Calma, o título é honesto. Pelo menos do meu ponto de vista. Olhando para o percurso trilhado na era Vítor ‘Fomos Porto’ Pereira, quero do fundo do coração que o Porto jogue mal. E porquê? Porque normalmente uma exibição fraca redunda em 3 pontos conquistados. Isto vem um pouco no sentido do artigo que escrevi na semana transacta, a propósito das vitórias morais. Façamos uma viagem ao passado e, consequentemente, um exercício de pragmatismo.
Os primeiros jogos importantes da época, a supertaça em Aveiro e a supertaça europeia no Mónaco, tiveram incidências e desfechos díspares. Frente ao Vitória de Guimarães, o Porto fez um jogo muito sofrido, com o beneplácito de um Pedro Proença (olha quem é ele!) que perdoou pelo menos três grandes penalidades, mas lá acabou por somar mais um título ao seu palmarés; já contra o Barcelona, rezam as crónicas que o Porto, mediante os constrangimentos de que padeceu, fez uma exibição aceitável perante o adversário mais temível das últimas décadas. Resultado: derrota.
Ao nível do campeonato, contra os dois crónicos candidatos ao título, ou melhor, contra as duas equipas que mantêm o estatuto de ‘grande’, ou melhor, contra as equipas que têm por objectivo conquistar o campeonato… bem, contra Benfica e Sporting, o Porto deste ano não foi nem carne nem peixe; não jogou relativamente bem, nem rubricou exibições condenáveis. Resultados: empatou as duas partidas.
Na Liga dos Campeões, o Porto esteve na corda-bamba e para sonhar com um apuramento para a fase seguinte teria de ganhar na Ucrânia e no Dragão os jogos que faltavam disputar. Na partida contra o Shakhtar, os jogadores do Porto livraram-se de boa de um resultado negativo, ganharam, é certo, mas os deuses do futebol estiveram com o Porto, pois a fortuna foi por demais evidente. E a má exibição também; já o desafio que nos oporia aos russos foi considerado o melhor até hoje. O Porto jogou muito bem, circulou a bola convenientemente e criou inúmeras chances de golo. Resultado: empate e despromoção para a Liga Europa.
Já que falamos do segundo troféu mais importante a nível de clubes, podemos ainda referenciar a eliminatória com o Manchester City. Houve, particularmente na segunda mão, um açambarcamento do jogo por parte do Porto: jogou, fez jogar, encostou os craques de Mancini às cordas, teve uma posse de bola demoníaca e obrigou o treinador dos citizens a substituições defensivas. Resultado: derrota por 4-0.
Por tudo isto, por respeito a esta espécie de tradição Vítor Pereirina, vou ficar a rezar para que o Porto falhe passes em catadupa, que não controle o jogo, que dê a iniciativa ao adversário. Se assim for, a história mais recente prova que o meu clube tem boas hipóteses de triunfar. Além disso, vou rezar para que finalmente o Porto vença um jogo decisivo. Já está mais do que na hora.
Este ano, estamos impedidos (ah, porca matemática!) de entoar, como no ano passado, o cântico ‘Campeões na Luz’, mas podemos, pelo menos, arranjar maneira de iniciar a jornada ‘Bicampeões a partir da Luz’. Que assim seja.
Nota 1: Na antevisão do clássico, Vítor Pereira condenou aqueles que já davam como certa a vitória do Benfica neste campeonato. De facto, um exercício de autocrítica nunca fez mal a ninguém.
Nota 2: Na tentativa de justificar o rendimento quase nulo de Nico ‘Vou-para-um-dos-maiores-clubes-de-Manchester-por-45-milhões’ Gaitán, Jorge Jesus disse que os jogos que o argentino realizou pela selecção lhe tiraram o elã. Há dois anos, o Mestre da Táctica não aceitava a desculpa do cansaço e dizia até quantos mais jogos tinham nas pernas, maior era o rendimento dos seus atletas. Que conveniente…
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