Escrito por: Cláudio Moreira
1. Primeiro jogo do FCPorto sem o seu jogador mais influente dos últimos anos e primeira vitória. O teste não era muito exigente, claro, mas o Porto está mais do que avisado para os Artmedias e Apoels de Nicósia da Liga dos Campeões. Por isso, os jogadores de Vítor Pereira souberam debelar a contrariedade provocada pela saída do super-herói que, a avaliar pela aventura russa, deve estar a limpar as lágrimas provocadas pelas duas derrotas já consumadas pelo Zenit aos inúmeros rublos da sua conta bancária.
Mais importante do que essa superação psicológica, foram os três pontos conquistados num terreno do qual poderiam advir alguns problemas. O Dínamo de Zagreb criou perigo um par de vezes, mas o maior entrave dos portistas foi Jackson Martinez e a sua letargia. Aquele lance em que tem a baliza escancarada e falha o golo é inadmissível. Tirou-me anos de vida. Espero que daqui em diante este comportamento seja revisto e aquele momento de paragem não volte a acontecer, sobretudo em jogos com o grau de importância que uma Liga dos Campeões exige.
Assim sendo, com esta vitória fora de portas, o FCPorto tem todas as condições para fazer o pleno nas 3 primeiras jornadas europeias, dado que joga no Dragão as duas próximas partidas; apesar do conjunto de estrelas que compõe o PSG, o FCPorto actual tem mais do que qualidade para se superiorizar. O mesmo se aplica para o Dínamo de Kiev, equipa sempre matreira e que há uns anos pregou uma partida em pleno Dragão. Posto isto, ficaria extremamente desiludido se o meu clube não passasse para a próxima fase da liga milionária. Mesmo sem Hulk, bem entenda-se.
Nota ainda para a tremenda atitude de Lucho Gonzalez. Que abnegação, que profissionalismo, que espírito de liderança! Grande lição que o argentino deu. É desta massa que um jogador à Porto é feito e homens como Lucho fazem falta em todo e qualquer clube. Depois das várias demonstrações de amor ao clube, é imperativo que acabe a carreira no clube que lhe abriu as portas da Europa e que prossiga no FCPorto num qualquer cargo directivo. Quem ama assim um clube não pode ser esquecido quando pendurar as botas.
2. Fui uma das poucas dezenas de pessoas que se deslocaram ao estádio Jorge Sampaio, em Pedroso, para assistir ao jogo da equipa secundária do FCPorto B frente ao histórico Belenenses. Antes de tecer algumas considerações sobre este jogo e o percurso desta equipa na etapa inicial da Liga de Honra, há duas situações que me deixaram boquiaberto: i) quem foi a mente brilhante que decidiu agendar um jogo com potencial para ter largas centenas de adeptos nas bancadas a uma quarta-feira, pelas 17h30? Se acham que operar desta forma potencia e credibiliza este campeonato, enfim…; ii) tal como no Estádio do Dragão, notou-se uma total falta de profissionalismo na aquisição de bilhetes. Com cerca de dez pessoas à minha frente na fila, demorei mais de 20 minutos até comprar o meu ingresso para o jogo. Pudera, só com uma pessoa a atender, era difícil fazer melhor. Urge agilizar este tipo de processos, pois já não é a primeira vez que o sistema de compra de bilhetes é moroso para com os seus associados.
Porém, não foram somente as matérias de índole logística que me deixaram petrificado. Se as duas questões que levantei já me tinham deixado com um amargo de boca, bem, os 90 minutos do FCPorto B deixaram-me completamente aziado. E nem o Chipicao que comi no intervalo ajudou a digerir tamanha pasmaceira futebolística. Do primeiro ao último minuto, não se vislumbrou um lampejo de talento, uma jogada com princípio, meio e fim, um processo táctico assimilado, nada! Foi um vazio de ideias, digno do Benfica de Quique Flores, capaz de fazer adormecer o adepto mais fervoroso.
Ao cabo de seis jornadas, os comandados de Rui Gomes estão na corda-bamba com os mesmos pontos da primeira equipa inserida na zona de despromoção. Do que vi até agora, não vejo grande potencial para dar a volta a esta situação e arrepiar caminho. A partir deste cenário, podem ser colocadas várias questões: uma equipa B deve nortear os seus objectivos fundamentais para a conquista de pontos e para a melhor classificação possível?; com estes resultados, é legítimo operar-se uma mudança na equipa técnica?; o projecto liderado por Rui Gomes deve continuar até ao final do campeonato independentemente dos maus resultados que se possam acumular? O foco deste tipo de equipas não deve ser o de fomentar a qualidade em atletas jovens para que possam, a breve trecho, ingressar no plantel principal? São interrogações que daqui a algum tempo merecerão resposta da minha parte, assim como uma análise mais profunda, uma vez que pretendo voltar a este tema volvidas umas quantas jornadas. Quaisquer que sejam as análises vindouras, de uma coisa tenho a certeza: as coisas não podem continuar neste ritmo.
Nota 1: Depois das jantaradas de apoio a Fernando Gomes, Benfica e Sporting já usufruíram das qualidades diplomáticas do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, nomeadamente no caso Luisão e na questão do bloqueio das verbas por parte da UEFA. Estamos atentos…
Nota 2: Peço a todos os benfiquistas para dêem uma olhadela à mais recente capa do jornal O Benfica. A meu ver, e compreendo que não perfilhem da minha perspectiva, a actual direcção encarnada assume de uma vez por todas o contentamento pela mediocridade.
Nota 3: Exceptuando os 5-0 aos carpinteiros do Orsens, nos restantes 5 jogos oficiais, o Sporting empatou 4, perdeu 1, marcou 2 golos e sofreu 3. Era o que faltava se o comum dos mortais não achasse o clube leonino “muito forte” ou “muito, muito bom”…
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