O FC Porto, pela voz de Francisco J. Marques, director de comunicação do clube, insurgiu-se contra aquilo que apelidou de “esquema de corrupção para beneficiar o Benfica”.
No programa Universo Porto, transmitido no Porto Canal, Marque denunciou emails trocados entre Pedro Guerra, director da Benfica TV e comentador afecto ao tetracampeão na TVI 24, e Adão Mendes, antigo árbitro de Braga.
“Em fevereiro de 2014, Adão Mendes, um ex-árbitro de primeira categoria, mandou um email ao Pedro Guerra a dizer que «não podemos ser mansinhos»”, principiou o director portista. E prosseguiu depois: “Na terça-feira, 28 de janeiro de 2014, no primeiro campeonato do tetra, há este e-mail: «Não temos de ser mãezinhas, temos de usar a inteligência a nosso favor. Confidencial: o [Manuel] Mota ganhou o processo. O primeiro-ministro é um grande homem e um grande líder, conheço as suas capacidades. O Benfica manda mesmo e os outros já não mexem nada. Dizem os grandes sábios dos painéis que algo está a mudar. Este espaço foi conquistado com muito trabalho do primeiro-ministro. Temos de rezar e cantar bem. Quanto às missas, temos bons padres para todas».
O “primeiro-ministro”, claro está, seria uma alusão a Luís Filipe Vieira e não a António Costa ou Pedro Passos Coelho, que na altura dos acontecimentos chefiava o governo. Os “padres” seriam os árbitros numa linguagem codificada.
Mais tarde, Francisco J. Marques nomeou os árbitros alegadamente condicionados e controlados pelo Benfica, em mais uma troca de correspondência entre Adão Mendes e Pedro Guerra:
Temos hoje árbitros que, não sendo internacionais, têm demonstrado excelentes prestações: Bruno Esteves, Manuel Mota, Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Vasco Santos, Hugo Pacheco, Rui Silva e Paulo Baptista, que está a fazer uma excelente época.
“Hoje, quem nos prejudicar sabe que é punido”, terá sido outra das citações proferidas pelo ex-árbitro ao comentador benfiquista.
“Eram árbitros que estavam ao serviço do Benfica. Não temos de ter ilusões sobre isto. Isto prova que há um esquema de corrupção para beneficiar o Benfica. Isto não é inventado por nós. Agora temos de esperar que as autoridades, que têm fingido que não se passa nada, façam algo. Isto não é falso, isto é verdadeiro”, asseverou Francisco J. Marques que nas últimas semanas tem explorado temas que visam o Benfica e os alegados esquemas que usa para exercer influências em vários agentes do futebol nacional.