Mais uma vez estamos lá

portugalfesta
Quem diria… Quem diria que aproximadamente um ano atrás Portugal iniciava a sua fase de apuramento com uma derrota diante da Albânia. A ressaca da péssima prestação no Mundial do Brasil ainda estava presente, era como aquela dor de cabeça e mau estar após uma noitada com os amigos. Com uma diferença: o que antecedeu a dor de cabeça não foi nada divertido, bem pelo contrário, foi muito mau. Paulo Bento aguentou-se no cargo mas no início da fase de qualificação a derrota caseira frente à Albânia atirou-o borda fora. Empurrado? Talvez, eram muitos as faces do descontentamento. Ronaldo era a principal, o melhor do mundo não escondia muito o seu “mal-estar” pelas convocatórias de Bento e acredito que tenha contribuído de forma decisiva para o seu afastamento.
O senhor que se seguiu foi Fernando Santos, escolhido por outro Fernando, o Gomes. O Sr. Engenheiro rompeu de imediato com as ideias do seu antecessor e rapidamente estruturou a equipa noutro sentido, recuperou alguns “excluídos”, como Tiago, Bosingwa e Ricardo Carvalho e ainda foi capaz de oferecer a várias caras novas internacionalizações – José Fonte, Bernardo Silva e Adrien são um exemplo claro da nova gestão.
A aposta do Presidente da Federação não podia ter sido melhor. 7 vitórias após 7 jogos de qualificação. A primeira vitória foi no difícil terreno dinamarquês. Quem não se lembra da finta de Quaresma no flanco direito e o cruzamento para Ronaldo que aparece tipo bombardeiro para de cabeça acabar com a resistência dos nórdicos ao minuto 92? Foi difícil? Portugal jogou mal? Sim, mas no fim ganhou e o mais importante estava conseguido. Os jogos seguintes comprovaram a mudança de ciclo, vitórias diante da Arménia, Sérvia e Albânia e novamente sobre a Dinamarca, esta última carimbando o passaporte para França.
Desta vez, Portugal afastou-se da sua história, deixou a calculadora em casa e avançou sem percalços para o Euro. 7 contas de somar e uma de subtrair, simples até para um aluno do ensino básico. A contabilidade fácil esconde, e pode facilmente ofuscar, o bom trabalho de Fernando Santos. A seleção é atualmente um equipa onde são convocados os melhores e não apenas aqueles que são representados pelos melhores ou por um determinado interesse (quem se lembra de Licá a internacional?) A forma hábil como os nomes consagrados Ronaldo, Tiago, Moutinho, Carvalho e outros se juntaram à nova vaga de jogadores do futebol português representada por Bernardo Silva, Danilo, João Mário e Raphäel Guerreiro foi perfeita. A seleção das quinas é atualmente uma equipa bastante equilibrada e com enormes opções e sem nomes riscados à partida. Aparentemente nesta qualificação foram convocados aqueles que realmente mereciam representar Portugal. O selecionador não se limitou a não utilizou qualquer outro critério que não fosse a capacidade de o selecionado acrescentar qualidade à equipa e à sua ideia de jogo.
Agora em 2016, em França, está à nossa espera o Europeu. Será desta que vamos conseguir um título internacional na categoria de seniores? Será desta que o melhor jogador do mundo consegue conquistar um dos poucos títulos que lhe faltam? Eu não consigo afirmar que seremos um dos favoritos, mas posso, e consigo dizer com toda a segurança, que a prestação de Portugal será boa e vamos ser capazes de nos aproximarmos dos favoritos. Ganhar é possível, mas é bem mais importante manter a cabeça fria e preparar com toda a calma esta grande competição. Histeria e vitórias antecipadas geralmente resultam em maus resultados.