Ainda abalado com tudo o que se passou com a arbitragem no último fim de semana da liga, decidi, na presente crónica, refletir sobre um problema emergente no futebol português, a profissionalização dos árbitros. Já desde os tempos da campanha eleitoral do Sr. Hermínio Loureiro, aquando da sua candidatura à presidência da liga, a profissionalização foi uma das maiores bandeiras do seu programa eleitoral. No entanto, e apesar de todo o entusiasmo, nada foi feito, e só esta época parece que algumas medidas e um programa piloto começam a ser trabalhados e prometem já tornar-se uma realidade em 2012.
Diversos países, como a Inglaterra, já possuem nas suas fileiras árbitros profissionais. O resultado é o que todos vemos ao fim-de-semana na Sport.tv. Um jogo muito mais fluido, com menos erros, jogadores que respeitam o senhor do apito e mais preocupados em jogar à bola do que esbracejar. Por conseguinte, poder-se-ia pensar que este modelo de arbitragem é o responsável por tudo o que referi em cima. Na minha opinião, é mentira. Em Inglaterra, respira-se futebol em todos as ruas e avenidas, a paixão do próprio país, dos seus habitantes, dos seus treinadores e atletas pelo futebol é algo único no mundo. E esta paixão, como base aliada à profissionalização, é que faz com que tudo funcione. Em Portugal, infelizmente, tudo é diferente.
Aqui em terras lusas, não existem verdadeiramente árbitros profissionais. Já tentaram a implementação de programas pilotos em 2009/2010, tudo executado à pressa e nada funcionou. Todos continuaram amadores. Agora é indispensável, após eleição de novos órgãos para a comissão de arbitragem, que os árbitros sejam profissionais.
Vejamos o exemplo, uma equipa de arbitragem apita um jogo em Lisboa num domingo, este devido a falta condições de segurança, é adiado para segunda feira. Dois dos elementos da equipa destacada não poderão apitar, pois segunda têm de se apresentar no seu local de trabalho “profissional“. E agora? O jogo não se realiza? Destacam-se outros árbitros de inferior qualidade e menos preparados para a realidade do jogo? Apesar de moldes diferentes esta situação já aconteceu…
A necessidade da profissionalização, para além de uma maior disponibilidade, advém também da equiparação do árbitro a um atleta de alto rendimento. Se um atleta tem direito a uma semana de preparação para um jogo porque que o árbitro não a tem? A profissionalização, permitiria responder à necessidade de criar condições que consentiriam a adequada formação e preparação de um árbitro bem como, a prazo, melhorar a prestação dos juízes com vista a melhoria da competição. Num palco onde todos são profissionais, os árbitros não devem ser amadores!
É importante alertar que este tipo de medidas não irá terminar com erros durantes as partidas. Assim como um jogador profissional erra tantas vezes de baliza aberta e um treinador profissional se equivoca tantas vezes na abordagem tática e substituições, o árbitro também irá errar. O estabelecimento dos árbitros como profissionais visa a diminuição do erro, uma melhor preparação e ainda fazer com que sejam cada vez menos decisivos no decorrer das partidas, não esquecendo também a diminuição das supostas influências “externas” ou, pelo menos, assim espero…
Concluindo, penso que (à boa maneira futebolística) a profissionalização é um passo obrigatório no futebol português. Nem eu, nem ninguém, garante que esta seja a solução final, mas é, sem dúvida, um passo no caminho certo. No caminho árduo e tortuoso que é a aperfeiçoamento da arbitragem em Portugal.
Nota 1: Parabéns à seleção de Futsal Portuguesa a disputar o Euro em Zagreb. Ganhou o primeiro jogo ao Brasil B desculpem, Azerbeijão, e ainda com nota artística de Ricardinho.
Nota 2: Um voto de pesar por tudo o que se passou no Egipto. Vergonhoso e inacreditável. O Sr. Manuel José com o seu adjunto Pedro Barny, que voltem para bem da sua segurança e, com certeza, conseguirão um lugar numa equipa de primeira liga.