Após o seu contrato ter acabado com o Vitória de Setúbal, Nenê Bonilha decidiu rumar novamente ao Brasil… onde já tivera sido feliz.
Vencedor na época passada da Série B, Bonilha ajudou o Fortaleza a subir à Série A
Nascido e criado em São João da Boa Vista, no bairro Durval Nicolau a 17 de fevereiro de 1992, foi lá que começou a dar os primeiros toques na bola, escolinha de futebol do CSU/Durval, logo depois, acabou por sair para a Esportiva Sanjoanense. Foi campeão pelo Corinthians, representou, o Catanduvense, o Avaí e o Audax de São Paulo por duas temporadas.
“Cansado” do solo brasileiro, apanhou o avião e decidiu aventurar-se na Europa, foi até à Ilha da Madeira, veio jogar para o Nacional, onde fez uma época com 30 jogos e 1 golo marcado.
Acabou por rumar para Setúbal, para representar o Vitória FC, duas épocas ao serviço dos sadinos.
Ruma novamente a continente sul-americano para jogar ao serviço do Fortaleza, onde se sagra campeão da Serie B, na atual época transferiu-se para o Vera Cruz do México. A aventura no México durou pouco dado que foi um pouco azarada, regressou ao Fortaleza, pois é lá que se sente realmente feliz.
Começar nas ruas brasileiras
Todas as histórias que temos o prazer de apresentar conseguem ter este denominador em comum, todos jogaram na rua do seu bairro, até tarde, com uma bola que às vezes nem deveria ser considerada como tal, mas desde que rolasse, era excelente. Nenê Bonilha também começou nas ruas brasileiras.
“Com cinco, seis anos, eu já jogava futebol de rua com meus amigos. Um dia a minha mãe levou-me à escola para ter aulas mas eu faltei para assistir um treino de futebol que havia àquela hora no campo em frente ao colégio onde eu estudava, mais tarde a minha mãe me colocou na escolinha e foi aí que surgiu a vontade. Eu não ia às aulas para ficar assistindo futebol.”
A força dos pais tornaram-no futebolista
“Sim, a minha mãe desde de cedo me viu motivado para jogar futebol, era realmente aquilo que eu queria. Ela inscreveu-me na escolinha de futebol do CSU/Durval, foi aí que tudo começou.”
Estrear nos séniores, com 17 anos
Qualquer jovem que começa cedo no futebol sonha em chegar ao patamar sénior na sua equipa, o Bonilha teve o privilégio de subir à equipa principal equipa do Paulista ainda com 17 anos.
Eu já estava no Paulista desde dos 13 anos, com 17 fui promovido aos séniores, e logo consegui jogar, adaptei-me rápido, no meu primeiro jogo foi algo natural parecia que já estava lá há muito tempo.
O Corinthians chegou… e tudo melhorou
Garante que se sentiu feliz, quando soube da proposta de um colosso brasileiro, não fosse aquele um dos maiores Corinthians de sempre, com Ronaldo, Liédson e Roberto Carlos, entre outros.
“Imagina, eu era um garoto, receber proposta de um clube como o Corinthians, eu estava num clube menor, o Corinthians, um dos maiores clubes do Brasil a querer contratar-te era um privilégio. É o sonho de qualquer rapaz, não foi diferente comigo, o meu sonho era jogar num clube grande.
Não deu para muito em São Paulo
Com uma equipa recheada de jogadores de calibre mundial, não encontrou espaço e teve que arranjar uma maneira de jogar.
“Cheguei lá muito novo, cheio de jogadores consagrados, Sheik, Ronaldo, não foi à toa que aquele foi um dos maiores plantéis de sempre do Corinthians. Eu cheguei lá muito novo, não tinha muito espaço.
É algo natural, não tinha tantas chances, tive que arranjar uma alternativa de jogar, pois era o que eu queria”
Uma sequência de empréstimos
Sem espaço no Corinthians, Bonilha decidiu procurar um clube para o receber por empréstimo, contudo, confessa que se sente arrependido de o ter feito, justificou-se com a vontade de querer jogar. Representou, o Catanduvense, o Avaí e o Audax de São Paulo por duas temporadas.
“Arrependo-me de ter saído no primeiro ano, com a ansiedade de querer jogar, novo, acabei por me precipitar e pedi para ser emprestado no primeiro para o Catanduvense, mas era jovem, queria jogar, faz parte da nossa irreverência.”.
No Audax, renovou o empréstimo
No meio da sequência de empréstimos encontrou estabilidade no Audax de São Paulo, a pedido de Fernando Diniz, atual treinador do São Paulo, acabou por renovar.
