Escrito por: Duarte Pernes
A época de 2011/2012 foi pródiga em diversas análises e opiniões em torno do futebol azul e branco, quase sempre monótono, aborrecido e inconstante. Todas elas foram convergentes no sentido de apontar a falta de um ponta de lança produtivo como um dos grandes males da equipa. Sendo esta uma verdade lapalissiana, atribuir à não presença de um goleador a causa única de um ano que podia e devia ter corrido muitíssimo melhor – especialmente além-fronteiras –, é algo de extremamente redutor, sobretudo quando no plantel havia Hulk, melhor marcador do campeonato de 2011. No entanto, apraz-me registar que esta foi uma das muitas falhas colmatadas para esta temporada.
Jackson Martinez chegou, viu e convenceu. Não precisou de muito tempo de adaptação para pegar de estaca na equipa titular (o que atendendo à qualidade da concorrência directa até nem seria nada de imprevisível, mas adiante) e fundamentalmente para começar a justificar em campo os cerca de nove milhões de euros pagos pela SAD do FC Porto ao seu anterior clube. Oito jogos, oito golos (isto só para a Liga) foi a proeza que o novo reforço para o ataque azul e branco já conseguiu e que, ao cabo de quatro meses, permite-nos a nós, portistas, respirarmos de alívio e dizermos orgulhosamente: acertamos em cheio!
Além dos golos que marca, o Cha Cha Cha não reduz o seu raio de acção à grande área e a jogadas propícias à finalização. A mobilidade de Jackson torna-o num jogador fundamental em todas as manobras da equipa: ofensivamente por que garante golos e possui uma técnica fora do comum, combinando bem com James e Varela; defensivamente, já que é dotado de uma compleição física assinalável, que lhe permite “congelar” a bola lá na frente e arrastar atrás de si as defesas adversárias.
A antítese do actual número nove dos bicampeões parece ser decididamente Kléber. Lembro-me de José Mourinho afirmar há alguns anos que, quando chegou ao FC Porto, em 2002, se deparou com um grupo de jogadores irremediavelmente acomodados. Jogavam num grande clube europeu, auferiam um excelente salário, viviam numa bela cidade e a partir daí pouco lhes importava se eram titulares ou suplentes e se o seu rendimento era alto ou baixo. Kléber enquadra-se perfeitamente neste lote. Não parece fazer nada para alterar o seu estatuto de “reserva”, vive conformado com o banco de suplentes e, quando joga, não demonstra a menor evolução, está sempre onde a bola não está.
Por seu turno, Jackson conquistou os adeptos, dá a ideia de que melhora de jogo para jogo, os problemas de recepção de bola que deixou transparecer nos primeiros encontros, parece ser parte do passado. Poderá ainda evoluir mais? Talvez possa, mas se daqui a uns meses ou um ano se mantiver igual ao que lhe conhecemos hoje, ficarei muitíssimo satisfeito e os tubarões europeus não deixarão, decerto, de fazer nova investida para os lados do Dragão (as contas do clube agradecem).
Em suma, o FC Porto tem em Jackson uma clara solução e em Kléber um delicado problema. Um problema que só parece resolúvel com a chegada de outro jogador para o ataque que possa servir de substituto a um (mais um!) matador colombiano, até agora, insubstituível.
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