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Entrevista a Reko Silva – “A proposta do Alcorcón foi algo inesperado, estava focado na Académica”

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Luís Manuel Gonçalves Silva, ou Reko Silva atualmente ao serviço do Alcorcón, clube que milita na Segunda Divisão Espanhola, diretamente de Barcelos, é um dos três Rekos lá de de casa. Começou no Gil Vicente, mudou-se com 12 anos para o Sporting mas foi no Braga que se destacou, após ter sido campeão nacional. Em Coimbra encontrou estabilidade e reconhecimento e mudou-se esta época para o Alcorcón.

A influência do irmão e o começo no futebol

O facto do teu irmão mais velho ter começado a jogar futebol muito cedo influenciou de alguma maneira o teu percurso?

“O facto do meu irmão mais velho ter começado a jogar futebol muito cedo influenciou-me. Ele sempre foi o meu exemplo, ele sempre foi a pessoa que eu tentava sempre copiar, quando somos pequenos julgo que isso acontece sempre, tentar-mos imitar sempre alguém. Quando ganhei independência, para poder vir jogar futebol para a rua, era com ele que eu jogava, era na rua com os meus amigos.”

E se não fosse o futebol?

“Uma questão interessante, questionei-me sobre o mesmo, não te sei dizer ao certo o que seria se não fosse o futebol, mas provavelmente teria continuado a estudar, tirar algum curso que me ligasse ao desporto, que me conseguisse ligar ao futebol de alguma maneira.”

Dá para conciliar o futebol com o estudo universitário?

Eu concluí o secundário mas optei por seguir o mundo do futebol, algo mais a sério, mas tenho exemplos que dá para conciliar o futebol com os estudos, tens o exemplo do Traquina e do Diogo Ribeiro (ambos jogaram com Reko na Académica de Coimbra) entre outros. Dá para conciliar mas é preciso muito sacrifício, mas julgo que sim.

Made in Barcelos

“O Gil Vicente vai ser sempre um clube especial para mim, foi o clube que me abriu as portas para o futebol. Foi lá que eu dei os meus primeiros passos, é o clube da minha terra, desde pequeno que vou ao estádio. Sempre quis jogar no Gil Vicente, sempre foi o meu sonho. Atingi esse objetivo muito cedo, é um orgulho para mim e continua a ser, desejo tudo de melhor a toda a equipa do Gil Vicente e ao clube em si.”

“Os meus pais sempre me apoiaram desde de início, era uma paixão muito grande, eu aplicava-me muito a isso e foi graças a isso que sempre me ajudaram. Eu mostrava muito amor ao futebol.”

Hugo Viana, Rafa e Mossoró, entre outros

Nas equipas por onde passaste ao longo dos anos há algum jogador que se tenha destacado?

“Posso destacar alguns, em todas as equipas há jogadores que se destacam, posso começar pelos meus amigos porque sinto que o devo fazer: o Artur Jorge, o Nenê, o Tiago Sá, o Joca, estão todos na primeira liga em Portugal. Temos um percurso em comum, todos fizemos a formação juntos no SC Braga. Fico muito contente de estarmos a conseguir progredir e a levar o nosso sonho avante. Podia falar de muito mais, como por exemplo o Hugo Almeida que tem um historial e um currículo incrível, de craque, que tem que ser destacado. No Braga ainda tive oportunidade de treinar com a equipa principal jogava com o Rafa, que agora está no Benfica, o Mossoró, o Alan, o Vukčević, Hugo Viana, Custódio, entre outros.”

A mudança para a capital

“A mudança para Lisboa foi o passo em que demonstro que o futebol tem um grande significado muito grande para mim. Com 12 anos deixo os meus amigos, os meus familiares, deixei tudo o que tinha e mudei-me para a capital. Abdiquei de tudo pelo meu sonho. Como deves calcular um rapaz de 12 anos devia estar a viver com os teus pais, na escola com os teus amigos. Troquei a minha zona de conforto para rumar à Academia do Sporting.”

Aurélio Pereira e o Sporting

Como surge a mudança para Alcochete?

