Fique descansado, leitor. O título da crónica não remete para um dos capítulos da deprimente saga de livros e filmes sobre vampiros que, com centenas de anos em cada perna, deambulam pelos colégios dos Estados Unidos à procura da pessoa certa para amar. Poupá-lo-ei a esse desgosto. Venho antes falar do eclipse que se abateu sobre alguns jogadores do F.C.Porto. Por outras palavras, interessa-me reflectir sobre a quebra de rendimento em relação à época transacta.
Aponto as baterias para quatro casos: Rolando, Varela, Belluschi e Cristian Rodriguez, embora o uruguaio se tenha eclipsado há mais tempo do que os outros três intervenientes.
Comecemos por analisar um dos indiscutíveis na defesa azul-e-branca e habitual convocado para a selecção portuguesa. Rolando não é um primor técnico, às vezes chego a pensar se ele tem tijolos no lugar dos pés. Mas isso não é razão suficiente para justificar os múltiplos erros que tem cometido. Aliás, a grande época que Helton fez na temporada passada encobriu, e de que maneira, as imensas falhas que o luso-cabo-verdiano teve. Ainda assim, as alternativas de que Vítor Pereira dispõe – Maicon e Mangala – não são as mais favoráveis, visto que um prima pela inconsistência e o outro pela inexperiência. Esperam-se melhores dias para um dos capitães do plantel.
O senhor que se segue é comummente apelidado de Drogba da Caparica. Depois de uma época de enorme fulgor, Varela está irreconhecível: lento, previsível, sem gasolina no tanque, não procura espaços para finalizar. Tudo aquilo que não foi durante dois anos. É uma autêntica nulidade quer seja titular ou substituto utilizado. A meu ver, passou de titular indiscutível para dispensado indiscutível.
O terceiro caso, aquele que para mim é o mais gritante, diz respeito a Belluschi. É caso para dizer: quem te viu e quem te vê! Apesar da utilização constante, o Samurai tem feito exibições paupérrimas, capazes de exortar o adepto mais pacífico a proferir uma dúzia de palavrões seguidos. É inacreditável a percentagem de passes falhados que o argentino tem a cada jogo que passa. E já nem falo na inoperância em termos de remates de fora da área. Pior do que ele, só mesmo Vítor Pereira, que insiste em deixá-lo em campo os noventa minutos, e a imprensa portuguesa, que teima em dar-lhe boas notas quando o seu desempenho roça o patético.
Por último, uma menção ao eclipse de maior duração: Cristian Rodriguez. É praticamente certo que o Cebola abandonará (em Janeiro ou no final da temporada) o F.C.Porto. E digo praticamente porque não é líquido. O uruguaio parece que renasceu para o futebol depois de duas temporadas escabrosas. Cristian provou que ainda tem ganas e talento que chegue para enobrecer a arte do futebol. A interrogação que se coloca é se ainda está a tempo prolongar este estado de graça no Estádio do Dragão. A ver vamos…
Janeiro ainda não chegou, mas o plantel do F.C.Porto, a julgar pelas palavras do timoneiro do plantel, vai sofrer alterações. Honestamente, não me chocaria que pelo menos três dos quatro jogadores aqui visados fossem rumar a outras paragens. Se juntarmos Sapunaru ou Fucile, Souza e Walter, então aí estaremos perante uma mini-revolução.
Aos leitores não-portistas do DomínioDeBola, um ano recheado de coisas boas; aos leitores portistas, um ano recheado de coisas boas e de títulos.
Nota 1 – Ano passado, precisamente no mercado de Inverno, o Benfica contratou o defesa-central Jardel à Olhanense no mesmo dia em que duas equipas se defrontaram. Este ano, André Almeida, emprestado à União de Leiria, regressa à casa-mãe e Benfica adquire o passe de Djaniny e direito de preferência por Rúben Brígido… atletas da União de Leiria. Conseguem adivinhar quem é o próximo adversário do Benfica na Liga ou precisam de mais pistas?
Nota 2 – Na Inglaterra, país que cada vez mais aprecio, não só pelo futebol, um jogador foi suspenso por oito jogos por ter tido um comportamento racista. Cá no burgo, nada se faz para apurar se os Javi Garcias da Liga têm ou não alguma simpatia pela ideologia nazi.
Nota 3 – Esta semana ficamos também a saber que, na Holanda, um adepto está proibido de ir ao futebol nos próximos 30 anos porque agrediu um guarda-redes enquanto decorria uma partida. Por cá, ainda anda à solta nos estádios um tal de Diabo de Gaia. Lembram-se?
Nota 4 – Parabéns, Pinto da Costa. Por tudo.