“As épocas no Audax foram muito boas, foi com Fernando Diniz, ele tinha sido o meu treinador no Paulista, ele acabou por me pedir para ficar mais um ano e correu tudo bem.”
O regresso ao Corinthians… mas sem jogar
Regresso ao seu antigo clube com a esperança de conseguir jogar mas não se conseguiu afirmar, devido ao forte plantel construído naquela altura.
“Era difícil ficar lá, eles tinham uma equipa muito boa. Eu sabia que não ia conseguir jogar, não ia conseguir dar sequência ao trabalho feito no Audax.”
Europa na mira, era um objetivo
Queria sair do Brasil, especialmente queria rumar à Europa.
Nunca escondeu a vontade de vir jogar para o velho continente e acabou por o fazer em 2015
“Confesso que queria sair do Brasil para jogar na Europa, surgiu a proposta do Nacional da Madeira. Confesso que não conhecia o clube ou a sua história, mas gostei muito de lá estar.”
Nacional da Madeira e… Tiquinho Soares
Relembra com carinho o ano passado na Madeira, a sua estreia no principal escalão português e relembra Tiquinho Soares, avançado do Futebol Clube do Porto.
“Gostei de estar no Nacional, era um clube muito bom, gostei de estar na Madeira, era ‘gostoso’. Ainda hoje tenho amigos dessa altura, brasileiros e portugueses.
Tiquinho Soares? É um grande amigo meu, foi um irmão que ganhei, acho que ele tem potencial para ser um dos melhores avançados da Liga NOS.”
A mudança para Setúbal
Mudou-se para o Vitória de Setúbal em 2016. Fez duas épocas ao serviço da equipa sempre no principal escalão português.
“Os anos em Setúbal? Foram fantástico, o Vitória é um clube pela qual tenho um carinho especial, onde aprendi muito com o mister Couceiro e com toda a sua comissão. Fiz lá muitos amigos. e ainda mantenho algumas contactos de lá.”
Um futebol tático vs futebol técnico
Qual a principal diferença entre o futebol português e o futebol brasileiro?
“O futebol português é mais rápido. É essa a maior diferença. Acho que é um pouco mais intenso e rápido. No Brasil o futebol é mais técnico. O campeonato brasileiro é mais técnico e o futebol português tal como o europeu é mais tático.”
O Flamengo de Jorge Jesus
O Flamengo faz sucesso no Brasileirão e na Libertadores. Bonilha não tem dúvida que Jorge Jesus é o grande obreiro desse feito.
“Já defrontei várias vezes Jorge Jesus. Já o conheço. É um treinador excelente. O Flamengo tem a melhor equipa brasileira, é uma equipa com grandes jogadores, contudo, Jorge Jesus trouxe algo mais. Vai ser campeão brasileiro com mérito e pode vir a ser campeão da Libertadores. O mister acrescentou muito ao Flamengo, um clube que já é gigante.”
A subida à Serie A. Campeão da Serie B
Fortaleza fez história e Bonilha foi um dos maestros dessa subida. Liderado por Rogério Ceni.
“O ano passado fomos campeões, conseguimos a promoção à Serie A. Já tinha jogado e vencido a Serie A com o Corinthians. O Fortaleza é um clube grande, estruturado e agora tem tudo para permanecer na Serie A e temos como ojbetivo a Sul-Americana.”
Uma aventura azarada no México
Fruto da boa época no Fortaleza, a proposta do Vera Cruz (clube mexicano) chegou e ele aceitou-a. Mudou-se para lá com as expectativas altas, fez 7 jogos e lesionou-se e os problemas começaram aí.
“Eu fiz um bom trabalho em 2018, fiz todos os jogos que estive disponível. Tive uma proposta do México, uma equipa muita boa, para uma liga muito competitiva.”
“Eu antes de ir para lá (para o México) tinha feito uma cirurgia em Fortaleza. Quando cheguei lá voltei a sentir dor no joelho e tive que fazer uma nova cirurgia, desde dessa altura o clube deixou de me pagar. Não é justo, não me lesionei porque quis, não foi justo. Eles não me queriam pagar então rescindi contrato.”
O regresso a Fortaleza
Decidiu regressar ao futebol brasileiro após o desentendimento. Com a ajuda da FIFA rescindiu contrato no México.
“Eu tinha saído daqui com uma relação muito boa com os adeptos. Eles gostam de mim e eu gosto muito deles. Para voltar ao Brasil tinha que ser para o Fortaleza.”
E o futebol português?
Voltarias a jogar em Portugal?
Amo o futebol português, amo Portugal. Gosto do país, do futebol, das pessoas, mas para voltar para Portugal tinha que ser para um clube maior. Só voltaria para Portugal se fosse para jogar num grande, tirando isso não voltaria.