O Domínio de Bola entrevistou Gonçalo Silva. O defesa que nasceu no Barreiro foi uma das referências na defesa do Belenenses esta época.
– Gonçalo, começaste a carreira no clube da tua cidade, o Barreirense, qual o sentimento que guardas por este clube?
Sim é verdade, joguei no Futebol Clube Barreirense, e sem dúvida que foi um clube que me fez crescer como jogador mas também como pessoa, é um clube que acompanho desde sempre e que vai estar sempre presente no meu coração sem dúvida! Tenho orgulho em ter sido formado num clube histórico como o Barreirense!
– Estiveste dez épocas ao serviço desse mesmo clube, tens alguma história desse tempo que nos queiras contar?
Sim claro, para demonstrar o quanto sinto este clube posso contar-te que numa época de juvenil em que não joguei praticamente nada, joguei cerca de 20 minutos, o meu treinador desse ano perguntou-me se queria sair para jogar num outro clube da cidade. Como resposta eu disse-lhe que não, pois era ali que queria estar e onde me sentia bem e que haveria de jogar quando aparecesse a minha oportunidade!E fiquei feliz pela decisão que tomei, nem poderia ter sido outra.
Sinceramente nunca tive dificuldades nessa gestão, é verdade que não era um aluno de ter notas máximas, mas sempre consegui ter um bom aproveitamento escolar, muito também graças a todo o apoio familiar que sempre tive! Sem nunca ter de faltar ao treinos e/ou jogos. Tendo até chegado a entrar na universidade.
– Deste o teu salto na carreira quando passaste do Barreirense para o Vitória Sport Clube, quando recebeste a proposta de te juntares a uma equipa de topo nacional, qual foi a primeira coisa que te passou pela cabeça?
Depois de ter ido uma semana à experiência e de posteriormente me terem informado que poderia haver a possibilidade de assinar contrato com o Vitória, como é normal fiquei muito feliz e só pensava que estava perto de concretizar um dos meus sonhos de criança.
A nível individual tenho que fazer um balanço positivo, cheguei da 2ª liga e tive a oportunidade de jogar na 1ª liga e na Liga Europa. Algo que não pensava ser possível a alguns anos! Tendo jogado frequentemente nestas duas épocas o que é bastante importante.
Sinto que trabalhámos sempre no máximo para atingir os nossos objectivos, é verdade que não foi a época que esperávamos mas penso que não foi uma questão de estar ou não a altura mas sim de nos momentos chave por isto ou por aquilo, não termos conseguido as vitórias que nos iam levar para lugares mais importantes.
– Numa altura em que a formação de Belém atravessava um ciclo negativo de sete derrotas consecutivas, um grupo de 70 sócios estiveram no Estádio do Restelo e conversaram com o plantel. O que tens a dizer sobre este delicado tema?
Os nossos sócios quiseram mostrar o desagrado que sentiam pela fase negativa que estávamos a passar, tal como nós no campo também eles sofrem, e muito na bancada quando as coisas não nos correm bem, e acho que é uma atitude normal de quem se importa com o clube que ama! O que é certo é que no jogo a seguir fomos a Alvalade e vencemos o Sporting, pondo fim a esse ciclo negativo que não merecíamos.
– Como resposta a esta ‘invasão’ o clube respondeu com uma vitória por 3-1 em Alvalade frente ao Sporting CP (partida onde marcaste o terceiro golo). Sentes que os adeptos foram a principal chave deste triunfo?
Nós entramos em todos os jogos para vencer, e aquele não ia ser excepção. Queríamos ganhar e fazer história, e acho que essa “invasão” nos deu força e ajudou a que demonstrássemos que não merecíamos aquele ciclo negativo.
Neste momento sinceramente, estou focado no Belenenses, sinto-me bem aqui e é aqui que quero estar, quero continuar a evoluir e ajudar o Belenenses a atingir os objectivos e a ganhar troféus, porque é um clube que tem potencial para isso. No futuro logo se vê o que acontece!
– Do ponto de vista profissional, que sonhos te faltam concretizar? De entre esses sonhos, há algum mais especial que queiras confidenciar-nos?
Tenho dois sonhos que acho que são normais nos jogadores de futebol, um deles é representar a Selecção nacional Portuguesa e o outro é jogar na Liga dos Campeões. São sonhos, é verdade, mas nunca se sabe! É continuar a trabalhar e a evoluir, o futuro a Deus pertence, tenho que fazer a minha parte!
– Qual foi aquele jogador que defrontaste que mais te impressionou? Porquê?
O Slimani, foi dos avançados mais chatos que defrontei. Impressionou porque nunca fica estático, não pára um minuto, tenha a equipa dele a posse de bola ou não, está sempre à procura de espaço e de receber a bola quando a têm e quando o adversário tem a bola não pára enquanto sente que a pode roubar! E claro é muito bom finalizador.
Quando estava nas camadas jovens adorava ver o Ricardo Carvalho a jogar, ele era impressionante e o meu central de eleição! Mas sem dúvida que não posso deixar de falar no Cristiano Ronaldo porque é um exemplo a seguir por todos nós, o querer sempre mais, nunca estar satisfeito com o que se conquista e principalmente, acreditar nele mesmo quando todos os outros duvidam, na vida e no futebol temos que ser assim, acreditar em nós, momentos maus todos temos mas se levantar-mos a cabeça e formos à procura de outra oportunidade irá correr melhor e mostraremos o que realmente somos. Para demonstrar isso queria só deixar aqui um versículo bíblico que tenho nas minhas caneleiras “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã”. A vida é isto mesmo! Com trabalho, fé e humildade tudo é possível.