Escrito por: Bruno Pinho
Este fim-de-semana assistiu-se a um dos melhores derbies que o futebol português já proporcionou. Não faltou nada: um jogo repleto de emoção até ao fim, com bom futebol, bom ritmo de jogo, um ambiente fantástico nas bancadas, não faltou contestação e a decisão do resultado final foi conseguida através de um golo caricato. Isto é futebol, isto é a Taça de Portugal! Com 7 golos em 120 minutos, os adeptos, quer em casa ou no estádio, assistiram a um jogo bastante equilibrado com os jogadores a dar o máximo, completamente focadas no ataque, numa partida vencida pela equipa mais eficaz e pragmática.
O Benfica apresentou-se como expectável, com um meio-campo reforçado com a inclusão de Ruben Amorim, tal como tinha acontecido em Atenas. A surpresa no onze inicial foi mesmo Cardozo, depois da especulação durante a semana em relação à sua disponibilidade física, e após os minutos iniciais da partida, onde o Sporting demonstrou vontade de dominar, o Benfica tranquilizou e acabou por assumir o controlo do jogo durante a primeira parte, graças à frieza e ao instinto do paraguaio na abordagem à baliza adversária. O Benfica partia para a segunda parte com uma vantagem de 2 golos, à partida, confortável, possibilitando que o clube da casa pudesse gerir o resultado na segunda parte do encontro.
A segunda parte começou com o domínio dos encarnados, mas o Benfica demonstrou novamente as suas fragilidades em lances de bola parada, permitindo ao Sporting reduzir a desvantagem e crescer no jogo. Após o lance do 3-2, Leonardo Jardim não teve medo de arriscar, o Sporting galvanizou-se e chegou mesmo ao empate no período de descontos. Após os minutos finais electrizantes, tudo faria prever que o Benfica iria ser dominado no prolongamento, mas Jorge Jesus, ao lançar Lima em jogo, fez crescer a equipa novamente e o ataque ganhou mais movimento. Depois do desaire no final da segunda parte, o Benfica não podia ter reagido da melhor forma: chegou ao golo da vitória (podia até ter ampliado a vantagem) através de um lance revestido de alguma felicidade, é certo, mas o prolongamento veio demonstrar uma equipa com grande entrega, ambição e maturidade.
Apesar de o Benfica não ter controlado o jogo como devia, principalmente na segunda parte, devo referir que, como adepto, fiquei satisfeito com a exibição, uma vez que consegui reconhecer a equipa aguerrida do ano passado. O caminho para alcançar o sucesso no final da temporada é longo, mas penso que é fundamental manter a postura que se verificou no derby até ao final da época.
Nota 1: Muito recentemente, devido aos acontecimentos no final da última edição da Taça de Portugal, era quase certa a saída de Óscar Cardozo do Benfica. Em boa hora, o “Imperdoável” (e os leões que o digam) permaneceu no plantel, assumindo se como a figura de destaque da nova época. Reconheço que fui contra a sua permanência na equipa encarnada, mas neste momento é mais do que evidente a nossa dependência no tipo de soluções que o paraguaio apresenta. No passado fim-de-semana, fez um hat-trick, sendo a figura do jogo, e só contra o Sporting já conta com 12 golos apontados!
Nota 2: Mais uma vez a defesa do Benfica foi extremamente permeável nos lances de bola parada. Está na hora de alterar a marcação à zona imposta por Jorge Jesus. Tal como o mesmo indica, se o Benfica é um caso de estudo neste tipo de lances, há que reformular o método. É inadmissível nesta fase da época continuar a cometer os mesmos erros.
Nota 3: Bruno de Carvalho indicou no passado fim de semana que os erros da arbitragem são « (…) um forte revés para quem acredita em fadas». Para além de nos deslumbrar com mais uma pérola, o presidente do Sporting esqueceu se de mencionar que estes “erros” já favoreceram a sua equipa num passado muito recente, principalmente no que diz respeito a lances em fora de jogo envolvendo o avançado Montero. De qualquer modo, assumo que o Sporting foi mais prejudicada no derby, no entanto, não demonstrou ser a melhor equipa ao longo do jogo.
Os anti-túneis
E n’ “Os anti-túneis” desta semana:
A indignação do F.C do Porto. O clube nortenho insurgiu-se em comunicado contra a utilização de fundos públicos por parte da Câmara Municipal de Lisboa para a construção da estátua de Cosme Damião, fundador do Sport Lisboa e Benfica. Todos nós estamos sensibilizados com a crise económica que o país atravessa e folgo em saber que o clube de Pinto da Costa também está, especialmente depois de ter a concessão, durante as próximas décadas, do centro de estágio de Olival-Crestuma (infra-estrutura que custou milhões ao município de Gaia) por uma quantia simbólica de 500 euros por mês. Um espaço que é exclusivamente utilizado pelos “dragões”, desde a sua inauguração. Decerto que Pinto da Costa quererá a sua própria estátua na cidade do Porto, mas não existem motivos para alarme, o mais importante é a sua memória, e todos iremos conhecer durante muitos anos os atributos do “presidente” na escolha de destinos turísticos, de fruta e de café, bem como os seus magníficos conselhos matrimoniais.
Saudações Desportivas!