Escrito por: Duarte Pernes
Parece que não há volta a dar ao futebol portista. As más exibições acumulam-se, as falhas que as originam também se mantêm inalteradas, o duplo-pivot veio para ficar, Paulo Fonseca “morrerá” com ele (resta saber quando), os jogadores novos pouco ou nada evoluem e o estado de espírito dos adeptos vai variando entre o conformismo e a exasperação.
O que em cima escrevi serve de síntese para um problema que se desdobra em dois aspectos evidentes e fundamentais: o desportivo e o financeiro. O primeiro é o mais fácil de identificar. É certo que o FC Porto segue em todas as frentes (ainda que, em termos europeus, tenha sido relegado para uma espécie de “segunda divisão”), mas seria realista e exigível pedir mais e melhor em todas elas. De facto, o futebol jogado não convence e repercute-se no terceiro lugar do campeonato e, igualmente, na incerteza que cada portista traz em si de cada vez que se desloca ao estádio para ver o seu clube jogar, seja contra que adversário for.
Neste capítulo, aos tri-campeões nacionais vai valendo um Sporting em reconstrução e um Benfica, também ele, longe de convencer. Reconheça-se que se, por um lado, vai faltando quase tudo ao Porto – inclusive arbitragens que não o condicionem e prejudiquem –, o eterno rival azul e branco pratica o futebol mais fraco do consulado de Jorge Jesus, mesmo que conte com “a melhor equipa dos últimos 30 anos”. Portanto, se este FCP tem sido fraquinho, também é um facto que os outros são pouco ou nada melhores.
Por outro lado, como referi, os fracos desempenhos desportivos e os factores que os originam, ameaçam causar danos naquele que é o modelo de negócio praticado e consolidado pelos dragões desde há vários anos. Uma vez mais, para lá da ausência das receitas provenientes da Champions, está uma subvalorização vertiginosa de activos que, é justo dizer-se, não começou agora e vem já de há três temporadas.
Assim, fazendo apenas umas contas de merceeiro e comparando com épocas pretéritas, não é difícil concluir que o actual modus operandi da SAD azul e branca terá de sofrer um reajuste. Uma readaptação que, espero eu, não seja radical porque corroboro os princípios gerais do modelo em vigência e acredito ser o melhor para, nos tempos actuais, manter o clube hegemónico em Portugal e competitivo nas provas europeias. Urge, no entanto, rever sobretudo o tipo de treinador a contratar. Para ser mais concreto, é necessário alguém – português ou estrangeiro – com um desenvolvimento minimamente sustentado na sua carreira e que não só cumpra com os objectivos desportivos, como consiga potenciar e fazer render os jovens valores de que dispõe.
Visto assim tudo aparenta ser simples, bem sei. E também sei que a realidade é infinitamente mais complexa e que é impossível acertar-se sempre. Da mesma forma, compreendo que circunscrever quase tudo à questão da figura do treinador é redutor. Mas antes de mais nada, parece-me indispensável que arranjemos um corpo técnico que consiga, no mínimo, não ser eliminado em grupos com o Apoel e o Áustria de Viena. A partir daqui, talvez não passemos a ter o paraíso na terra, mas é o suficiente para que haja um pouco mais de paz.
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