“Eu andava a ser seguido pelo Aurélio Pereira, com 12 anos cheguei a ir fazer alguns torneios pelo Sporting e lembro-me que num final de um treino, um treino organizado por eles, falaram com os meus pais e disseram-me que queriam contar comigo para integrar o plantel de iniciados e foi assim que para lá fui.”

O choro com 12 anos

“Inicialmente chorei muito, chorei durante vários dias, quando os meus pais me deixaram na academia e se foram embora custou muito, chorei muito, parecia que me tinham abandonado eu só queria ir embora. Mas o pessoal da academia, os meus colegas, a adaptação começou a surgir naturalmente, foram dois anos que fizeram de mim homem muito mais rápido. Foi excelente, lembro com saudades desses bons tempos.”

De Alcochete para o mundo

“No Sporting, naquele ano houve vários jogadores que singraram, tens o exemplo do Francisco Geraldes e do Podence, o Gélson, o Cristian Ponde, o Riquicho que ainda chegou a jogar na segunda liga. Era uma geração muito boa, como podes ver houve muito potencial naquela geração, mas de nomes mais conhecidos o Geraldes e o Podence, sem dúvida, era fantástico.”

Atletas do Sporting desaproveitados?

“Dessa geração acho que muitos jogadores foram mal aproveitados, aqueles dois que mencionei e principalmente o Podence é surreal o que fizeram com ele, podiam ter sido muito mais bem aproveitados no Sporting, é um jogador que faz coisas de craque e é com muita pena que vejo que o Sporting não o aproveitou. O Francisco Geraldes também fez boas épocas, como no Rio Ave e saiu pela porta pequena.”

Do Sporting de Lisboa para o de Braga

“Quando era para sair do Sporting eu disse aos coordenadores que estávamos a conversar para a minha saída do Sporting que era para o SC Braga, que gostava muito de jogar no Braga. Eles propuseram um empréstimo até aos juniores e depois voltar mas eu preferi voltar para perto de casa e acho que acertei. Fui para o Braga nos juvenis, faço lá os dois anos de juvenis, os dois seguintes de juniores e acabo a minha formação como campeão nacional, um título que não era ganho pelo Braga há 37 anos. Fui um dos melhores marcardores da minha equipa nesse ano, fui o capitão da minha equipa. Orgulho-me daquela equipa do Braga.”

A importância do SC Braga

“6 anos ao serviço do Braga, título de campeão nacional de juvenis.”

“O SC Braga é um clube especial para mim, foi lá que fui campeão, foi lá que fui chamado à Seleção U20, foi lá que me estreei na Segunda Liga. Agora se gostava de voltar ao Braga? Não te vou negar isso, gostava, mas também anteriormente não me arrependo de ter saído quando era mais novo, ter saído para o Gil Vicente foi uma grande oportunidade para mim.”

3 milhões do Villarreal

Em 2014 após teres sido campeão de juvenis, surgem rumores de uma possível oferta do Villarreal.

“Propostas de três milhões, foram ofertas que nunca me chegaram pessoalmente, no meu último ano renovei contrato com o Braga. Foi uma oferta que nunca me chegou diretamente.”

Tinhas optado por ir para Espanha nessa altura caso a proposta tivesse chegado até ti?

“Não sei (risos). Não posso falar de uma coisa que não aconteceu, quando assinei contrato com o Braga fiquei muito feliz de isso ter acontecido, mas é como te digo, não posso falar de uma coisa que não aconteceu, não posso prever isso.”

A lesão e a saída do SC Braga

” No meu primeiro ano de sénior, após uns jogos da Segunda Liga tive uma lesão muito grave, recuperei muito bem, graças a um departamento médico do Braga muito bom, ainda joguei nessa época. No ano seguinte comecei bem a época, com naturalidade, mas o treinador que era o Abel Ferreira tinha outras ideias, não me consegui impor e sai por empréstimo para o Vilaverdense. No ano seguinte rescindi o meu contrato com o SC Braga e lá fui.”

O retorno a Barcelos

” A ida para o Gil Vicente foi um realizar de um sonho, foi lá que comecei a jogar futebol como profissional. Uma época bastante regular, com muitos minutos feitos em cima. A nível de jogar com regularidade foi uma época positiva.”

