Escrito por: Duarte Pernes
Mais um empate para o campeonato e outro para a Champions. Por cá, o FC Porto conseguiu a proeza de encurtar de quatro pontos para um a distância para os seus rivais de Lisboa. Fê-lo concedendo empates absurdos, contra equipas que estão a anos-luz de se poderem intrometer nas contas do título. Na Europa, nem o deslize do Zenit serviu de tónico para que os campeões nacionais fossem capazes de cumprir o seu dever e levassem de vencida o modesto Áustria de Viena. Torna-se assim difícil a vida para Paulo Fonseca, que está prestes a falhar a passagem para os oitavos de final da liga milionária, um dos grandes objectivos da época. A qualificação ainda é possível, mas pedir a esta equipa uma vitória no Vicente Calderón, frente ao Atlético de Madrid, é pedir muito, é pedir demais.
Neste FC Porto o que é verdadeiramente aflitivo é a incapacidade da equipa ganhar, de uma vez por todas, alguma estabilidade exibicional durante os 90 minutos. O conjunto azul e branco parece uma daquelas crianças pequenas que se encontram ainda a aprender a dar os primeiros passos: levanta-se, cai, põe-se de cócoras e, quando parece que se vai reerguer para caminhar de forma segura, volta a estatelar-se ao comprido. Estamos a chegar à paragem natalícia, o primeiro terço do campeonato está concluído e não há nada que possa justificar tamanha desordem e irregularidade. Nem sequer uma ou outra lacuna no cardápio de opções com que o treinador conta, mas a isso já lá chegarei.
De facto, ao plantel de Paulo Fonseca parece que falta muita coisa, a avaliar pela baixa qualidade exibicional. No entanto, começo a perguntar-me se tal não se deve sobretudo ao fraco rendimento que o treinador extrai do grupo de jogadores de que dispõe e às poucas oportunidades concedidas a determinados elementos do mesmo. Carlos Eduardo poucas vezes é opção; Ghilas agora está lesionado, mas mesmo quando se encontra disponível só conta em caso de desespero e nos minutos finais; a Kelvin é mais fácil encontrá-lo no museu do clube ou na equipa B do que em jogos da formação principal. A juntar a isto, a disposição do meio-campo continua a funcionar mal e, além do mais, permanece sem haver uma definição clara sobre qual o médio que acompanha Fernando.
É verdade, porém, que Paulo Fonseca se pode queixar da falta de um extremo de qualidade inquestionável, que desequilibre e abra brechas nas defesas contrárias. Este é um problema que o regresso de Quaresma em Janeiro dificilmente solucionará – porque não acredito que o Harry Potter fisicamente esteja bem e, apesar disto ser recuperável, também não creio que haja da parte do jogador força mental para se “reabilitar”. Só que até por isto mesmo convinha que o treinador, para além de potenciar as qualidades que a equipa apresenta (e não complicasse o que não tem de ser complicado), soubesse disfarçar as carências mais prementes. Nada disto tem ocorrido e o ciclo do actual técnico dos dragões só não está já preso por fios ténues porque Pinto da Costa é avesso a mudanças e por alguma coerência da SAD com o passado recente (embora mesmo essa comece a perder sentido).