Escrito por: Duarte Pernes
O FC Porto pode não ser líder no campeonato, mas há algo que qualquer portista saberá reconhecer aos seus jogadores: o empenho. E empenho, no geral, não lhes tem faltado.
Jackson, diz-se, estará perto da saída no próximo Verão. De qualquer forma, o Cha Cha Cha está sempre em jogo, vai a todas, desloca-se para terrenos bem distantes daqueles que são os seus por natureza, está-se a borrifar para espaços de animação nocturna e afins e é um companheiro (na verdadeira acepção da palavra) para todos os seus colegas de equipa. Isto é ser inexcedivelmente profissional. É esta a “mística” que eu quero.
Danilo corre como um desalmado, defende e ataca, percorre toda a faixa direita até cair de cansaço no relvado, como aconteceu no Dragão com o Bilbau. Definitivamente, adoro este tipo de jogador e ainda bem que o temos no campo e no balneário. Antes de chegar ao futebol português, o seu portismo era zero, agora não duvido que é um dragão entre muitos.
Juan Quintero também veio, alegadamente, à procura de dar o salto e, aqui há uns tempos, até teve declarações de que pessoalmente não gostei muito. Hoje em dia o que se vê é um jogador que trabalha para potenciar as suas qualidades inatas e para corrigir os seus defeitos e que, mesmo a mancar, tenta levar o barco para a frente, tal como se viu contra o Sporting para a Taça de Portugal.
Olíver Torres estará no Dragão uma época e, se calhar, na próxima época já não poderemos contar com ele no nosso campeonato. O que consta é que é um rapaz simpático, simples e humilde e que, ao mesmo tempo, tem uns pés de ouro, joga e faz jogar, valoriza-se e faz valorizar e se tiver de entrar com o ombro todo ligado (eu vi isto em Alvalade), entra e dá o máximo. Por mim, venham mais «Olíveres» para o ano.
Hector Herrera e Casemiro têm crescido um com o outro. O primeiro tinha o peso das dúvidas de uma temporada anterior em que esteve longe de deslumbrar, mas por outro lado acalentava nos adeptos a ilusão de repetir, no Porto, as boas exibições do mundial. Ainda que com algumas intermitências, tem-se mostrado a bom nível, tanto no plano defensivo como ofensivo. O segundo chegou, viu e agarrou a titularidade, intercalando-a pontualmente com Rúben Neves (outro bom valor para os portistas). Apesar de ser algo lento e, por vezes, demasiado agressivo, vem justificando a aposta. Os internacionais, mexicano e brasileiro, parecem entender-se no miolo, assim este sector também não mude muito.
Brahimi é um fora de série. Qualquer elogio que lhe venha a tecer aqui, já outros o fizeram, pelo que dispenso um exercício que seria repetitivo. Não sei qual será o seu futuro a curto prazo, mas espero vê-lo pelo menos mais uma época vestido de azul e branco à moda do Porto.
Servem todos estes casos para reforçar a ideia de que não é por falta de abnegação ou de simples qualidade que o FCP tem sentido, em determinados momentos, dificuldades. O que não significa que as culpas dessas adversidades estejam ipso facto por inteiro no treinador. Lopetegui está a fazer o seu caminho e, note-se, não herdou nada feito. Tem tido imprecisões e aparentes hesitações que custaram pontos e, acima de tudo, a estabilidade do coletivo. No entanto, tem ainda tempo (não muito, é um facto) e, certamente, também competência para encontrar o trilho definitivo: da equipa base e – acredito que por inerência – das vitórias.