Coimbra, a cidade dos estudantes

“A mudança para Coimbra foi mais um passo em frente, sem dúvida nenhuma. Fui com o objetivo claro de subir de divisão com o treinador Carlos Pintos, aliás, o objetivo da Académica é sempre esse. Joguei uma época em Coimbra. Este ano estive lá até meio de Agosto mas é como se tivesse lá jogado quatro ou cinco épocas. Fui recebido muito bem em Coimbra, pelo clube, pela cidade, pelos adeptos. Criei imensas amizades que levo para a vida. Foi um passo em frente na minha (ainda) curta carreira. Fiquei triste por não termos subido, lutamos até ao fim por esse objetivo, fiz uma época positiva. Faltou apenas a subida.”

O herói de capa e batina

“Em Coimbra, a nível individual fui o segundo jogador com mais jogos jogados e o quarto com mais minutos. Obviamente que há fases boas e menos boas ao longo da época, mas isso acontece em todas as equipas, mas posso dizer que tive uma época positiva.”

“Como já disse, foi um orgulho enorme representar a Académica, estive apenas um ano em Coimbra mas na minha cabeça estive lá muitos mais. Adoro a cidade, adoro o clube, fiz bons amigos, mas apareceu esta oportunidade muito boa de vir para Espanha, um campeonato melhor, com mais visibilidade muito maior, com condições financeiras muito melhores. Isso não invalidade o facto de eu gostar da Académica mas tive que tomar a melhor decisão para a minha carreira, tive que o fazer por muitas razões e mais alguma, mas quem sabe, um dia volto.”

O peso do emblema da Académica de Coimbra

“Sei que apesar do pouco tempo que estive no clube honrei sempre ao máximo o emblema que carregava no peito. Isso era a maior importância que um jogador pode dar a um clube, saio de consciência tranquila, dei tudo aquilo que podia e as pessoas do clube disseram-me que não tinham nada a apontar e isso é o que realmente importa para mim, como jogador.”

A “bacalhoada” de João Alves

“Em Coimbra, quando o mister João Alves se apresentou ao grupo, após termos começado mal o campeonato e estarmos numa fase menos boa, ele chega ao pé de nós e diz que ia fazer uma bacalhoada connosco, para se fazer uma bacalhoada era necessário as batatas, a pimenta, o bacalhau, do azeite e isso tudo junto é que dava uma bacalhoada. Ele tentou usar isso para nos dizer que precisava do melhor de cada um de nós, precisava do Reko, do Marinho, do João Real, do Hugo Almeida, só todos juntos é que chegávamos ao objetivo final. É uma história que nunca mais me irei esquecer.”

Alcorcón, uma mudança para o futebol espanhol

“A proposta do Alcorcón só chega até mim quando já está tudo falado, por isso não te sei dizer quando chegou a proposta, mas já tinha algum tempo. Quando chegou não hesitei, mas fiquei surpreendido porque tinha contrato com a Académica, já tinha começado a época na Académica, feito a pré-época na Académica, a minha cabeça estava totalmente focada na Académica. Foi algo inesperado, algo que apareceu de surpresa.”

“A adaptação tem sido boa, é um campeonato competitivo, tem uma visibilidade muito grande. O facto do espanhol ser facilmente entendido é uma vantagem. Uma realidade diferente, é uma nova realidade, é uma adaptação passo a passo, sem dúvida nenhuma.”

Lesões, três jogos fora e o regresso aos campos

“Comecei a época lesionado, tive algum tempo lesionado, nada de grave, perdi três jogos. O meu objetivo é adaptar-me cada vez mais a este campeonato, a esta nova realidade que é muito superior à realidade do futebol português. Quero crescer, aprender, o estilo aqui é diferente, para melhor, claro. Quero somar o máximo de pontos possíveis para crescer como jogador e como homem.”

“Falei com o Rui Costa para saber como era o clube, como era o ambiente, deixou-me mais tranquilo, disse-me para avançar que era uma boa equipa.”

 

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