Escrito por: João Pereira

Este fim-de semana foi rico em situações peculiares. Dentro e fora do campo, durante e após os jo gos. Mas já lá vamos. Foquemo-nos, para já, no jogo do nosso Benfica. Era fácil de prever que iria ser um jogo difícil, o Vitória de Guimarães é uma equipa bastante aguerrida, surgia motivada por uma concludente vitória europeia (apesar de ter menos dias de descanso que o Benfica) e jogava em casa, num estádio tradicionalmente complicado. Como se viu, o Benfica sentiu dificuldades. Não conseguiu explanar o seu jogo, nem dominar claramente a partida mas venceu, aguentou a pressão de um jogo emocionante e a equipa esteve coesa. Para além da vitória, o Benfica festejou o segundo jogo consecutivo sem sofrer golos. Curioso, ou talvez não, é o facto de estes dois jogos com a baliza inviolada coincidirem com a titularida de de Fejsa. E o caso de Fejsa é precisamente o próximo ponto que quero abordar.

Confesso que, apesar de ser um observador atento do futebol, tanto nacional como internacional, não conhecia o sérvio. Após a contratação, fui recolher informação sobre o jogador. Internacional sérvio, 32 jogos realizados ao serviço do Olympiakos em duas épocas, mais um jogo realizado esta época, antes da transferência para ao Benfica, jogador bom na marcação n ão tão bom a sair a jogar. Os números não eram maus, mas também não eram nada de extraordinário e, acerca das suas características, resolvi esperar para ver. Logo no jogo contra o Paços de Ferreira, em que foi suplente utilizado, gostei da forma como anulava o adversário e fazia desarmes. Nos dois jogos seguintes o cenário confirmou-se. É, sem dúvida, um jogador de processos simples, preferindo nunca arriscar nos passes e nas saídas a jogar. No entanto, é um verdadeiro mestre no posicionamento, timing de entrada à bola e no desarme aos adversários. Faz inúmeras recuperações de bola e é delicioso ver o trabalho que realiza dentro de campo, porque isto de defender também é uma arte. Se quisermos comparar com os dois últimos médios-defensivos que o Benfica teve, podemos afirmar que se encontra mais próximo do “estilo Javi Garcia”, mais duro, trabalhador e simples, do que do “estilo Matic”, mais elaborado, foca para a construção de jogo e de abundância de classe. Olho para Fejsa como uma fantástico complemento para Matic. Com o seu compatriota ao lado, Matic não está tão focado na parte defensiva, podendo participar mais em acções atacantes e a equipa ficar sempre equilibrada. Sem dúvida um grande reforço.

Por falar em reforços, queria deixar um breve comentário acerca de Markovic. É um autêntico “crime futebolístico” colocar o jovem sérvio preso numa linha. Ele precisa de liberdade, e essa liberdade só a encontrará jogando como apoio a Cardozo ou Lima ou Rodrigo, na posição habitualmente denominada por segundo avançado.

Agora as peculiaridades. Todos sabem do que irei falar, sim caro leitor, disso mesmo que está a pensar, a notícia que conseguiu competir nos telejornais com a campanha das presidenciais, ou seja, a atitude de Jesus no fim do jogo em Guimarães, em que tentou dissuadir a polícia a prender um adepto benfiquista. Acreditem que fosse o treinador que fosse, fosse de que clube fosse, eu diria o mesmo: a atitude foi manifestamente errada, mas empolar a situação ao ponto de falarem do autor da acção quase como um “serial killer” acho profundamente JesusPorradaabsurdo e exagerado. Jesus abusou nos gestos bruscos e na maneira como aborda e toca nos agentes policiais, sem dúvida alguma. No entanto, vejo a situação como uma atitude tomada a quente, sendo óbvio que a intenção de Jorge Jesus não era incitar ao desrespeito pela polícia, nem muito menos libertar um bandido para que este fosse cometer um crime hediondo. Como se comprova pelas imagens, os próprios jogadores mostraram cara de desagrado quando os polícias investiram sobre o adepto que foi buscar a camisola dentro de campo. Só que Jorge Jesus, com certeza ainda a quente, tomou uma decisão que não deveria ter tomado, ou seja, confrontar a polícia de uma maneira brusca e intempestiva, ao invés de tentar dissuadir os agentes através de uma acção calma, como já vimos em várias situações de ofertas de camisolas em todo o mundo. Errou e terá de ser castigado por isso, agora comparar esta situação a várias outras muito mais graves é pura hipocrisia.

Esta semana beneficiámos do empate do FC Porto com o Estoril e reduzimos a diferença para 3 pontos, ficando mais perto do topo. Um aparte: mas que raio de fenómeno terá acontecido para que o Gil Vicente e o Estoril, precisamente na jornada anterior aos respectivos jogos contra o FC Porto, tenham visto dois jogadores serem expulsos, impedindo-os de jogar contra os dragões? Mas adiante. O penálti marcado contra o FC Porto foi um autêntico absurdo. Paulo Fonseca tinha razões de queixa no lance do pénalti (noutros se calhar nem tanto, se se lembrar do Otamendi), mas as suas declarações após o jogo foram absolutamente ridículas, mostrando estar muito atento às declarações dos técnicos rivais e, imaginem, mostrando solidariedade com o Sporting, que quer ser muito mal recebido no Dragão. O bom do Paulo, à primeira adversidade, disparou logo na direcção da Luz, numa atitude desmedida. Como todos sabemos, e o comunicado que o Benfica emitiu vincou bem, há muita gente com a memória curta e sem olhos na cara.

Para a despedida, proponho exercício cómico-mental, uma charada. Vou escrever três expressões, leiam e tirem as conclusões: “eles andam aí”; “em Janeiro já está”; “a parte boa é que não tão doloroso como a época passada”. Em Janeiro solucionarei a charada.

Até daqui a quinze dias,

 

Saudações Benfiquistas.

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.