Entrevista ao “Independent”: “Disfarçava nos treinos mas andava triste”
Angel Gomes contou, em entrevista ao “Independent”, por que decidiu deixar o Manchester United para vestir a camisola axadrezada, via Lille.
“Sabia que seria difícil, mas não tinha noção de quão emotivo seria. Dizer adeus aos amigos que conhecia desde o início; todos os funcionários; o segurança da portaria. Adoro todas aquelas pessoas, são as que conheço desde sempre, nunca conheci outras. Acho que nem tinha bem caído a ficha quanto a isso de deixar tudo para trás”. Angel Gomes contou assim, em entrevista ao jornal inglês Independent, como foi romper a ligação ao Manchester United, onde jogou desde os dez anos e se estreou na equipa principal com 16.
Em fim de contrato, entre renovar com um dos maiores clubes do mundo e “começar de novo” noutras paragens. Tudo para reencontrar o sorriso feliz que o futebol lhe inspira, desde menino. Aquele que exibe no Boavista.
Deixar o Manchester United foi como arrancar um pedaço dele próprio, contou, mas, depois de um “último ano muito difícil” em termos “físicos e psicológicos”, decidiu que esse era o caminho: “Foi-me oferecido um óptimo contrato, tinha toda a minha família e os amigos por perto, mas decidi que estava disposto a sacrificar isso para seguir um caminho diferente. Ainda sou adepto do United. Continuo a ver todos os jogos, sejam da primeira equipa ou dos sub-18. Podia ter ficado e ter sido emprestado, mas precisava começar de novo”.
Angel Gomes disfarçava nos treinos, mas andava triste. Foi quando surgiu o Lille e “umas horas” de conversa com Luís Campos lhe abriram o caminho. “O plano dele” convenceu-o. “No primeiro ano, queria que fosse para o Boavista. Falei com o treinador e adorei as ideias dele. Não o vi como um passo atrás, vi uma oportunidade de começar. Não queria ir para um sítio onde tivesse o rótulo de ser um jovem. Queria jogar 90 minutos, ter um papel importante e mostrar o que posso fazer”. É o que tem feito no Boavista. A jogar, com golos e assistências a fortalecer a certeza de que fez uma boa escolha, Angel Gomes volta a ser ele próprio. Um miúdo feliz com a bola, alegre apesar dos “momentos difíceis” que marcaram quem cresceu numa família pobre:
“Foi difícil, mas sempre divertido. Divertiamo-nos muito só a jogar futebol todos os dias. Essa sempre foi a razão por que joguei: para poder fazê-lo com um sorriso no rosto. Agora, recuperei-o. É tudo o que sempre quis”, rematou.