Ecletismo vs Amadorismo
Escrito por: Rui Fiel
O ecletismo leonino é sobejamente conhecido, quer nacional como internacionalmente, e tem surgido amiúde nas conversas desportivas que geralmente têm por base o Sporting Clube de Portugal.
Não me vou alongar muito sobre o tema propriamente dito, pois este já foi mais do que dissecado em praça pública, e por opinadores bem mais experimentados e catedráticos na matéria do que eu. Contudo, o ecletismo surge nesta crónica por ser, a meu ver, revelador do estado de espírito que invadiu muitos, senão quase todos, os adeptos e sócios sportinguistas que conheço.
Ainda antes de partir para a explicação, que me parece mais que plausível para o que supracitado mencionei, gostaria de aproveitar para enaltecer o facto de o meu clube ter participado recentemente na chamada Liga dos Campeões em Judo (5ª classificado) e por esta época poder voltar a ver o Sporting representado nas modalidades de Rugby (simbólica modalidade a que se deve a camisola listada horizontalmente) e Basquetebol Feminino, bem como o regresso do Hóquei em Patins à Primeira Divisão. Posto isto, julgo ser altura de explicar este meu título, centro de toda esta crónica.
Devo confessar que enqanto criança, as ditas “amadoras” nunca me disseram grande coisa. Foi apenas na minha adolescência que, em virtude do meu maior conhecimento do desporto e da realidade do meu clube, comecei a apreciar o que de bom se fazia no Sporting Clube de Portugal a este nível, levando a rivalidade com familiares e amigos para outro nível. Muito me apraz verificar que, após tantos anos, este tipo de rivalidade é cada vez maior entre os portugueses, fenómeno a que não será de todo alheio o aparecimento do Futsal, Futebol de Praia e para o desenvolvimento do Andebol e Voleibol em termos de seleção. Apesar de tudo isto, o ecletismo leonino, tem surgido agora como uma espécie de tábua de salvação em conversas de café entre os mesmos e os seus rvais. É normal que se chegue à conclusão de que o Sporting continua a ser ainda hoje, o CLUBE mais titulado no nosso país, mas seria imprudente, até mesmo falso, dizer que isso ajuda a carpir as nossas mágoas pelo amadorismo gritante que se vai vivendo no que ao futebol diz respeito, modalidade rainha no nosso Portugal e que no fundo, de uma maneira ou de outra, define a nossa cor clubistica, seja através de resultados desportivos ou ideais.
No final de contas, gostaria que me explicassem como é possível, num clube que já ganhou tanto num sem número de modalidades, que continua a ganhar e a inovar no que às amadoras diz respeito no nosso país, consegue constantemente deteriorar-se e quase que auto flagelar-se futebolisticamente?!?!? É-me dificil de perceber como é que o clube do Professor Atletismo, de António Livramento, Miguel Maia, Naide Gomes e tantos outros homens e mulheres, atletas ou treinadores, directores ou impulsionadores, que fizeram do seu suor sangue e lágrimas o seu incentivo e o seu vencimento, consegue entregar o destino do coração do clube, o futebol, a amadores, aprendizes de amadores e incompetentes como aqueles que à anos se pavoneiam pelos corredores de Alvalade em busca de fama e fortuna, sem qualquer tipo de glória!
Tudo isto para poder referir que a história do meu clube enquanto clube me engrandece como sócio, que me orgulha e que tem em mim um adepto confesso da manutenção deste ADN tipicamente sportinguista, alicerçado nas suas várias modalidades. Que me merecem uma vénia todos aqueles que trabalharam em prol do enorme palmarés do Sporting , mas que me sinto defraudado, enganado e simplesmente farto, de ver tanta incompetência no que à “minha” modalidade predilecta diz respeito… O futebol… O Sporting deixou de ser meu, para passar a ser dos bancos, por vezes de empresários e muitas vezes de pavões burgueses, que pouco ou nada percebem de bola e que usam o clube, que vai descendo a Avenida em passo acelerado até às ruas da amargura, em proveito próprio esquecendo-se do que realmente interessa, GANHAR!
Peço desculpa pela enorme dissertação!
Saudações Leoninas