Escrito por: Cláudio Moreira

Apesar do clima amistoso entre FC Porto e Sporting – que deu azo a várias trocas de jogadores –, do recente percurso menos brioso e da sua actual classificação dos verde e brancos, considero que a equipa leonina continua a ser um rival directo. Pela sua história, pelo seu nome e pelos jogos intensos protagonizados no passado, é injusto colocar o Sporting num patamar secundário, embora os Bettencourts e Godinhos Lopes desta vida tenham feito quase tudo para que isso acontecesse.

Feito este preâmbulo, partilho com aos meus leitores um sentimento que me vem apoquentando em relação ao Sporting: há muito que sinto necessidade de maltratar o Sporting. Dentro do campo, como é óbvio, porque fora dele os próprios dirigentes têm brindado o clube com autênticas práticas de tortura chinesa.

Este estado de alma advém sobretudo porque, reiterando a ideia acima veiculada, ainda nutro pelo Sporting um sentimento de rivalidade intensa. Há uns anos ganharam-nos por 3-0 com Carlos Carvalhal no comando da equipa e impediram uma série de troféus de serem conquistados – com realce para aquela final da Taça que jamais esquecerei, em que Tiuí fez o que jamais havia feito. Mais a mais, só me recordo de uma partida em que o Porto tenha massacrado efectivamente os opositores de Alvalade. Foi no Dragão, jogava-se a época 2009/2010, e o Sporting foi cilindrado por 5-2 numa eliminatória da Taça de Portugal.

Por estas razões, sinto um amargo de boca no que diz respeito aos resultados frente ao Sporting. Carece um ajuste de contas pelo passado recente. Como diria Mourinho, este Sporting ainda não pagou a factura pela ousadia que teve. Até hoje, apenas “pagou” com as transferências de Varela, Liedson, Izmaylov e Moutinho. E, de facto, não sinto o mesmo em relação ao Benfica. E é fácil de explicar. Porque os outros membros da Segunda Circular são os convidados de honra das nossas festas. Foram vítimas em inúmeras ocasiões. Ora levam goleadas com frequência, ora vamos à Luz mostrar com categoria como se ganha, ora vencemos Supertaças em catadupa. É um fartote. E que assim continue. Nunca é de mais festejar nestas circunstâncias.

Em relação ao Sporting, não sinto nada disso e só Deus sabe como me penitencio por essa carência. E suspeito que ainda não vai ser amanhã que esta dívida vá ser saldada. Parece que quanto mais fraco o Sporting está, melhor réplica oferece ao Porto. Vejo já muitas pessoas – de todas as cores clubísticas – a apostar por quanto vai o FC Porto golear este Sporting demasiado mesclado com jogadores com carreira solidificada e jovens com um futuro bem risonho à sua frente. Penso que é um optimismo desmesurado, que não faz sentido. O Sporting está débil, mas não está morto.

Eu já me convenci de que vai ser um dos jogos mais difíceis da temporada. Como bom portista, estou confiante na vitória, nem poderia ser de outra forma. Contudo, diz-me o meu sexto sentido de que será uma vitória tangencial, pela margem mínima e que será o cabo dos trabalhos para a conquistar. É esta a minha previsão: um jogo difícil, duro, quezilento, que exigirá o melhor de cada um dos jogadores e do próprio treinador. Seja como for, que amanhã sejamos Porto!

 

Nota 1: Muito bem Vítor Pereira na conferência de imprensa a responder à letra a Jorge Jesus. Ripostou à altura e com elevação e fez ver a todos os adeptos que as suas capacidades comunicativas estão afinadas.

Nota 2: Depois de bater o Benfica nas meias-finais da Liga Europa de há dois anos, o Braga prega nova partida ao Benfica e deixa os encarnados de fora da sua competição favorita, ao ganhar o jogo nas grandes penalidades. O destino prega-nos cada partida… E Jorge Jesus comprovou isso mesmo com a pesporrência do costume na flash interview.

Nota 3: O Benfica adquiriu o direito de transmissão exclusivo da Premier League e já se vêem os adeptos a deitar foguetes. Eu, antes de tudo, tentaria compreender os contornos do investimento antes de fazer qualquer festa. Seja como for, fica a pergunta: até quando “Benfica TV” será a denominação deste canal?

Nota 4: Wolfswinkel, a propósito do clássico de amanhã, disse que “eles [FC Porto] têm de ganhar e nós [Sporting] queremos ganhar (…)”. Daqui se extrai uma ideia simples: não são os outros que desvalorizam o Sporting, são os seus próprios activos que menorizam a instituição.

Nota 5: Um mimo para os sportinguistas que vieram aqui ler-me.

 

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