Léo Bonatini: Estoril é a praia dele

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O melhor cartão-de-visita de um ponta-de-lança são os golos. Aos 21 anos, a cumprir a segunda temporada ao serviço do Estoril, Léo Bonatini vem demonstrando que é um dos projectos de avançado mais interessantes do nosso campeonato.
A comprovar esta ideia está o hat-trick alcançado na última jornada frente ao Vitória de Setúbal, uma das boas surpresas deste campeonato; aliás, foi precisamente este feito que possibilitou a Bonatini ser considerado o nosso destaque da semana em terras lusitanas, sucedendo ao extremo Pedro Santos, ainda que nas 5 jornadas anteriores não tenha feito o gosto ao pé.
Bonatini é um avançado com características interessantes: possante (185 cm), mas sem aquela característica de ‘pinheiro’ à espera da bola para finalizar; pelo contrário, é um avançado que ajuda nos processos ofensivos e que tem uma capacidade de finalização apreciável, daí que seja o quinto melhor marcador do campeonato com 13 golos, ex-aequo com Rafael Martins, do Moreirense, com mais dois golos do que Aboubakar e com menos um do que Mitroglou. Nas restantes competições também molhou a sopa: dois golos na Taça de Portugal e um na Taça da Liga.
A influência do avançado brasileiro no Estoril é bastante assinalável. Para comprovar este facto, basta dizer que mais de metade dos golos da equipa da Linha (52%) saem dos seus pés. Mais nenhuma equipa do campeonato tem um jogador no plantel que possua maioria absoluta no que toca à obtenção de golos – um dado que o coloca num patamar de excelência, daí que o propalado interesse do Sporting no seu concurso não seja surpreendente. Outro número que importa destacar é que Léo Bonatini é, a par de Slimani, o jogador que mais golos marca e que acabam por valer pontos, cerca de três.
O presente de Bonatini é comprovadamente positivo e o futuro pode muito bem ser ainda melhor num clube com outra projecção. Mas desengane-se quem pensa que o jovem avançado é um novato nestas andanças. Formado no Cruzeiro de Belo Horizonte, começou a despontar aos 18 anos. De tal forma que chegou a jogar na equipa sub-19 da Juventus, partilhando o balneário com Daniele Rugani, defesa central que faz parte do plantel da Vecchia Signora. Apesar de ter sido uma experiência pouco conseguida, não deixa de ser um marco positivo na sua carreira.
Antes da mudança para Itália, Bonatini arrecadou um campeonato Sudamericano sub-17 pelo Brasil, o que comprova que desde cedo estava destinado para altos voos. Após a experiência transalpina, o ponta-de-lança regressou ao Cruzeiro e foi emprestado ao Góias sem grande sucesso. Apareceu, então, nova oportunidade na Europa, desta feita em Portugal, ao serviço do Estoril.
Na primeira temporada nos estorilistas, Léo Bonatini concretizou somente 4 golos. Isto porque não era titular absoluto, longe disso. A titularidade estava a cargo de Kléber e não era fácil contrariar o estatuto do ex-jogador do FC Porto. Na segunda época, assumiu-se como um indispensável para Fabiano Soares e é o destaque principal de um Estoril que está a fazer um campeonato calmo, porém titubeante.
E por falar em Kléber, este é um fantasma que Bonatini terá que exorcizar. É que o seu compatriota não conseguiu afirmar-se num clube de outra dimensão, neste caso o FC Porto, apesar de todo o talento que lhe era reconhecido no Marítimo. O jovem do Estoril encontra-se em circunstâncias idênticas: porte físico, mobilidade interessante, talento por potenciar, juventude e trabalho bem executado num clube cujas ambições passam pela luta por uma vaga nas competições europeias. Espera-se, no entanto, que uma eventual mudança para um palco de maior destaque corresponda às expectativas que Bonatini tem criado.