ainda não disse adeus à Champions. Sofreu, é certo, um duro revés, num jogo importantíssimo que a priori devia ter sido ganho e acabou mesmo por ser perdido, mas nada está definitivamente decidido. A deslocação à Rússia, onde o empate deveria ser suficiente à partida, reveste-se pois de uma importância fulcral para o futuro dos azuis e brancos na maior competição de clubes do futebol mundial. Uma não vitória em São Petersburgo representará, aí sim, a eliminação e um rotundo fracasso num dos objectivos fundamentais da época: a qualificação no grupo, bem entendido. A vitória na final, já o sabemos, é o desiderato de outros emblemas – alguns dos quais nem o Olympiakos conseguem bater em casa.

Do desafio com o Zenith propriamente dito, o princípio serviu na perfeição para ditar e explicar o desfecho do encontro. Ou seja, a ingenuidade de Herrera logo nos primeiros instantes, aliada ao excesso de zelo do árbitro italiano na expulsão do mexicano, inquinaram um encontro entre duas forças que se equivaliam, mas que rapidamente tiveram que rever, por razões opostas, os planos que tinham traçado. A partir daqui, os jogadores do FC Porto transcenderam-se, tiveram uma atitude exemplar, mas na liga milionária não há espaço para contemplações e ficar-se reduzido a dez aos 8 minutos é um golpe demasiado profundo quando, ainda para mais, se mandam duas bolas à barra da baliza adversária. Pode-se também alegar que Paulo Fonseca falhou no timing das substituições, apesar de ter acertado nos atletas que fez sair e entrar, mas não creio que tenha sido por aqui que perdemos o jogo.

Como referi, sem querer com isto estar a crucificar o médio portista, a partida ficou condenada pela exclusão de Herrera. Na verdade, podia também ter ficado marcada pela infantilidade de Otamendi ao permitir que Hulk (vê-lo com a camisola de um opositor directo em pleno Dragão foi das sensações mais estranhas que tive num estádio de futebol, e já estive em vários) se isolasse na cara de Helton, que respondeu com uma soberba intervenção. Podíamos juntar isto ao frango do mesmo Helton no jogo com o Atlético de Madrid e à permissividade que deu o segundo golo aos colchoneros. Até podíamos, inclusivamente, puxar a cassete um pouco mais atrás e recordar o duplo amarelo a Defour em Málaga e do quão condicionador isso foi para as aspirações do FCP. São percalços individuais a mais em jogos demasiadamente sérios e num espaço de pouco tempo.

Contudo, e como também já mencionei, nada disto retira o brio e a galhardia que os campeões nacionais transpareceram. Quando assim é, pouco há a apontar ao colectivo e o aplauso unânime do Dragão após o apito final (não é nada comum, muito menos após uma derrota) é sintomático do que, atendendo às circunstâncias delicadas, foi a atitude do conjunto de Paulo Fonseca. Agora, é necessário materializar em vitórias os próximos embates com Sporting, Belenenses e, mais uma vez, Zenith. O contrário disto transformará tudo o que se passou na passada terça-feira numa vitória moral e esse tipo de “triunfos” não serve para convencer os portistas de coisa alguma.

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