A 18.ª jornada do campeonato nacional de futebol perspectivava-se exigente para Benfica e Porto, um passeio para o líder Sporting. Todavia, felizmente, no futebol, as camisolas por si só ainda não vencem jogos.
Clube Desportivo de Tondela, a equipa protagonista do fim-de-semana. Tal como na mitologia grega, Hércules, leia-se Petit, usou a inteligência para vencer o leão enfurecido. Enfurecido, de facto, esteve o banco leonino durante a partida com o lanterna vermelha do campeonato. Talvez também surpreendidos pela competência dos tondelenses e, sobretudo, com as acertadas decisões da equipa de arbitragem. Parece-me intelectualmente desonesto discutir o lance da grande penalidade de Rui Patrício, isto é, parece-me ridículo discutir o óbvio. Depois, é o filme que já todos conhecemos: Bruno de Carvalho, candidato ao Oscar, no papel de vilão do futebol português. Um fanático, qual case study patológico. Com sinceridade, entristece-me que o Sporting Clube de Portugal esteja refém deste tipo de capitania. Pior, que tantos e tantos sportinguistas estejam reféns deste modus operandi lastimável e deteriorante. Antes de Bruno de Carvalho, aquele lance era unanimemente penalti. Com Bruno de Carvalho os ponderados tornaram-se fanáticos, alimentados pela diabolização do ambiente no futebol nacional.
O Futebol Clube do Porto pós-Lopetegui não joga bom futebol, o que é aceitável, mas indubitavelmente sente-se que o ar mais está respirável para os lados das Antas. O técnico basco partiu em boa hora, sem lustro nem saudade. Lopetegui hostilizou a imprensa portuguesa na defesa do seu nome, quando ele próprio cavou a sua pesarosa sepultura. Julen criou fantasmas que também só ele conseguiu vislumbrar e fez dos portugueses provincianos sem cultura desportiva. Já quanto ao futebol jogado, o resultado que, apesar de injusto, castigou uma equipa portista sem rumo, com um guarda-redes que de há alguns anos para cá passou de soberbo a banal. Percebemos também com a recente confirmação da contratação de José Peseiro que a estrutura portista falhou o seu plano B, C e D. Por mais qualidades humanas e técnicas que o Peseiro tenha, é notório que o exigente tribunal portista esperava outro nome. Receei Leonardo Jardim, temi sobretudo Marco Silva, treinadores que permitiriam ao Futebol Clube do Porto encarar o restante campeonato com renovadas esperanças. Neste momento parece-me uma solução curta, incapaz de sobreviver à perda do título.
O Benfica entrou na Amoreira galvanizado com o empate do líder Sporting, sabendo, todavia, que não seria uma visita fácil. O Estoril pratica um futebol positivo e detém no seu plantel individualidades com qualidade. O golo sofrido, ainda cedo, relembrou alguns pontos perdidos no passado e um Benfica pouco impetuoso. A entrada de Mitroglou ao intervalo veio trazer maior presença na área estorilista, provando novamente que o grego é o melhor ponta-de-lança da equipa encarnada. Sublinhar também o autor do segundo golo benfiquista, Pizzi, que tem realizado exibições de grande nível. O Sport Lisboa e Benfica venceu, com justiça, e depende apenas de si próprio para conquistar o trigésimo quinto título nacional da sua história. Sabemos, ainda, que os regressos de jogadores vitais podem fazer uma enormíssima diferença nesta segunda volta. Chegou, portanto, a hora da nação benfiquista bater orgulhosamente com a mão no peito. Gritar cada golo até ao arrepiar da alma. É a altura de pintar o país de vermelho novamente. Vamos à luta e viva:
Viva ao Benfica!