Escrito por: Duarte Pernes
Reencontrar o caminho das vitórias, após uma série de empates apenas intervalada pela goleada ao Bate Borisov, era o que imperava para os interesses do FC Porto. Isto foi conseguido, mas com reticências claras em relação a uma visão plenamente optimista para o futuro próximo. É certo que o Braga fez um bom jogo, é certo que Sérgio Conceição tem um plantel interessante e com alguns bons valores, mas ainda assim a prestação azul e branca esteve longe de ser convincente.
Defensivamente, os dragões estiveram algo periclitantes do princípio ao fim. É justo, em abono da verdade, que se diga que se houve algo de positivo a atribuir a este Porto de Lopetegui desde início foi a competência no processo defensivo. Contudo, no passado domingo, a equipa esteve quase ao nível do ano transato neste capítulo. O colectivo estava partido, a falta de conexão entre a defesa e o meio-campo foi evidente. Evandro e, principalmente, Rúben Neves entraram bem e ajudaram a estancar um pouco as iniciativas do adversário, mas até lá o conjunto portista esteve bastante permeável e a perder invariavelmente os duelos físicos com os jogadores arsenalistas (quase todos bem possantes, por sinal). Até por este último aspecto se notou, e muito, a falta de Casemiro.
Do ponto de vista ofensivo, voltaram a cometer-se os pecados originais: falta de objectividade na procura da baliza e falhas constantes no último passe. E neste ponto da finalização, ou da falta dela, uma coisa há que não deixa de ser assinalável: os azuis brancos têm, até ao presente momento, menos golos marcados do que conjuntos como o Guimarães, o Rio Ave ou o Marítimo no campeonato. Numa liga como a portuguesa – em cujas equipas estão, na sua maioria, a léguas de poder ombrear com os futebolistas como aqueles de que dispõe Julen Lopetegui – isto é preocupante. Então se forem tidas em linha de conta as opções atacantes dos dragões, tal facto torna-se num caso a reflectir muito a sério pelo treinador. O FCP não tem a obrigação de ganhar por cinco ou mais golos de diferença todas as jornadas, mas o calibre dos seus oponentes é, quase sempre, tão baixinho que obriga a exibições que garantam vitórias tranquilas, em casa ou fora dela.
Relativamente a destaques individuais, pela positiva há a salientar os nomes de Quintero (diamante em estado bruto que aparenta, finalmente, estar a ser bem lapidado), Danilo (um dragão de ouro do mais fino quilate) e Tello (o verdadeiro extremo); pela negativa Herrera, Marcano e Brahimi. Já Lopetegui esteve muitíssimo bem nas alterações que efectuou, mas falhou outra vez na forma como abordou a entrada no desafio. Este Porto, à imagem do seu treinador, é muito mais reactivo do que proactivo.
Com nada isto pretendo condenar o técnico espanhol, que foi decisivo para a construção do belíssimo plantel que mora na Invicta e que, além disso, não revela problemas na gestão do balneário e na leitura de jogo. No entanto, o próprio Lopetegui reconhecerá que, mesmo nesta altura, é preciso mais. Só o tempo poderá concorrer para que um grupo com mais de quinze unidades novas ganhe as rotinas e os automatismos pretendidos, mas a abordagem inicial aos jogos urge mudar.
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