Escrito por: Duarte Pernes

O empate que o FC Porto consentiu na Madeira, diante do Marítimo, não atira os dragões para fora da discussão do título, mas dificulta bastante a vida no que falta jogar até final da época. O título nacional poderá chegar, mas aos olhos dos adeptos esta será uma temporada (mais uma!) soluçante e de um futebol altamente irregular.

A continuidade de Vítor Pereira no comando do FC Porto volta a estar em discussão, mas desta vez o actual treinador não conta com as desculpas que lhe valeram em tempos. Pessoalmente estou à vontade, pois já este ano lhe reconheci mérito e valor pelas boas exibições (que ainda assim não foram tantas quanto podiam e deviam). Vítor Pereira não dispõe de um plantel vasto, mas este não é tão curto quanto parece e, por outro lado, todos nos recordamos do que se passou quando, na última temporada, a equipa apresentava um cardápio de opções mais variado. Neste momento, os jogadores estão completamente esgotados e a rotatividade é quase nenhuma. Não há nada que possa justificar isto. Aliás, esta época apenas serve para demonstrar que os argumentos usados no passado em defesa de Vítor Pereira, e que se centravam na falta de um bom ponta de lança e na existência de um grupo de futebolistas contrariados, eram redutores. Redutores e falaciosos.

Bem sei, contudo, que o treinador não é o único culpado por este estado de coisas, mas é quanto a mim o principal responsável. Já perdi a conta ao número de jogadores dispensados desde há dois anos a esta parte. Considero que Vítor Pereira já teve tempo, espaço e oportunidades mais do que suficientes para fazer muito melhor. Teve tempo, pelo menos, para aprender que os sucessivos disparates que tem dito nas conferências de imprensa não colhem junto de ninguém; teve espaço para pensar duas vezes antes de vir fazer comentários sobre jogos que só ele viu, porque aqueles em que o FC Porto participou foram bem diferentes dos seus relatos; teve oportunidades, finalmente, para entender que no melhor clube português só em casos extremos (como o que se passou em Campo Maior, corria o ano de 2000) a arbitragem, o estado do relvado ou os sortilégios próprios do futebol podem servir como justificações mínimas para os desaires.

Além disto, há uma resignação e uma tristeza latentes na massa associativa portista. Não vemos manifestações de revolta (o que se passou no aeroporto foi claramente uma infeliz excepção), nem grande contestação. Não quero com isto dizer que tal seja desejável. É óbvio que não é, mas os sócios do FC Porto estão acabrunhados, amorfos e anestesiados, o que também está longe de ser saudável. As sete jornadas que ainda faltam impedem juízos definitivos, e ainda bem. Porém, o portismo não gosta deste futebol, não compreende as opções deste treinador e não quer isto. Nós não queremos isto!

Longe de mim estar para aqui a armar-me em provedor do Dragão, mas não sinto que esteja a ser pretensioso ao afirmar que é esta a sensação que invade todos os sectores de todas as bancadas daquele estádio. Condicionar a gestão desportiva de um clube aos humores dos associados é perigoso e reprovável, mas alinhar por uma posição autista que pura e simplesmente ignore a opinião destes, também. 

 

 

Saudações

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