Entrevista a Diogo Barbosa – “A Finta de uma Vida”
5 min readDiogo Barbosa de Melo é um jovem de 22 anos, natural de Vila Real e é autor do livro “A Finta de uma Vida”.
A Finta de uma Vida é um livro de cunho autobiográfico que reconstrói os anos da vida do autor, desde os seus 12 anos, altura em que este, tal como muitas crianças em todo o mundo, deixa a sua família para perseguir o seu sonho: ser jogador de futebol.
A obra relata as suas vivências e experiências no mundo difícil do futebol, bem como as aprendizagens que dele retira e a aplicação das mesmas no percurso da sua vida.
Com apenas 22 anos, o autor transporta o leitor numa “viagem” de emoções, culturas e experiências extraordinárias, a não perder.
Diogo, porque é que decidiste escrever este livro?
Desafiaram-me a escrever sobre as minhas vivências e aprendizagens que adquiri no mundo difícil do futebol e a forma como as direcionei para o meu atual trajeto de vida, o universo do empreendedorismo.
Tanto para mim, como para muitos colegas, o futebol fez parte da nossa formação pessoal e profissional, e não como um mero hobby, mas como algo que pretendíamos levar a bom porto e transformar no nosso único e exclusivo projeto de vida. Contudo, o contexto e o mundo em que nos movimentamos alteraram este objetivo inicial. Transmitir isto foi o principal propósito de ter aceitado este desafio. Muitas vezes o percurso definido inicialmente, nem sempre prevaleceu.
Assim, o importante é saber fintar cada obstáculo, aplicar e direcionar todas as aprendizagens para as áreas em que pretendemos obter o sucesso, transformando em oportunidades as fragilidades. E, por isso mesmo, o titulo do livro é “A Finta de uma Vida”.
No meu caso permitiu-me entrar numa “viagem” de culturas e experiências extraordinárias, no mundo universitário e empresarial.
O livro tem tido um forte apoio da comunidade do futebol. Estavas à espera de um feedback tão positivo e de tanto apoio numa fase tão inicial?
Não. Tinha a expectativa de ter algum apoio, até porque mantenho contacto com muitos colegas meus do futebol. Contudo, a dimensão que este ganhou está a ser para mim uma agradável surpresa.
É sempre bom ver que ex-colegas de balneário e treinadores mantêm a ligação comigo e se mostram disponíveis para ajudar e deixar o seu testemunho neste projeto.
Fico também muito contente quando os vejo a jogar pelo ecrã da minha televisão e ao ver que todos os esforços que fizeram foram recompensados.
Os teus pais sempre te apoiaram na ideia do futebol?
Sim! Sempre! Para perceberes, eu sou de Vila Real, Trás-os-Montes, e, quando jogava no Sporting, eles todos os fins-de-semana faziam 800 km (400 para ir e 400 para voltar) para me ir ver e apoiar naquela idade tão prematura!
Diogo, já representaste grandes clubes, como o Sporting Clube de Portugal, e foste motivo de interesse por vários clubes da primeira e segunda liga inglesa ao longo do teu percurso. O que achas que te faltou para singrar no mundo do futebol?
Penso que o que faz diferença para determinado atleta chegar à alta competição é o seu equilíbrio emocional. Desde muito cedo, fui obrigado a aprender a lidar com o fracasso, com o sucesso e com a pressão sozinho.
Aprendi que o mais importante é atingir um equilíbrio interior, que não oscile para os extremos quer se ganhe, quer se perca. Que o sucesso está exatamente em saber aquilo que se é e se pretende ser, enquanto pessoa e desportista.
Quanto à questão que me colocas, houve várias razões que não me permitiram vingar no mundo do
futebol. Contudo, a leitura do livro esclarece esses motivos, sendo também uma grande ajuda para todos aqueles que ambicionam serem atletas de alta competição no futebol.
De que forma o futebol mudou a tua vida?
O futebol foi o grande motor da minha vida durante vários anos e continua a ser, visto que me obrigou a crescer demasiado rápido e a assumir responsabilidades, porque desde os meus treze anos que saí do núcleo familiar, que é, para qualquer adolescente, o seu suporte. Logo, tive que refletir, tomar decisões e desenhar o meu percurso desde muito cedo.
Neste contexto, hoje, dou continuidade a esse mesmo percurso ao procurar a inovação e seguir o mundo do empreendedorismo. Se hoje, com 22 anos, já convivi com culturas de todas as partes do mundo deve-se muito ao futebol.
Apesar de seres muito jovem, neste momento já tens experiências empresariais em países como a China e contas também com prémios e reconhecimento de instituições como a Universidade de Coimbra. Sentes que esse sucesso está de alguma forma relacionado com a aprendizagem que futebol te deu?
É evidente. Nós somos o resultado do meio que nos envolve e das vivências que possuímos.
Desta forma, todas as minhas vivências, até ao momento, foram importantes na formação da minha personalidade e na minha forma de estar na vida, daí que o futebol seja uma importante parte do meu ser, enquanto homem. Sabemos que a maior parte dos jovens que ambicionam ser jogadores de futebol não consegue realizar o seu sonho.
No entanto, isso não significa que não consigam vingar noutras áreas completamente distintas. O livro mostra
que o futebol nos dá os alicerces necessários para sermos bem-sucedidos noutros campos. É essencial definirmos bem o nosso objetivo e ter um grande foco para atingir o mesmo.
Não vale a pena ficarmos presos a frustrações passadas. O mais importante é sabermos fintar os obstáculos que a vida nos coloca e estarmos em constante evolução seja como atleta ou como indivíduo.