GR sai da baliza e vai assistir adepto adversário, o árbitro deu cartão…branco
2 min readLuís Rodrigues guarda-redes do AC Travanca, por muito anos que continue a jogar, e seja qual for o patamar, dificilmente fará melhor defesa do que aquela que protagonizou na quinta-feira, quando a sua equipa recebeu o GD Parada e ambas ainda lutavam pela promoção na 1.ª divisão distrital de Viseu, na fase de Apuramento do Campeão.
O encontro no Estádio do Ribeiro, em Travanca de Bodiosa, Viseu, aproximava-se do minuto 90 e com o resultado em 2-2 (já não sofreria alterações) quando um adepto da equipa visitante se sentiu mal na bancada improvisada – os jogos não podem ter público, mas do lado de fora do recinto há um morro, numa zona de pinhal, pelo qual os adeptos se distribuem para assistir. As pessoas que estavam próximas tentaram de imediato ajudar o referido adepto, mas, sem formação para o fazerem e com medo que a situação se complicasse, chamaram com urgência Luís Rodrigues.
«Comecei a ouvir gritar pelo meu nome e quando vi alguém de joelhos, em dificuldade, foi instintivo. Saí da baliza e fui a correr para dar assistência. No início ninguém percebeu o que estava a passar-se. Nem os meus companheiros, nem o treinador, nem o árbitro, que só depois é que acabou por interromper o jogo. Tratava-se de um senhor com os seus 32 anos que estava a ter um ataque de epilepsia. Tinha acabado de ter uma convulsão e estava desorientado, normal. Fiz a avaliação, ajudei à estabilização e dei indicações sobre como as pessoas que ali estavam deviam proceder no caso de nova convulsão, até à chegada da ambulância. Fiz o que tinha de fazer, é o meu dia a dia. O senhor chegou estável ao hospital e o importante é que esteja bem», conta a A BOLA o keeper, que faz parte dos Bombeiros Voluntários de Viseu, como tripulante de ambulância de socorro, razão pela qual foi chamado.
Ao voltar ao campo, para o jogo ser retomado, teve uma surpresa. «Quando vi o árbitro a vir na minha direção e a levar a mão ao bolso pensei mesmo que ia expulsar-me por ter abandonado o campo daquela forma, mas não. Disse-me: ‘Isto é apenas um ato simbólico, mas é justo’. E mostrou-me o cartão branco», recorda. Trata-se de um cartão pedagógico que visa reconhecer e destacar atitudes e comportamentos eticamente relevantes (atos de fair play, no fundo) por parte dos diversos agentes desportivos.