Escrito por: Cláudio Moreira
Antes de mais, há que atribuir o mérito a quem o tem: parabéns aos jogadores e parabéns a Julen Lopetegui. São os principais responsáveis pelo melhor momento da equipa nesta temporada.
Na minha visão, temos que ser pragmáticos nas análises. É de bom tom elogiar quando tem que ser e não devemos guardar as críticas quando as coisas não correm bem. Desta forma, se no passado critiquei Lopetegui por diversas razões, hoje tiro-lhe o chapéu pelo que tem alcançado nos últimos jogos. Em perspectiva, estava um ciclo infernal: duas deslocações a campos não só tradicionalmente difíceis, mas também com equipas com uma génese batalhadora (Boavista e Braga) e uma recepção a um Sporting com aspirações a algo mais do que o terceiro lugar após um desaire europeu.
Curiosamente, ou talvez não, o jogo do Bessa foi o que criou mais embaraços ao FC Porto; por um lado, apenas chegou ao golo cerca do minuto 80 e, por outro, ainda permitiu uma boa oportunidade à equipa de Petit para marcar. Nos outros dois encontros, o domínio portista foi avassalador. Nem Sporting nem Braga conseguiram sequer fazer comichão na defesa azul-e-branca, ainda que a equipa não tenha começado muito bem o processo de circulação da redondinha nos dois jogos. Aliás, do ponto de vista doméstico, desde o desaire com o Marítimo que o FC Porto não sofre qualquer golo – Lopetegui finalmente percebeu que não pode mexer na defesa só porque sim e os resultados estão à vista.
O crescimento do FC Porto está à vista. E começa a assustar muita gente. De tal forma, que o director de comunicação do Benfica foi a correr a Espanha para desmentir uma notícia que dava conta dos favores arbitrais ao líder do campeonato. Anda tudo muito nervoso. E não é caso para menos. O FC Porto leva de vencida o Braga, que tem um plantel com bastante qualidade, sem Óliver e numa altura em que se viu privado de Jackson. O mesmo é dizer que derrotou uma equipa fortíssima sem dois dos principais motores da temporada, o que eleva ainda mais a competência actual no clube.
Porém, o mais surpreendente foi a saborosa vitória no clássico. Ainda houve quem desse a desculpa de que o Sporting estaria cansado do jogo europeu. Enfim, uma desculpa mal-amanhada para retirar o mérito aos dragões que fizeram por merecer mais do que o 3-0. A este propósito, fui tirar a limpo essa historieta do cansaço e fiz umas continhas: ora, exceptuando os guarda-redes (não se cansam assim tanto), os 13 jogadores que Marco Silva fez alinhar tinham um total de 24.832 minutos de competição antes do jogo no Dragão; os 13 jogadores que Lopetegui fez alinhar tinham acumulado até ao clássico 25.479 minutos. Elucidativo…
Posto isto, é evidente que o FC Porto atravessa o seu melhor momento. 6 vitórias seguidas no campeonato, com um parcial de 14 golos marcados e 0 sofridos, atestam bem a actual forma da equipa. Mais do que isso, apraz-me ressalvar que o fantasma dos jogos difíceis sumiu. Até ao jogo com o Sporting, nem uma vitória num jogo teoricamente complicado tinha sido alcançada. Vieram duas seguidas (ou três, para quem acha que este Boavista é uma equipa muito complicada) e numa altura óptima.
Para esta actual circunstância, em muito contribuiu Tello. Com um rendimento titubeante, o extremo espanhol ainda não tinha convencido. Decidiu aparecer agora. E em boa altura o fez. É deste Tello que precisamos. Que cara-a-cara com o guarda-redes não falha. Que se desmarca na altura certa quando é solicitado pelos colegas. Que não se atrapalha com a bola quando tem de tomar uma decisão. Agora sim está a fazer jus às expectativas criadas. Que não falte a Tello motivação para continuar com este rendimento, pois a nós, adeptos, não nos falta vontade de o ver brilhar desta maneira.
Como não há bela sem senão, o último fim-de-semana trouxe uma notícia trágica. Jackson Martinez, o melhor jogador a actual em Portugal, saiu lesionado de Braga e ameaça perder algumas partidas. Podemos sempre relativizar a acreditar que o nosso ponta-de-lança suplente, o africano com nome de stand de automóveis, vai triunfar. Eu também quero acreditar que sim, mas temo que haja um FC Porto com Jackson e outro sem ele. A dinâmica que imprime no jogo ofensivo é única e é um daqueles casos em que parece insubstituível. Oxalá Aboubakar e/ou Gonçalo Paciência confirmem em definitivo as boas indicações que deram até agora.
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