
O melhor marcador da Premier League. Um termo que por definição está associado a um nome que carrega uma parte da história do futebol. Os nomes soltam-se com enorme facilidade da ponta da liga de qualquer adepto do desporto-rei. Fazem parte da história nomes como os de Sir. Bobby Charlton, Thierry Henry, Eric Cantona, Alan Shearer, Aguero, Suarez, Wayne Rooney, Diego Costa e por aí fora. Transfigura-se na nossa mente um jogador de topo, de grande notoriedade, daqueles que fazem salivar qualquer uma de nós quando jogamos FIFA na Playstation. Aquele que faz vender camisolas aos milhões. Aquele que faz um miúdo de rua sonhar durante toda a noite com um par de chuteiras que, quase por milagre, o vão fazer jogar melhor só porque são iguais e tão vistosas como as do seu ídolo.
Jamie Verdy é um nome que certamente causará algum mistério e até alguma indiferença. O que faz este nome associado aos inúmeros e consagrados goleadores da Premier League? A associação é simples, o atual avançado do Leicester é o melhor marcador do campeonato inglês (dez jogos e dez golos), um dado que contribuiu de forma decisiva para o quinto lugar ocupado pela histórica equipa inglesa. O feito é ainda maior pois o inglês só é profissional desde 2011 e em grande parte da sua carreira futebolística partilhou os relvados com uma fábrica que produzia próteses de carbono para auxílio de pessoas com dificuldade de locomoção.
Numa entrevista recente disse num tom humilde: “Costumávamos fazer uma tala de fibra de carbono para ajudar pessoas com dificuldades de locomoção. Aquilo ajudava-as a andar normalmente. Estava a contribuir para a felicidade de alguém, portanto era um bom trabalho, embora fosse muito duro». O primeiro revés apareceu quando foi dispensado do Sheffield Wednesday. Ainda adolescente, viu o seu nome riscado do clube com o argumento de que era demasiado baixo. O próprio relata: “Pelos vistos, era demasiado pequeno. Foi duro porque, um mês após a dispensa, dei um salto no crescimento, mas era demasiado tarde. Nessa altura pensei que tinha perdido a hipóteses de ser jogador profissional de futebol “. Nesta altura, com quinze anos, pensou que nunca mais teria hipótese no competitivo mundo de futebol. Porém, um convite de um amigo para um clube amador e a paixão pela bola mantiveram a chama acesa e continuou a jogar futebol. Dois treinos por semana e jogo ao domingo. O salário que obtinha no futebol era cerca de 140 euros, o que o obrigava a continuar a trabalhar na fábrica de próteses. Entre 2007 a 2010 manteve esta rotina, trabalho e futebol. Algo bastante duro, como descreve na entrevista dada ao The Telegraph. Pelo meio também adquiriu fama de rebelde, quando enfrentou uma queixa por agressão à porta de uma discoteca enquanto, segundo o avançado, “defendia um amigo”.
Em meados de 2010 recebeu uma proposta para jogar pelo Halifax (clube dos escalões inferiores do futebol inglês) e aí decidiu abandonar o seu emprego e dedicar-se a 100% ao futebol. Arriscou, apesar do baixo salário que iria receber. Fez uma época com um número de golos elevado e foi assediado por vários clubes de divisões superiores, acabando por assinar pelo Fleetwood. O seu nome era já sinónimo de qualidade nos meandros do futebol semiprofissional inglês, pois assinou num dia e foi titular horas depois. A sua evolução continuou na primeira e única época em Fleetwood. Marcou 34 golos em 40 jogos. Perante tais exibições, o Leicester foi “obrigado” a pagar a sua maior soma por um “non-league player” (termo associado a jogadores que provêm de escalões amadores de Inglaterra).
Assim, o caminho que o separou desde o pequeno clube do condado de Lancashire até Leicester revelou-se bastante curto. O avançado acompanhou o clube na subida à Premier League. Contribuiu preponderantemente para a luta da manutenção na época passada, e na corrente época já ocupa o topo da lista de melhores marcadores com 10 tentos.
A sua evolução impressionante teve o seu pináculo na última convocatória da seleção inglesa, em que viu o seu nome incluído, sendo também o primeiro a representar o Leiceister na selecção desde 2011 – o guarda-redes Ian Walker havido sido o último.
Por esta altura, o nome Jamie Verdy é tudo menos desconhecido, é visto actualmente como um jogador de excelência e o seu nome já aparece associado a gigantes como o Real Madrid, Liverpool e Chelsea. Dos distritais ao topo da Premier League, uma história apaixonante de um desporto ainda mais apaixonante.
Vídeo com os melhores momentos de Jamie Vardy
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