O exagero, o desportivismo e a conspiração

Escrito por: João Pereira

O Clássico acabou como começou, sem golos. As equipas encaixaram uma na outra e tanto uma como outra só almejaram obter uma  oportunidade clara de golo. Apesar do empate ser um dos resultados que nos servia, temos de ter consciência que ainda faltam quatro jogos até ao final do campeonato, continuando a ser é totalmente proibido escorregar sob pena de uma escorregadela tornar-se decisiva para o segundo classificado. Não vou entrar em grandes pormenores acerca do jogo. Foi, basicamente, um clássico morno e de batalha no meio-campo, o que retirou espectacularidade e ocasiões de golo.

Do que vos queria mesmo falar era de três situações que considero caricatas e sobre as quais gostaria de opinar.

A primeira tem que ver com o que ouvi depois de terminado o jogo de Domingo. Ora, em vários programas de tv onde se esmiuçava o Clássico, ouvi comentadores, jornalistas e até telespectadores a considerar o Benfica já campeão. Até amigos meus portistas estavam com esse discurso. Ainda hoje não entendo esta quase proclamação do Benfica como campeão. Será que muitos não se lembram que ainda estão em disputa 12 pontos? Ou será isto uma tentativa de aliviar a pressão ao Porto e de aumentar ao Benfica? Caros amigos Benfiquistas, não nos deixemos imbuir neste espírito, a guerra não está ganha, ainda faltam quatro duras batalhas. A equipa não pode amolecer e os encontros que se avizinham não serão em nada fáceis.   

A segunda situação prende-se com a onda de indignação que atingiu alguns portistas,  e sublinho, alguns, não estou a generalizar, dos mais anónimos a outros mais conhecidos, quer na televisão como nas redes sociais. Ficaram essas pessoas chateadas porque, basicamente, houve fair-play e desportivismo no final do Benfica-Porto. Ofendidos, disseram/consideraram inadmissível que um jogador do seu clube tenha ido cumprimentar Jorge Jesus quando os dois se dirigiam para o balneário. Mas há mais, não viram com bons olhos os sorrisos e as trocas de camisolas entre Júlio César, Quaresma e Helton. Falta de mística disseram alguns. Mas o Helton não é um dos símbolos do clube? Ricardo Quaresma não é um ícone do Porto? Se calhar antes do jogo essas mesmas pessoas diziam que estes dois elementos eram os derradeiros guardiões da mística portista no actual plantel. Como tiveram uma atitude normalíssima mas que para certas cabeças não está certa, já devem dizer o contrário.

O que mais me choca nisto, é o que considero ser uma falta de valores dos que se mostraram indignados. Imagino que no seu pensamento, já que o seu clube não ganhou, a solução seria começar ali no campo uma batalha violenta, de vingança e ódio. Pessoas, adeptas do Porto que assim pensaram, se estiverem a ler isto anotem um conselho: os jogadores que representam o vosso clube são seres humanos, não há nada de anormal em haver fair-play e desportivismo entre equipas rivais. Se forem às principais ligas europeias, os grandes derbis são “rasgadinhos”, são intensos, há picardias, mas os jogadores não se deixam de cumprimentar no fim, ou se tal acontece é um acontecimento raro e pontual. Não sei o porquê de terem ficado tão ofendidos com aquela atitude.

Por último quero falar de uma teoria, da conspiração, diria eu, mas que alguns acham ser realidade. E neste ponto vou lançar o assunto e gostaria que o leitor opinasse. Basicamente lê-se e fala-se por aí que este campeonato está prometido ao Benfica, com a conivência do Porto. E os argumentos vão desde uma suposta dominância do Benfica nos meandros do futebol português, devido às receitas que a Benfica TV começou a gerar acompanhada da queda de receita do canal da Olivedesportos, até a uma suposta aliança entre Luis Filipe Vieira e Pinto da Costa, com reuniões pelo meio. Dizem essas teorias que o Porto está a ceder aos desejos do Benfica (tudo em prol de uma suposta nova centralização de direitos de transmissão de jogos) e que é estranho o “silêncio” portista nesta fase da época e dizem, até a forma como o Porto encarpou o jogo de Domingo passado. Quanto a mim isso não me parece muito plausível, diria até um pouco absurdo. E vocês o que acham disto?