Escrito por: Cláudio Moreira
Poucas dúvidas subsistem sobre qual será o saldo do FC Porto em termos de títulos no que respeita à época actual. Nas provas a eliminar, Sporting, Marítimo e Bayern de Munique impediram a equipa de ir mais longe e na prova de longevidade, o campeonato, só uma calamidade consagrará o FC Porto como campeão; ou então a remota hipótese de o Benfica sentir na pele, nos últimos jogos, arbitragens que o prejudiquem da mesma forma que o beneficiaram quando o rendimento dos seus jogadores claudicava.
Em todo o caso, parece líquido que esta temporada será de seca, uma raridade para adeptos sub-30, como é o meu caso. Não estou agradado, claramente, como nenhum adepto estará – com a agravante de no ano passado ter sido conquistada apenas a Supertaça –, mas também não é motivo para soar os alarmes. Já li pessoas a pedir a cabeça do treinador actual, como se resolvesse alguma coisa, mas não só. Também Antero Henrique e Pinto da Costa são tidos como dispensáveis, ignorando-se o facto de terem sido os obreiros principais das alegrias da última década. Mais do que nunca é preciso ponderação nas decisões, sem cair na tentação de revanchismos que apenas servem de combustível numa floresta que já está a arder.
Da mesma forma que é desaconselhável enveredar por um caminho de revolta interna, não se pode também perder de vista a exigência e o compromisso com a vitória que marcam o clube há mais de 30 anos.
Por isso, é fulcral que o projecto encabeçado por Lopetegui comece a produzir resultados para além dos morais. Já sabemos que neste ano zero tivemos uma filosofia de jogo criada (boa ou má, tê-mo-la), sabemos que os nossos jovens estão a ser olhados com outros olhos, o nosso técnico está mais ambientado ao país e conhece melhor a cultura que cada equipa emana (ai, ai, Madeira…), além de que se prepara muito bem na antevisão e rescaldo dos duelos – só é pena que dê o peito às balas sem que seja devidamente secundado pela estrutura.
Ora, estes foram alguns dos sinais positivos que pudemos recolher ao longo da época. O que nos dá alguma segurança para encarar o futuro próximo. No entanto, a tolerância para Lopetegui e seus comandados será drasticamente reduzida, pois o FC Porto não pode ficar três anos consecutivos a ver passar navios. As vitórias morais massajam o ego, sim, senhor, mas são os troféus quem nos confere a identidade que hoje ostentamos. Foram eles que nos transformaram num clube respeitado e admirado no Mundo depois de muitos anos como sendo simplesmente uma simpática agremiação do Norte de Portugal.
É necessário, por isso, voltarmos a cerrar os dentes e mostrar em campo quem é o melhor clube do país. É preciso resgatar a determinação que outros ousaram construir em prol do clube. Está na hora de os adeptos serem recompensados pela sua inabalável paixão. Urge sermos melhor que todos os outros, por mais que ventos e marés amparem navios alheios. É tempo de voltarmos a ser temidos!
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