Escrito por: Cláudio Moreira
Acabou o sonho. Já não há fantasia que resista à cruel realidade. Depois do já previsível afastamento matemático do título nacional, o FC Porto foi enxotado da Liga Europa por um adversário em quase tudo inferior ao Nápoles; resta-lhe a consolação de ir novamente ao Jamor e disputar a segunda Taça da Liga consecutiva, tendo para isso que ultrapassar Benfica nas meias-finais. Olhando para os momentos anímicos de ambos os lados, não se afigura uma tarefa nada, nada fácil…
Quem me tem lido, sabe que tenho elogiado o percurso de Luís Castro ao comando desta equipa que anda à deriva, sem timoneiro. Gabei-lhe os upgrades que trouxe ao plantel, colmatou algumas das lacunas, pôs os jogadores nas posições indicadas, porém, não há milagres que disfarcem a má preparação e gestão desta equipa no consulado de Paulo Fonseca. Não, as culpas não deverão incidir exclusivamente sobre o ex-técnico – aliás, não deverá ser o maior culpado –, mas também ajudou à festa.
O que se passou em Sevilha foi a demostração dolorosa daquilo que foi o FC Porto durante grande parte da temporada: uma formação desligada, sem alegria, com um défice qualitativo individual e sobretudo colectivo gritante; em suma, um bando de onze jogadores sem saber muito bem o que fazer à bola. Jogos maus todas as equipas têm, até as mais competentes e bem dirigidas. Aquilo a que se assistiu no Sanchéz Pizjuán foi a debacle anunciada que Luís Castro conseguiu esconder desde o momento em que assumiu os destinos da equipa. Só com predestinados como Mourinho, Guardiola ou agora Simeone é que esta situação poderia ser positivamente invertida – e isto não passa de um exercício especulativo – quando estamos já perto do lavar dos cestos.
O que resta agora? Pois bem, pouco mais do que defender com honra a camisola que vestem. É (será?) giro ganhar uma Taça no Jamor e quiçá conquistar a Taça da Liga, mas jamais será suficiente para salvar a época. Liga dos Campeões pouco mais do que desastrosa e uma Liga Europa que ficou um pouco aquém em conjunto com um campeonato que nem nos piores sonhos se concretizaria serão sapos muito difíceis de engolir. Os jogadores têm o estímulo (pelo menos antigamente funcionava assim…) de ainda defrontar o Benfica por três ocasiões – duas delas podem significar a passagem a finais –, o que equivale por dizer que se pode tirar a barriga de misérias, ainda que isso não encha o bandulho; chamemos-lhe um prémio de consolação.
Seja como for, corra bem ou corra mal nas duas Taças que estão em disputa, é necessário estar já a preparar o que aí vem. A época 2013/2014 foi uma das piores de que tenho memória (talvez a pior se avaliarmos o cômputo geral da situação) e urge dar uma resposta à altura dos pergaminhos do FC Porto. Recorrendo a um slogan utilizado pela própria estrutura do clube, não importa como se cai, o importante é a forma como se responde a essa queda.
Por isso, espero que desta vez os milhões sejam utilizados em jogadores de craveira indiscutível, que não necessitem de períodos de adaptação e que sejam desde logo mais-valias. Este ponto é por demais importante dado que as saídas de Jackson Martinez, Fernando e Mangala vão deixar um buraco ainda maior do que aquele que já existe. Portanto, há desde logo 5 ou 6 contratações que não podem falhar, no caso de este cenário se proporcionar.
A meu ver, as posições que precisam de ser acauteladas são as seguintes:
i) Defesa esquerdo que faça sombra a Alex Sandro. É incrível a diferença de rendimento nesta e na época passada. Daí que um novo lateral seja importante, pois pode ser alternativa quando Alex se sentir cansado e/ou amuado, como que a fazer um frete tremendo.
ii) Um central com qualidade de se afirmar desde logo. Com a ascensão de Reyes e a saída mais do que provável de Mangala, restam-nos o titubeante Maicon e Abdoulaye, que ultimamente parece que joga com duas torradeiras em vez de dois pés. Mas ainda mais importante é reformular um processo defensivo que Paulo Fonseca assassinou; bons intérpretes ajudam.
iii) Um substituto à altura de Fernando. O polvo é com certeza o elemento mais difícil de repor no trio de jogadores que estão à porta da saída. É um elemento que enche o campo, destrói como ninguém, corre mais do que todos, equilibra de forma divinal e dá tudo o que tem pela camisola. Pedro Moreira será um razoável substituto desta contratação que não pode de forma alguma falhar!
iv) Um extremo com inegável qualidade. A entrada de Quaresma veio atenuar a carência, mas parece-me mais do que óbvio que é necessário um homem cujas qualidades sejam inatacáveis. Chega de Licás e Djalmas e miúdos que têm tanto de irreverentes como de intermitentes! Aumentem o preço das quotas, façam acordo com um fundo ou com o BMG, o que quiserem desde que se contrate um desequilibrador ao serviço da equipa!
v) Por último, face ao iminente abandono de Jckson Martinez, é também preciso adquirir um novo ponta-de-lança. Temos ali uns miuditos a despontar na B, Ghilas é um bom elemento (terá traquejo para se assumir como titular no centro do ataque na próxima época?), mas não podemos ir para uma longa guerra com taças, campeonato e competições europeias despojados de talento na posição de avançado.
Vamos lá, vamos lá a trabalhar com afinco, que não há portistas que aguentem dois anos seguidos de frustração.
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