Apesar de tudo, haja justiça!
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Escrito por: Duarte Pernes
Passaram-se três meses desde o início da Liga. Consequentemente, é possível também que se estabeleçam as primeiras impressões de um campeonato que, como é já habitual, prima por um desequilíbrio gritante entre as duas/três equipas que, como lhes é tradicional, disputam o primeiro lugar e aquelas que se debatem com ambições mais modestas. Em particular, importará olhar ao que tem feito o FC Porto – que é o que é relevante para os artigos que assino neste espaço – até ao presente momento na prova mais importante no campeonato nacional.
Já aqui, por mais do que uma ocasião até, fui algo crítico de algumas prestações dos pupilos de Lopetegui, bem como de algumas decisões deste último. Do que nunca tive dúvidas é que os dragões dispõem do melhor grupo de jogadores em Portugal. Para além disso, continuo a considerar inatacável o profissionalismo e o empenho dos futebolistas do Porto, tal como o estilo de liderança do seu treinador. Naquilo em que o conjunto portista tem, de facto, pecado é numa excessiva mudança do seu sistema táctico e numa – e aparentemente pouco profícua – rotação de jogadores que tem ocorrido quase de jogo para jogo.
Ainda assim, não fossem os erros de arbitragem sucessivos em desfavor dos azuis e brancos, e a favorecer o seu mais directo rival, e as falhas (que eu não nego) evidenciadas pelo FC Porto seriam, porventura, olhadas de uma outra forma. Sobretudo, seriam vistas, na óptica portista, no conforto do primeiro lugar da tabela classificativa, o que é sempre diferente de estar na segunda posição, mesmo que a um ponto do líder.
Escrito desta forma, até pode soar a algo superficial ou a conversa simplista de adepto, mas os factos estão aí, são de fácil análise e suficientemente conclusivos: só em Guimarães foram dois penaltys não assinalados e um golo mal invalidado; na jornada seguinte, frente ao Boavista, foram perdoadas duas expulsões a jogadores axadrezados, a juntar ao vermelho exibido a Maicon, que foi justo, mas que não corresponde a um critério uniforme, designadamente (lá está) por comparação a encontros disputados pelo actual primeiro classificado (é só atentar, por exemplo, nas entradas brutais de Enzo Pérez e Samaris nos desafios com Moreirense e Arouca respectivamente); em Alvalade, para fechar em beleza, Olegário Benquerença fechou os olhos a uma mão na área de Maurício, que poderia dar o 1-2 para os dragões já perto do fim.
Portanto, só nestas três jornadas consecutivas foram perdidos seis pontos, por demérito próprio e por culpas que são alheias a futebolistas e equipa técnica. É pena, é genuinamente pena que não tenha sido apenas pelo primeiro factor. Assim esta tendência termine porque, a avaliar pela amostra (e ainda que esta também não seja entusiasmante e esteja longe de ser definitiva), os adeptos do Porto têm razões mais do que suficientes para acreditar no título.