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Escrito por: Duarte Pernes

 

Faz hoje uma semana que o Cláudio Moreira, meu correligionário clubístico do Domínio de Bola, se interrogava sobre qual seria a reacção geral caso viessem do Futebol Clube do Porto e de Pinto da Costa as declarações que o presidente do Sporting proferiu. Sete dias volvidos, o futebol português conheceu um fim-de-semana atribulado e, novamente, vale a pena especular sobre o que teria sucedido caso os dantescos episódios tivessem como protagonistas figuras ligadas ao dragão.

Se fosse o treinador do FC Porto a agredir repetidamente um agente da autoridade, todas as vozes que pululam por determinados media exprimiriam uma enorme indignação e não hesitariam em recriminar a gravidade de tal acto. Mais do que isso, provavelmente a Comissão Disciplinar da Liga – caso tivesse ainda Ricardo Costa como presidente – suspenderia preventivamente o técnico dos dragões (que é o Paulo Fonseca, mas que podia ser outro qualquer) antes de, claro, lhe aplicar um castigo pesado, que decerto não se ficaria por uma pena a cumprir durante os jogos da selecção nacional. Mas não, isto não foi com o FC Porto e, por isso, os delegados ao jogo não viram nada e a “caverna mediática” já tratou de iniciar uma campanha para transformar o agressor num herói.     

Se fosse um dirigente do FC Porto, ou cuja afeição clubista fosse azul e branca, a provocar num qualquer recinto desportivo da cidade do Porto os administradores de uma SAD de um clube de Lisboa, estaríamos perante mais um caso inqualificável e inaudito. Enfim, seria “um episódio próprio de quem não tem princípios”. Era a “barbárie do Norte” no seu esplendor, aliada ao “provincianismo” característico de quem está demasiado longe da gloriosa capital do império e não reconhece às instituições que nela habitam o direito divino de alcançar o êxito. Só que, mais uma vez, isto não começou no FC Porto nem por acção de alguém ligado ao clube, pelo que a figura em questão – um lobo com penas de águia, que havia já deixado bem patentes os seus níveis de intelecto nas redes sociais – terá possivelmente um futuro risonho no dirigismo desportivo português.

Se fosse o FC Porto a beneficiar, num mesmo jogo, de um penalty resultante de uma infracção cometida uns dois metros fora da grande área e de um golo em fora de jogo, tínhamos meses e meses dedicados às teorias da conspiração. Assim, o árbitro que cometeu tal proeza terá desde já à sua espera altos voos, que culminarão provavelmente com uma ascensão à categoria de internacional.

Se estas, e muitas outras coisas, fossem no FC Porto…



Nota: É de saudar o comunicado do Jornal de Notícias em resposta aos dislates encarnados. Sobretudo em alturas de crise, é sempre bom registar que ainda há na imprensa quem resista aos lobbies instalados e, tão importante quanto isso, lhes saiba responder à altura.


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