Esclarecimento dos casos da Taça da Liga
Escrito por: Hugo Ramalho
A Taça da Pouca Vergonha
A actualidade do futebol português está marcada, cada vez mais a cada dia que passa, pela polémica gerada no último fim-de-semana na 3ª jornada da fase de grupos da Taça da Liga. Todos têm uma opinião, todos a dão. Fala-se em regulamentos, fala-se em casos de épocas passadas. A verdade é que muito pouca gente sabe exactamente aquilo que está escrito nos regulamentos. Vamos lá aos casos, descortinando cada um com o regulamento oficial da competição:
Caso 1:
O jogo FC Porto-Marítimo teve um atraso inicial de 2 minutos e 45 segundos em relação ao jogo Penafiel-Sporting. Ao intervalo, novo atraso se proporcionou, aumentando o atraso total para cerca 4 minutos 25 segundos. A polémica reside no facto de o jogos da última jornada que envolvam decisões sobre quem passa às meias-finais terem que começar à mesma hora.
Ora, o artigo 9º do regulamento oficial da Taça da Liga é explícito em relação a tal facto. E perguntam vocês: que influência é que 4/5 minutos de atraso tiveram na decisão sobre quem passa às meias-finais? Bem, o FC Porto marcou um golo já em tempo de compensação. E voltam vocês a perguntar: então e se o jogo tivesse começado 4 minutos mais cedo, isso não tinha acontecido? Não eram jogados os 90 minutos mais o tempo de compensação na mesma? E eu respondo: na minha modesta opinião não teve influência, mas mais importante do que isso, deixo a pergunta no ar: para que raios servem os delegados da Liga, a equipa da arbitragem e toda uma vasta equipa de elementos da FPF que são destacados para estes jogos? Ninguém se lembrou de sincronizar os jogos ao segundo como se faz em competições como a Liga dos Campeões ou a Liga Europa? Não vale a pena, então, nós nem vivemos num país em que qualquer coisa serve gerar polémica, qual é a necessidade se ser rigoroso? Bruno de Carvalho dispara para todo o lado, um processo de averiguação é aberto e o FC Porto mantém-se, para já, alheio a toda esta situação. Já existem algumas imagens que provam que os dragões são a primeira equipa a entrar em campo na 2ª parte, portanto sinceramente não estou a ver que tipo de provas em como o FC Porto forçou um atraso estarão os extremamente rigorosos funcionários da Liga à espera de encontrar.
Caso 2
O SL Benfica recebeu, já apurado para as meias-finais, o Gil Vicente. O Estádio da Luz não estava em condições para que a partida fosse realizada. O jogo decorreu no Estádio do Restelo, em Belém. Ora, venha de lá esse regulamento:
Como podemos ver, o regulamento é claro: o jogo teria que ser disputado em Barcelos. Noutra alínea do artigo, podemos ver que o local da realização do jogo pode ser alterado por mútuo acordo entre os dois clubes e a Liga. Vozes dizem que foi o que aconteceu. E eu, que gosto de questionar muita coisa, pergunto: porque é que não veio à tona uma ata, um comunicado, sei lá, sinais de fumo, qualquer coisa da parte da Liga que esclarecesse este assunto? Não vivemos nós num país onde qualquer coisa gera polémica?
Ai Credibilidade, credibilidade.
Bem, é factual que a Taça da Liga é a competição com mais casos polémicos por ano de existência da história do futebol português. Quem não se lembra da tinta que correu pela inscrição na ficha de jogo de um jogador do FC Porto que, já nem me lembro bem do motivo, não podia jogar aquela partida? E do artigo de um regulamento tão confuso e complexo ao ponto de fazer inveja ao mais difícil jogo de Sudoku? Eu lembro-me. Então e quem se lembra das multas aplicadas a Benfica e Sporting em 2010 pelo não cumprimento do horário de jogo, tendo ambas as equipas começado as suas respectivas partidas com quase 10 minutos de atraso? Eu lembro-me. E quem não se lembra da forma como ficou decidida a final de 2009, com o célebre caso Lucílio Baptista? Eu lembro-me.
Para finalizar, gostava de relembrar todo o “desprezo” dado a esta competição pelos principais clubes do panorama nacional, que muitas vezes usamos as partidas da Taça da Liga para rodar o plantel (ui espera lá, isso não aconteceu este ano!). E gostaria de relembrar isso por uma simples razão: pelos vistos, qualquer um destes clubes, por mais que despreze a Taça da Liga, não consegue atingir os níveis de desprezo com que a competição é tratada pela própria Federação Portuguesa de Futebol.